Estrondo de bomba ou música harmoniosa?
“Habent sua fata libelli”. Este não é o único
aspecto curioso da história deste livro singular.
Assim, por exemplo, se é bem verdade que “Em Defesa da
Ação Católica” teve na época uma larga repercussão, é certo que não atingiu o
que se chama propriamente grande público, mas ficou circunscrito a este
ambiente especial, vasto mas ao mesmo tempo um tanto fechado, que se costuma
chamar “meios católicos”. E sei que, paradoxalmente, nem o próprio Autor quis
que sua obra transpusesse estes limites, por achar que, tratando de problemas
específicos do movimento católico, só a esses meios podia interessar e fazer
bem.
De outro lado, se é exato que ela repercutiu
enormemente nesses meios, foi com o estrondo de uma bomba, e não com a
suavidade de uma música. Bomba saudada por muitos como disparo oportuno e
certeiro, contra ingentes perigos que se divisavam no horizonte, e recebida por
outros como causa de dissenção e de escândalo, afirmação deplorável de um
espírito estreito e retrógrado, apegado a doutrinas erradas e propenso a
imaginar problemas inexistentes.
Estou a ver a vinte anos de distância as reações
favoráveis e contrárias. Lembro-me ainda do entusiasmo com que li no
“Legionário” as cartas de apoio de D. Helvecio Gomes de Oliveira, Arcebispo de
Mariana, D. Atico Eusebio da Rocha, Arcebispo de Curitiba, D. João Becker, Arcebispo
de Porto Alegre, D. Joaquim Domingues de Oliveira, Arcebispo de Florianópolis,
D. Antonio Augusto de Assis, Arcebispo-Bispo de Jatubicabal, D. Otaviano
Pereira de Albuquerque, Arcebispo-Bispo de Campos, D. Alberto José Gonçalves,
Arcebispo-Bispo de Ribeirão Preto, D. José Maurício da Rocha, Bispo de
Bragança, D. Henrique Cesar Fernandes Mourão, Bispo de Cafelândia, D. Antonio
dos Santos, Bispo de Assis, D. Frei Luis de Santana, Bispo de Botucatu, D.
Manuel da Silveira D’Elboux, Auxiliar de Ribeirão Preto (hoje Arcebispo de
Curitiba), D. Ernesto de Paula, Bispo de Jacarezinho (hoje Bispo titular de
Gerocesarea), D. Otavio Chagas de Miranda, Bispo de Pouso Alegre, D. frei
Daniel Hostin, Bispo de Lajes, D. Juvencio de Brito, Bispo de Caetité, D. Francisco
de Assis Pires, Bispo de Crato, D. Florencio Sisinio Vieira, Bispo de Amargosa,
D. Severino Vieira, Bispo do Piauí, D. Frei Germano Vega Campón, Bispo Prelado
de Jataí. Mais do que tudo, lembro-me da profunda impressão que causou em mim,
como em todo o meio católico, a leitura do prefácio honroso com que D. Bento
Aloisi Masella, esse Prelado que o Brasil venerava como o Núncio perfeito, e
que por isto mesmo o Papa Pio XII quis revestir dos esplendores da Púrpura
Romana, apresentou o livro a nosso público. Lembro-me também da reação
contrária, sobre a qual é cedo – mesmo passados vinte anos – para falar
longamente. Nao é, aliás, sem sacrifício que serei breve a respeito, pois teria
especial prazer em deixar discorrer minha memória, completando suas possíveis
lacunas com peças hauridas no rico e bem organizado arquivo do Dr. Plinio
Corrêa de Oliveira. Sonhos, entretanto, sobre os quais é supérfluo divagar,
pois sei que nas atuais circunstâncias o autor de “Em Defesa da Ação Católica”
não me daria a documentação tão desejada…
Seja como for, retomando o fio de minha narração, se
olho para o passado lá está essa reação contrária, a que a objetividade
histórica não pode fechar os olhos, e sobre ela uma palavra rápida não é
demais.
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