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Plinio Corrêa de Oliveira Revolução e Contra-Revolução IntraText CT - Texto |
A. Revolucionários de pequena velocidade e "semi-contra-revolucionários"
O que distingue o revolucionário que seguiu o ritmo da marcha rápida, de quem se vai paulatinamente tornando tal segundo o ritmo da marcha lenta, está em que, quando o processo revolucionário teve início no primeiro, encontrou resistências nulas, ou quase nulas. A virtude e a verdade viviam nessa alma de uma vida de superfície. Eram como madeira seca, que qualquer fagulha pode incendiar. Pelo contrário, quando esse processo se opera lentamente, é porque a fagulha da Revolução encontrou, ao menos em parte, lenha verde. Em outros termos, encontrou muita verdade ou muita virtude que se mantêm infensas à ação do espírito revolucionário. Uma alma em tal situação fica bipartida, e vive de dois princípios opostos, o da Revolução e o da Ordem.
Da coexistência desses dois princípios, podem surgir situações bem diversas:
* a. “O revolucionário de pequena velocidade”: ele se deixa arrastar pela Revolução, à qual opõe apenas a resistência da inércia.
* b. “O revolucionário de velocidade lenta, mas com "coágulos" contra-revolucionários”. Também ele se deixa arrastar pela Revolução. Mas em algum ponto concreto recusa-a. Assim, por exemplo, será socialista em tudo, mas conservará o gosto das maneiras aristocráticas. Conforme o caso, ele chegará até mesmo a atacar a vulgaridade socialista. Trata-se de uma resistência, sem dúvida. Mas resistência em ponto de pormenor, que não remonta aos princípios, toda feita de hábitos e impressões. Resistência por isto mesmo sem maior alcance, que morrerá com o indivíduo, e que, se se der num grupo social, cedo ou tarde, pela violência ou pela persuasão, em uma geração ou algumas, a Revolução em seu curso inexorável desmantelará.
* c. “O "semi-contra-revolucionário"“ (cfr. Parte I, cap. IX): diferencia-se do anterior apenas pelo fato de que nele o processo de "coagulação" foi mais enérgico, e remontou até a zona dos princípios básicos. De alguns princípios, já se vê, e não de todos. Nele a reação contra a Revolução é mais pertinaz, mais viva. Constitui um obstáculo que não é só de inercia. Sua conversão a uma posição inteiramente contra-revolucionária é mais fácil, pelo menos em tese. Um excesso qualquer da Revolução pode determinar nele uma transformação cabal, uma cristalização de todas as tendências boas, numa atitude de firmeza inabalável. Enquanto esta feliz transformação não se der, o "semi-contra-revolucionário" não pode ser considerado um soldado da Contra-Revolução.
É característica do conformismo do revolucionário de marcha lenta, e do "semi-contra-revolucionário", a facilidade com que ambos aceitam as conquistas da Revolução. Afirmando a tese da união da Igreja e do Estado, por exemplo, vivem displicentemente no regime da hipótese, isto é, da separação, sem tentar qualquer esforço sério para que se torne possível restaurar algum dia em condições convenientes a união.