Punir é faltar com
a caridade?
Já anteriormente à
fundação da A. C. entre nós, notava-se em geral, neste assunto, a idéia de que
os regulamentos e estatutos das associações religiosas deveriam conter
penalidades, como por exemplo suspensões, exclusões, etc., muito e muito mais
para mero efeito de intimidação, do que para serem traduzidas na prática por
atos disciplinares vigorosos. A grande razão essencial estava em que as penas
fazem sofrer, e não é próprio à Religião Católica, toda impregnada de suavidade
e doçura, causar sofrimentos a quem quer que seja; e que além disto, a pena
nenhuma utilidade concreta apresenta, porque ela irrita contra a Igreja o
faltoso, e, quando consiste em exclusão, o atira ao pélago da perdição, sem
qualquer proveito para ele. A estas razões, os novos erros sobre a A. C. vieram
acrescentar outras. A A.C. não deve ter penalidades em seu regulamento, para
não afastar de si as pessoas interessadas em obter inscrição, e porque é
humilhante e contrário à dignidade humana, que o homem se oriente pelo temor e
não pelo amor. Dotada a Ação Católica de
processos de apostolado irresistíveis – e isto no sentido mais estrito e
literal da palavra – porque usar penas que serão sempre inúteis?
As conseqüências destes erros se fazem notar cada vez mais em nossos meios,
pelo que cumpre acabar com eles quanto antes. Houve tempo em que o simples fato de usar alguém o distintivo de certas
associações religiosas era uma garantia de piedade ardente e vigorosa, de
formação esmerada e de segurança absoluta. Hoje... quem ousaria dizer o mesmo?
Multiplicaram-se os membros, mas não cresceu proporcionalmente a formação. As
elites se afogaram e se diluíram na turba multa dos espíritos banais, sem maior
surto para a perfeição e para o heroísmo. O mau exemplo, a constituição de um
ambiente refratário a qualquer incitamento à virtude total, tudo isto passou a
se tornar cada vez mais freqüente. E não são poucos, infelizmente, hoje em dia,
os sodalícios em que, na mesma paz, vivem lado a lado “oves, boves... et
serpentes”. E tudo isto porque? Simplesmente porque um falso sentimentalismo
religioso desarmou muitas vezes os braços dos dirigentes leigos que deveriam
mover-se para, sob as ordens da Autoridade Eclesiástica, evitar que
"Jerusalém se transformasse em uma cabana para guardar frutos".
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