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Plinio Corrêa de Oliveira
Em defesa da Ação Católica

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  • TERCEIRA PARTE   Problemas internos da A. C.
    • CAPÍTULO I Organização, Regulamentos e Penalidades
      • Novas concepções sobre o movimento do laicato católico
        • c) – quanto a promover íntimo convívio entre seus membros e possuir sede recreativa.
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c) – quanto a promover íntimo convívio entre seus membros e possuir sede recreativa.

Também não é verdade ser censurável que uma associação católica possua sede com finalidade recreativa, na qual congregue seus membros em horas de lazer. O princípio que justifica esta prática é, em última análise, fundado na natural sociabilidade humana. Afirma-nos a filosofia que a natureza do homem tende a fazê-lo viver na companhia de seus semelhantes. É inerente à sociabilidade, ao menos para a imensa maioria dos homens, a tendência de freqüentar um ambiente que esteja de acordo com seus gostos, inclinações e idéias. Qualquer sociologia elementar contém esta regra, e basta observar o móvel que inspira a constituição da generalidade das associações profanas de qualquer natureza para que isto fique demonstrado. Reciprocamente, se o homem não freqüenta um ambiente conforme às suas convicções, a sociabilidade o leva a se adaptar ao meio em que se encontra, assimilando-lhe, tanto quanto possível, o modo de pensar e de sentir, ou, quando nada, estabelecendo interiormente certosarranjos”, que terão como conseqüência final uma adaptação completa. Assim, parafraseando Pascal, poder-se-ia dizer que constitui para a imensa maioria uma inclinação imperiosa "conformar as idéias com o ambiente quando o ambiente não se conforma com as idéias". Obrigados pelas múltiplas necessidades domésticas, econômicas, etc., a freqüentar os mais variados ambientes, e a viver a maior parte de seu dia em atmosferas cada vez mais profundamente empestadas de paganismo, os católicos contemporâneos não se devem limitar a uma atitude meramente defensiva, mas, pelo contrário, devem desfraldar por toda parte, e com ufania, o estandarte de Cristo. É este o "apostolado no meio", tão insistente e energicamente apregoado por Pio XI. Só uma pessoa absolutamente ingênua, por jamais ter freqüentado certos ambientes profissionais ou domésticos de nossos dias, ou por jamais ter desfraldado em tais ambientes, com sincera e valorosa intrepidez, o estandarte de Cristo, pode ignorar a energia sobre-humana que uma tal linha de conduta impõe. Conhecemos o caso concreto de um jovem que teve de chegar ao emprego da força física para conservar sua pureza em um ambiente que, em si mesmo, seria inofensivo. Ora, é humano, é natural, é imperioso que os entusiasmos desgastados pela luta, as energias depauperadas no combate sejam reparadas pela freqüência de um ambiente bom, onde as almas se podem expandir e refazer à sombra da Igreja, e onde a recíproca edificação possa restaurar as forças de todos.

Seria falso supor que, assim, os católicos se afastam do mundo e deixam de cumprir seu dever de apostolado. É precisamente para que eles cumpram melhor tal dever, que se organizam para eles esses centros de distensão e restauração de forças:

"Certamente, deve o sal ser misturado à massa, que ele deve preservar da corrupção. Mas, ao mesmo tempo, deve defender-se contra ela, sob pena de perder seu sabor e de não servir senão para ser atirado fora e calcado aos pés". (Leão XIII, Encl. "Depuis le jour", de 8 de Setembro de 1899). Tão importante é esta verdade, que a Igreja, sempre sábia, não se contentou em dar sua melhor aprovação a iniciativas como estas, mas de certa maneira levou ao máximo sua confiança na ação dos ambientes bons e seu temor dos ambientes maus, ao excluir inteiramente do convívio do século aqueles que destina à milícia sacerdotal. O Direito Canônico chega a recomendar ao Bispo que empenhe o melhor de seus esforços para que os próprios Sacerdotes seculares residam em comum sempre que possível. Qual a razão desta providência, senão evitar para os próprios Sacerdotes os inconvenientes de ambientes maus, ou ao menos tíbios? E, se esta precaução existe para almas tão fervorosas, dotadas de tão especial graça de estado, que dizer-se de simples leigos?

Isto posto, não só entendemos que a A. C. pode mas até que ela deve lançar mão deste esplêndido processo de formação, que ninguém pode atacar sem temeridade.

 




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