Esclarecimento
oficioso da definição de Pio XI
Ascendendo ao Trono de
São Pedro, o Santo Padre Pio XII não foi surdo ao rumor das opiniões temerárias
sobre esta matéria, disseminadas um pouco por toda a parte, e, não querendo provavelmente
proceder com o rigor de juiz, antes de agir com a brandura de Pai, pronunciou
há mais de dois anos uma alocução publicada no "Osservatore Romano",
órgão oficioso da Santa Sé. Por mais de doze vezes, referiu-se o Santo Padre à
A. C., empregando exclusivamente a palavra "colaboração" ou
“cooperação”, e omitindo a palavra “participação”. Se o Papa tivesse querido
evitar qualquer interpretação abusiva da palavra "participação", não
teria agido de outra maneira, e tanto basta para que se compreenda o que tem em
mente o Vigário de Cristo. Não se limitou a isto o Santo Padre, e, recomendando
a máxima harmonia entre a A. C e as organizações de piedade anteriormente
existentes, afirmou: "A organização da Ação Católica italiana, embora seja
órgão principal dos católicos militantes, não obstante, comporta a seu lado
outras associações também dependentes da Autoridade Eclesiástica, das quais
algumas que têm fins e formas de apostolado bem se podem dizer colaboradores no
apostolado Hierárquico". Em outros termos, é o próprio Papa quem afirma a
identidade de posição de ambas, A. C. e associações auxiliares, ante a
Hierarquia, como colaboradoras, e esclarece implicitamente que Pio XI, falando
em "participação", não deu a esta palavra senão o sentido de “colaboração”.
Ademais, o assunto foi
expressamente ventilado em artigo publicado na Itália e transcrito no Boletim
da A. C. Brasileira, por sua Eminência o Cardeal Piazza, nomeado pelo Santo
Padre Pio XII Membro da Comissão Episcopal, que dirige a A. C. na Itália. Em
apêndice, transcrevemos na íntegra o precioso documento. Sua autoridade por
ninguém pode ser discutida.
Seria uma injúria à
Santa IgreJa supor que Pio XII houvesse querido desmentir ou corrigir Pio XI,
tanto mais quando o próprio Pontífice reinante declarou que não queria ser
senão um fiel continuador da obra de Pio XI, em matéria de A. C.. Por outro
lado, seria fazer ao Cardeal Piazza grave injúria supor que, no exercício de
funções da confiança do Papa, houvesse tomado uma atitude decisiva em assunto
de tal monta, sem ter a precaução elementar de ouvir o Pontífice, cuja opinião
lhe seria fácil consultar. Não imaginemos existir, na Santa Igreja de Deus, uma
desorganização que nem mesmo nas mais modestas iniciativas particulares de
comércio se suporta; nenhum gerente nega a existência de uma situação jurídica
constituída pelo proprietário da casa comercial, sem previamente consultá-lo.
Poder-se-á, por outro lado, imaginar que o Papa tenha nomeado, para cargo de
tal magnitude, uma pessoa que de Sua Santidade discrepasse em assunto
fundamental relacionado intimamente com a administração eclesiástica a ser
desenvolvida?
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