A expansão desta
doutrina não pode prejudicar o apostolado junto ao infiéis e hereges
A tantos argumentos
teóricos, acrescentemos finalmente uma reflexão de ordem prática, que também
tem um considerável valor. Faça-se no Brasil a estatística dos católicos e dos
infiéis, e ver-se-á a inferioridade numérica verdadeiramente esmagadora em que
estão estes últimos. Qual pois, o problema que afeta mais fundamente a Igreja
no Brasil? A
conversão dos infiéis ou a reconciliação com a Igreja, dos pecadores?
Não se tema, aliás, que o desenvolvimento das obras de conversão dos
infiéis se ressinta, em sua expansão, em conseqüência da ordem de idéias que
vimos expondo. Certamente a Alemanha foi um dos países, em que, de modo mais
profundo, se desenvolveram as obras para a conversão dos muitos protestantes
ali existentes. De fato, o problema de
recondução dos protestantes ao grêmio da Igreja oferecia ali uma atualidade e
uma importância incomparavelmente maiores que no Brasil. Não creram os Exmos. e
Revmos. Srs. Bispos alemães jamais que estas obras de dilatação de fronteiras
sofressem qualquer detrimento em conseqüência da seguinte verdade que sob a
designação de "questão 23ª", figurava no Catecismo confeccionado
oficialmente pelo Venerando Episcopado Alemão: "P. A que é devido que se
cometam pecados graves até mesmo dentro da Igreja Católica? – R. O fato de que
na Igreja Católica se cometam pecados graves é devido ao fato de muitos
cristãos católicos não obedecerem à Igreja e não viverem com ela. Os pecados
dos próprios filhos doem mais à Igreja e dificultam mais sua expansão do que as
perseguições por parte dos inimigos da Igreja. É impossível que não venham
escândalos; mas ai! daquele por quem eles vêm (S. Lucas, XVII, 1) ". Fato
curioso: o governo nazista de Baden, em circular de 27 de janeiro de 1.937,
mandou cancelar esta pergunta do catecismo (Cfr. "El Cristianismo en el
Tercer Reich". O autor desta obra, aliás magistral, sob todos os pontos de
vista, é um sacerdote católico alemão que usa o pseudônimo de Testis Fidelis).
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