6. É, por
conseguinte, contrária à fé da Igreja a tese que defende o carácter limitado,
incompleto e imperfeito da revelação de Jesus Cristo, que seria complementar da
que é presente nas outras religiões. A razão de fundo de uma tal afirmação
basear-se-ia no facto de a verdade sobre Deus não poder ser compreendida nem
expressa na sua globalidade e inteireza por nenhuma religião histórica e,
portanto, nem pelo cristianismo e nem sequer por Jesus Cristo.
Semelhante posição está em total contradição com as precedentes afirmações
de fé, segundo as quais, temos em Jesus Cristo a revelação plena e completa do
mistério salvífico de Deus. Portanto, as palavras, as obras e o inteiro facto
histórico de Jesus, se bem que limitados enquanto realidades humanas, têm,
todavia, como sujeito a Pessoa divina do Verbo Encarnado, « verdadeiro Deus e
verdadeiro homem »,(13) e assim comportam o carácter definitivo e
completo da revelação dos caminhos salvíficos de Deus, embora a profundidade do
mistério divino em si mesmo permaneça transcendente e inesgotável. A verdade
sobre Deus não é abolida nem diminuída pelo facto que é proferida numa
linguagem humana. É, invés, única, plena e completa, porque quem fala e actua é
o Filho de Deus Encarnado. Daí a exigência da fé em se professar que o Verbo
feito carne é, em todo o seu mistério que vai da encarnação à glorificação, a
fonte, participada mas real, e a consumação de toda a revelação salvífica de
Deus à humanidade, (14) e que o Espírito Santo, que é o Espírito de
Cristo, ensinará aos Apóstolos e, por meio deles, à Igreja inteira de todos os
tempos, esta « verdade total » (Jo 16,
13).
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