Recrutamentos tumultuários
Conhecemos o fato concreto
de certo membro da A. C., que trabalha em um ambiente todo ele maciçamente
hostil à Igreja, e que foi interpelado por um elemento exaltado" sobre os
motivos, por que ali não fundava um setor da A. C.. Dado o vigor da
interpelação, e o inesperado da idéia, julgou ele que o interlocutor
desconhecesse inteiramente as condições do ambiente em questão. Este, porém, se
apressou em desmentí-lo, entrando na mais pormenorizada descrição das
peculiaridades desse meio. O interpelado mostrou-se então surpreso com a idéia.
E o interlocutor lhe disse: "O Senhor não sabe o que é a A. C.! Que ela se encha de
maçons e de quaisquer outros elementos do mesmo naipe e, dentro em pouco,
estarão todos convertidos."
Esquece-se assim a
palavra do Espírito Santo: "Não introduzas em tua casa toda a sorte de
pessoas, porquanto são muitas as traições do doloso. Porque assim como sai um
hálito fétido de um estômago estragado, assim é também o coração do soberbo,
daquele que está espiando para ver a queda do seu próximo. Porque ele arma
ciladas convertendo o bem em mal. Uma só faísca produz um incêndio, e um só
doloso derrama muito sangue, e o homem pecador arma traições para o derramar.
Evita o homem corrompido, pois está forjando males, para que não faça cair
sobre ti uma perpétua infâmia. Dá entrada em tua casa ao estranho, e te
derrubará como um torvelinho, e te tornará estrangeiro aos teus (Eclesiástico,
IX, 31-36).
E acrescenta:
"Não te fies jamais do teu inimigo, porque, como vaso de cobre, cria
azinhavre sua malícia. E, se ele todo humilhado vier cabisbaixo, põem-te
alerta, e guarda-te dele. Não o ponhas junto de ti, para que não suceda que ele
ocupe tua cadeira, e que reconheças por fim as minhas palavras, e não tenhas
pena ao lembrar-te dos meus avisos". (Eclesiástico XII, 10-12).
Fala-se muito em
apostolado de infiltração. Não se pensa que nossos adversários estão na prática
secular deste hábito? O ínclito bispo D. Vital, reinante Pio IX, publicou um
opúsculo em que informava que certos adversários da Igreja passaram muito tempo
comungando diariamente das mãos do Pontífice, afim de Lhe captar a confiança.
Pensem na gravíssima
responsabilidade que sob todos os pontos de vista lhes cabe, os que advogam a
admissão, em massa, de membros na A. C.. De certo modo, dirige-se aos que
recrutam tumultuariamente os colaboradores da Hierarquia o que o Apóstolo
advertia: "Não te apresses em impor as mãos a ninguém, e não te faças
participante dos pecados dos outros" (I, Tim., 5, 20).
No entanto, esse
principio errôneo, enunciado com toda seriedade, e que parece inexplicável se
não for considerado em conjunto com o automatismo litúrgico, dá a medida de
critério com que muita gente pretende praticar A. C.. Esse erro se repete com
crescente freqüência em muitos círculos de estudos, e daí nasceu a
perigosíssima doutrina de que na A. C. devem ser recebidas a esmo quaisquer
pessoas, e, a breve espaço, admitidas a prestar compromisso; o ingresso no
estágio depende da vontade da pessoa, e o compromisso se faz três meses depois;
logo em seguida ao compromisso, pela ação maravilhosa do mandato adquirido, e
da mágica litúrgica, os novos membros se transformarão em elementos ótimos. Em
outros termos, como a pedra filosofal, a A. C. teria o raro condão de
transformar em ouro tudo quanto dela se acercasse. Como vemos, é sempre o mesmo
automatismo a produzir suas conseqüências lógicas.
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