Panorama real
Para que compreendamos
bem a necessidade de figurarem penalidades nos estatutos particulares a cada
ramo da A. C., bem como de serem essas penalidades aplicadas na prática, é
preciso, antes de tudo, que nos persuadamos profundamente de que não existem
métodos de apostolado irresistíveis. Nosso Senhor Jesus Cristo, o Modelo Divino
de apóstolo, encontrou resistências das mais cruéis, e foi de junto d'Ele,
depois de ouvir por muito tempo Suas adoráveis doutrinações, e de contemplar
Seus exemplos infinitamente perfeitos, que saiu, de coração enregelado e alma
negra, um malfeitor que não foi um criminoso qualquer, mas precisamente o maior
dos malfeitores de toda a História, até que venha o AntiCristo. Desenvolveremos
em outro capítulo, mais a fundo, esta tese. Por ora, baste-nos lembrar que todos
nós encontraremos almas endurecidas no erro e no pecado, que se mostrarão
refratárias a qualquer ação apostólica. Se jamais encontrássemos almas destas,
se pudéssemos ter a certeza de que sempre, e invariavelmente, nossos esforços
seriam bem sucedidos, é óbvio que agiria pessimamente quem expulsasse de um
sodalício religioso qualquer, e máxime da Ação Católica, um membro indigno. Mas
a realidade, infelizmente, é muito outra. Sem requintado orgulho, não podemos
esperar um sucesso que Nosso Senhor não obteve. O quadro diante do qual nos
colocamos é, pois, o seguinte: em uma associação qualquer, ou na Ação Católica,
não causa espanto que apareça, de quando em vez, alguma defecção; mas o sócio
faltoso, em vez de se desligar da associação, nela permanece com a má doutrina
e má vida que abraçou. Esgotados os meios suasórios para reconduzir ao bom
caminho a alma transviada, pergunta-se: que fazer?
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