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Plinio Corrêa de Oliveira Revolução e Contra-Revolução IntraText CT - Texto |
B. Declínio do poder de liderança revolucionária
À diminuição do poder persuasivo direto do credo vermelho sobre as multidões, que o recurso a esses meios oblíquos, lentos e trabalhosos denota, junta-se um correlato “declínio no poder de liderança revolucionária do comunismo”.
Examinemos como se manifestam esses fenômenos correlatos e quais os frutos deles.
a. Ódio, luta de classes, Revolução
Essencialmente, o movimento comunista é e se considera uma revolução nascida do ódio de classes. A violência é o método mais coerente com ela. É o método direto e fulminante, do qual os mentores do comunismo esperavam, com o mínimo de riscos de fracasso, o máximo de resultados, no mínimo de tempo.
O pressuposto deste método é a capacidade de liderança dos vários PCs, pela qual lhes era dado criar descontentamentos, transformar estes descontentamentos em ódios, articular estes ódios numa imensa conjuração, e levar assim a cabo, com a força "atômica" do ímpeto desses ódios, a demolição da ordem atual e a implantação do comunismo.
b. Declínio da liderança do ódio, e do uso da violência
Ora, também esta liderança do ódio vai escapando das mãos dos comunistas.
Não nos alongamos aqui na explicação das complexas causas do fato. Limitamo-nos a notar que, no transcurso destes vinte anos, a violência foi dando aos comunistas vantagens cada vez menores. Para prová-lo, basta lembrar o malogro invariável das guerrilhas e do terrorismo disseminados pela América Latina.
É bem verdade que, na África, a violência vem arrastando quase todo o continente em direção ao comunismo. Mas esse fato muito pouco diz a respeito das tendências da opinião pública no resto do mundo. Pois o primitivismo da maior parte das populações aborígines daquele continente as coloca em condições peculiares e inconfundíveis. E a violência ali não tem obtido adeptos por motivações principalmente ideológicas, mas também por ressentimentos anticolonialistas, dos quais a propaganda comunista soube valer-se com sua costumeira astúcia.
c. Fruto e prova desse declínio: a III Revolução se metamorfoseia em revolução risonha
A prova mais clara de que a “III Revolução” vem perdendo nos últimos vinte ou trinta anos sua capacidade de criar e liderar o ódio revolucionário é a metamorfose que ela se impôs.
Quando do degelo pós-stalianiano com o Ocidente, a “III Revolução” afivelou uma sorridente máscara, de polêmica se tornou dialogante, simulou estar mudando de mentalidade e de atitude, e se abriu para toda espécie de colaborações com os adversários que antes tentava esmagar pela violência.
Na esfera internacional, a Revolução passou assim, sucessivamente, da guerra fria para a coexistência pacífica, depois para a "queda das barreiras ideológicas", e por fim para a franca colaboração com as potências capitalistas, rotulada, no linguajar publicitário, de “Ostpolitik” ou de “détente”.
Na esfera interna dos vários países do Ocidente, a “"politique de la main tendue"“, que fora, na era de Stalin, um mero artifício para embair pequenas minorias católicas esquerdistas, transformou-se numa verdadeira “détente” entre comunistas e pró-capitalistas, meio ideal usado pelos vermelhos para entabular relações cordiais e aproximações dolosas com todos os seus adversários, quer pertençam estes à esfera espiritual, quer à temporal. Veio daí uma série de táticas "amistosas", como a dos companheiros de viagem, a do eurocomunismo legalista, afável e prevenido em relação a Moscou, a do compromisso histórico, etc.
Como já dissemos, todos estes estratagemas apresentam, hoje em dia, vantagens para a “III Revolução”. Mas estas são lentas, graduais, e subordinadas, em sua frutificação, a mil fatores variáveis.
No auge de seu poder, a “III Revolução” deixou de ameaçar e agredir, e passou a sorrir e pedir. Ela deixou de avançar em cadência militar e usando botas de cossaco, para progredir lentamente, com passo discreto. Ela abandonou o caminho reto -- sempre o mais curto -- e escolheu um ziguezague no decurso do qual não faltam incertezas.
-- Que imensa transformação em vinte anos!