Não podem ser
atacadas devoções que têm a aprovação da Igreja
Quando a Santa Sé
aprova uma prática de piedade, ela declara implicitamente que os objetivos
visados por tal prática são santos, os meios em que ela consiste são lícitos e
adequados ao fim. Conseqüentemente afirma que o emprego desses meios é apto a
concorrer para o incremento da piedade e a santificação dos fiéis. Isto posto,
a ninguém é lícito afirmar o contrário, alegando que a prática de tais atos
implica a aceitação de princípios contrários aos da Igreja, e é radicalmente
ineficaz para facilitar a santificação das almas.
O Santo Rosário e a
Via Sacra são devoções inúmeras vezes aprovadas pela Santa Igreja, recomendadas
pelos Pontífices, cumuladas de indulgências, incorporadas de tal maneira à
piedade comum, que várias associações se estabeleceram, com todas as bênçãos da
Igreja, para a sua difusão, várias Ordens e Congregações religiosas têm como
ponto de honra e obrigação solene propagá-las, e o Código de Direito Canônico
preceitua ao Bispo que estimule em seus clérigos a devoção ao Santo Rosário. S.
Santidade o Papa Leão XIII tornou obrigatória a recitação do Terço durante a
Sagrada Missa, no mês de outubro, por ato de 20 de agosto de 1885. É óbvio,
pois, que se revolta contra a autoridade da Santa Sé quem não tributa a essas
devoções todo o alto e respeitoso apreço, que tantos e tão louváveis atos da
Igreja suscitaram.
Seria inteiramente vão
alegar que estas práticas, em nossos dias, estão antiquadas. É certo que podem
surgir práticas de piedade tão admiráveis quanto estas; mas isto não impede que
todos os motivos dos quais decorre o valor do Rosário e da Via Sacra se fundem
de tal maneira na doutrina imutável da Igreja e nas características
inalteráveis da psicologia humana, que seria errôneo afirmar que tais práticas
perderão algum dia sua atualidade.
Ser frio para com
devoções que a Igreja recomenda com calor, passar sob silêncio devoções a
respeito das quais a Igreja fala continuamente, é prova de que não se pensa,
não se age, não se sente com a Igreja.
* * *
|