A voz dos Papas
Toda razão tinha,
pois, o Santo Padre Pio X, quando desejava como colaboradores leigos da Igreja
"católicos à toda prova, inteiramente submissos à Igreja e, em particular,
a esta Suprema Cátedra Apostólica e ao Vigário de Jesus Cristo sobre a terra;
devem ser homens de piedade máscula e verdadeira, de costumes puros e de vida
de tal maneira imaculada, que a todos sirva de exemplo eficaz.
"Se o espírito
não estiver formado desse modo, não somente será quase impossível agir com reta
intenção, mas as forças faltarão para suportar, com perseverança, as
contrariedades que traz consigo todo apostolado, as calúnias dos adversários, a
frieza e o pequeno concurso dos próprios homens de bem, por vezes enfim, as
invejas dos amigos e companheiros de armas, desculpáveis sem dúvida, dada a
fraqueza da natureza humana, mas altamente prejudiciais e causas de discórdias,
atritos e choques intestinos. Só uma virtude paciente e firme no bem, ao mesmo
tempo suave e delicada, é capaz de afastar e diminuir estas dificuldades, de
maneira que o trabalho, a que estão consagradas as forças católicas, não seja
comprometido" ("Il fermo proposito" de 11 de Junho de 1905). –
"Por isto mesmo queria o Santo Padre Bento XV que os apóstolos leigos
"fossem profundamente penetrados pelas verdades da Fé Católica, para que
cada qual, conhecendo seus deveres e seus direitos, se conduza de acordo com
eles". E o Pontífice acrescenta: "resumimos em uma palavra nosso
pensamento: Jesus Cristo deve ser formado nas almas dos fiéis antes que eles
possam combater por Ele. Se circunstâncias novas parecem exigir obras novas, só
as realizarão sem dificuldade aqueles que... tiverem sido bem preparados para a
luta da Lei” (Carta "Acepimus", de 1º de agosto de 1916)". – E
Pio XI, na Carta Apostólica sobre S. Luiz de Gonzaga, acrescenta que
"aqueles que não possuírem um patrimônio de virtudes interiores, nós não
os julgaríamos aptos para as tarefas do apostolado: tanto quanto o bronze que
soa ou o tímpano que repercute, eles não poderiam prestar serviços, mas antes
prejudicariam a causa que pretendem defender: a experiência de épocas
precedentes já o demonstrou." (Carta Apostólica "Singulare Illud"
de 13 de Junho de 1926).
Seria talvez
conveniente acrescentar mais um tópico da mesma Carta Apostólica:
"Deve-se fazer
sentir aos jovens, inclinados por natureza para as obras exteriores e sempre
apressados em se atirar ao campo de batalha da vida, que, antes de pensar nos
outros e na causa católica, lhes será necessário lutar por sua própria
perfeição interior por meio do estudo e da prática das virtudes" (Pio XI,
Carta Apostólica "Singulare Illud", de 13-6-1926).
Como vemos, nada
poderia ser mais concludente.
Desta luminosa
doutrina dos Pontífices, não se pode encontrar melhor comentário do que o livro
de D. Chautard que já citamos. Para ele remetemos o leitor desejoso de mais
extensa argumentação. De tudo quanto ficou dito retenhamos apenas a
conseqüência recolhida da pena de Pio XI: serão nocivos à causa da Santa Igreja
os católicos que a A. C. recrutar tumultuariamente.
Falta-nos apenas
considerar um argumento: se Pio XI convocou todos os fiéis para a A. C., como
pretender que só alguns devem entrar na A. C.?
A isto se responde com
toda facilidade. Se Pio XI julgava nocivo que na A. C. se aproveitasse a
colaboração de "oves et boves... et serpentes" como se poderia
pretender que ele teve em mira convocar a todos? É que ele incitou a que todos
adquirissem uma formação suficiente, para depois, e, caso a autoridade os
julgasse aptos, virem a trabalhar na grande milícia do apostolado.
"Muitos, com efeito, são os chamados e poucos os escolhidos" (Mat.
XXII. 14).
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