Uma objeção
A tudo isto
poder-se-ia certamente objetar que "há mais alegria no Céu por um pecador
que se converte, do que por noventa e nove justos que perseveram". Poucos
textos dos Santos Evangelhos têm sofrido mais infundadas interpretações. A
mulher da parábola, que perdeu uma dracma, certamente teve mais alegria em
encontrá-la do que em conservar as dracmas, que não havia perdido. Isto não
quer dizei que ela se consolaria da perda das noventa e nove dracmas por
encontrar uma! Se assim fosse, seria um louca! O que Nosso Senhor quis dizer
foi, simplesmente, que o gáudio pela recuperação dos bens, que perdemos, é
maior do que nosso prazer pela posse tranqüila dos bens, que conservamos.
Assim, um homem que perdeu a vista em conseqüência de um acidente e depois a
recupera, deve razoavelmente entregar-se a uma grande expansão de alegria.
Seria, entretanto, irracional que, em dado momento, um homem, que nunca esteve
ameaçado de cegueira, se entregasse a indescritíveis transportes de júbilo,
porque não está cego.
Reflitam certos
leitores antes sobre o seguinte: se há mais júbilo no coração do Bom Pastor por
um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que perseveram, a
conseqüência lógica e que há mais tristeza no Coração de Jesus por um justo que
apostata, do que por noventa e nove pecadores que perseveram no pecado.
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