O espírito das
confrarias maçonizadas.
Conversando certa vez
com pessoa de influência preponderante e até decisiva em certos meios da A. C.,
disse-nos ela que, em cinco anos, jamais excluíra do setor que dirigia, quem
quer que seja, e ainda mesmo os elementos mais distanciados. Quando alguém
deixava inteiramente de comparecer, era sua ficha transferida para uma gaveta especial,
de onde seria simples reintroduzí-la no fichário das sócias ativas. desde que,
cinco, dez, vinte anos depois, reaparecesse. E isto sem o menor noviciado, o
menor exame, o menor ato de penitência.
Este fato faz-nos
lembrar o caso autenticissimo de uma velha Irmandade, na qual certa vez uma
piedosa senhora inscrevera seu filho de 9 anos afim de cumprir promessa. Depois de inscrito, o
jovem confrade nunca mais reapareceu. Tornou-se homem, perdeu a fé, e hoje já é
um provecto ancião. Esta pessoa conta com explicável hilariedade, que durante
todo este tempo nunca deixou de receber as convocações para todos os atos da
Irmandade. Provavelmente continuará a recebê-las até alguns anos depois de
morto. Os leitores, a quem o romantismo
não tiver feito abandonar inteiramente o bom senso, bem compreenderão a que
último degrau de desprestígio este procedimento da Irmandade arrasta a Igreja.
Curioso ponto de convergência, a se somar a tantos outros, afim de atestar que,
sob pretexto de novidades de A. C., se deseja, na realidade, restaurar, com
todo o seu espírito, os erros das Irmandades maçonizadas do tempo de D. Vital.
Não negamos que esse convite insistente talvez pudesse ter feito bem à alma
assim chamada. Mas vale a pena afetar o prestigio da Igreja, que interessa a
salvação de milhares de almas em troca de uma pequeníssima probabilidade de
reconduzir à vida da graça esta alma extraviada? Quem não percebe que só depois
de abafado o bom senso se poderá pensar assim?
"Time Jesum
transeuntem et non revertentem", lembra-nos Dom Chautard. Como é salutar o
medo de que Jesus não volte quando uma vez bate a porta de um coração! E como aviltam o chamado
de Jesus tais práticas rançosas!
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