As regras de modéstia cristã
Uma camaradagem
completa nivela sexos, idades, condições sociais, em uma igualdade apresentada
como a realização da fraternidade cristã. Não espanta que, considerando
supressos os efeitos do pecado original – ".... os sentidos e os
pensamentos do coração do homem são inclinados para o mal desde a sua
mocidade" (Gen., VIII, 21), adverte entretanto a Escritura – , e das
tentações diabólicas, desprezem e se riam de muitas das barreiras, que uma
tradição cristã introduziu entre os sexos, na sociedade.
Dessas barreiras,
algumas não se destinam tanto a proteger a inocência, quanto a reputação da
jovem. Muito vivazes no Brasil, constituem preciosa proteção de integridade da
vida doméstica. Ademais, são expressamente conformes ao que nos diz S. Paulo, quando nos
preceitua que evitemos o mal e até “nos guardemos de qualquer aparência de mal”
(1 Tes. 5, 21-22).
Esses elementos, sob o especioso pretexto de que a infração desses costumes
não é intrinsecamente imoral, não só toleram mas aconselham que os membros da
A. C. os ponham de lado.
Exemplifiquemos: ninguém ignora que, em tese é possível que uma moça saia a
noite inteiramente só, com um grupo de rapazes estranhos à sua família, sem com
isto cair em pecado.
Mas em um país como o
nosso, em que esse perigoso hábito não se introduziu, todo o mundo sabe quanto
tem que lucrar a sociedade com o repúdio de uma prática tão imprudente.
No entanto, estes
elementos não só permitem como aconselham a assim se proceder na A. C...
Ninguém ignora os múltiplos perigos, que os bailes trazem consigo. Tais
bailes, entretanto, não são tolerados mas recomendados, não são recomendados,
mas até impostos: os retiros espirituais durante o carnaval, são considerados
uma deserção, pois que o membro da A. C. deve fazer apostolado nas festas pagãs
do carnaval.
Houve quem pretendesse
que, indo a lugares suspeitos e escandalosos, faria apostolado, levando ali
"o Cristo".
Vacinados contra o
pecado, pelos efeitos maravilhosos da Liturgia e do mandato da A. C.,
pretenderiam. certos membros desta, como salamandras. instalar-se em pleno
fogo, sem se queimar.
Agasta-os tudo que,
lembrando a delicadeza feminina, acentua a diversidade dos sexos.
Combatem, por exemplo, o uso de véus nas Igrejas. Não censuram o uso de
calças masculinas para as mulheres, nem o do cigarro.
Tendo embora a Santa Igreja estabelecido uma distinção prudente entre os ramos
masculino e feminino da A.C., há espíritos em cujas concepções esta distinção é
quase negada na prática, pela interpenetração a bem dizer completa, que desejam
para as respectivas atividades, horas de lazer, etc.. Tudo quanto signifique
combate direto e de viseira erguida contra as modas indecentes, as más
leituras, más companhias, maus espetáculos, passa, muitas vezes, sob o mais
profundo silêncio.
Não espanta, pois, que a educação da pureza seja feita freqüentemente, de
modo temerário, impregnada de um sentimentalismo mórbido e de idéias
paganizantes, cheias de perigosas concessões aos costumes modernos.
Ao que parece, tantas e tão lamentáveis liberdades seriam
"privilégios" inerentes à A. C.. Os antigos métodos de mortificação e
fuga das ocasiões eram certamente muito aptos para as antigas associações onde
realmente se pode ser severo e exigente. A
A. C., porém, representaria a libertação de tudo isso.
Estas precauções eram
muletas sobre as quais se apoiava a insuficiência estrutural, jurídica, orgânica
e vital das antigas associações. .. De tudo isto, poderia e deveria prescindir
a A. C.3
A despeito de tudo,
entretanto, cumpre acentuar que os fautores de tais erros são muito
freqüentemente pessoas de um procedimento pessoal e de uma modéstia de trajes
modelar, com o que, longe de servirem a causa dos bons princípios, pelo
contrário, ainda facilitam a propagação do mal, dando a tais doutrinas um
caráter desinteressado e puramente especulativo.
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