Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Plinio Corrêa de Oliveira
Em defesa da Ação Católica

IntraText CT - Texto

  • QUARTA PARTE   Atitudes da Ação Católica na expansão da doutrina da Igreja
    • CAPÍTULO I   Como apresentar a Doutrina Católica
      • É severamente punida por Deus.
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para desativar os links de concordâncias

É severamente punida por Deus.

 

Livre-nos Deus da justa cólera que tais desvios lhe podem causar. Esta cólera pode assumir proporções assustadoras. Ninguém ignora o alto grau de esplendor a que chegou o Império Romano do Ocidente. Ora sua civilização grandiosa – uma das maiores da Históriamorreu precisamente pela cólera que essa eterna contemporização dos católicos para com o mal causou a Deus. Templos, palácios, termas, aquedutos, bibliotecas, circos, teatros, tudo ruiu. Por quê? Três foram, segundo Santo Agostinho, as causas da queda do Império Romano do Ocidente, e, destas, uma foi a pusilanimidade dos católicos na luta contra os desmandos do paganismo. Adotaram a tática da prudência carnal, das meias verdades e do "terreno comum". Por isto, puniu-os Deus com uma invasão de bárbaros, que constituiu uma das mais terríveis provações de toda a História da Igreja. Pela enormidade do castigo, podemos bem medir a gravidade da culpa. Diz o Santo Doutor, no Livro I, da Cidade de Deus:

"Onde encontrar (em Roma) aquele que, em presença desses monstros de orgulho, de luxúria, de avareza, cuja iniqüidade, cuja execrável impiedade obriga Deus a esmagar a terra, segundo sua antiga ameaça; aquele, digo, que seja diante deles aquilo que deve ser, que trate com eles como é preciso tratar com tais almas! Quando seria necessária esclarecê-los, adverti-los, e, mesmo, repreendê-los e corrigi-los, muitas vezes uma funesta dissimulação nos detém, seja indiferença preguiçosa, seja respeito humano que não ousa afrontar um semblante iracundo, seja temor desses ressentimentos que poderiam nos perturbar e nos prejudicar nosses bens temporais, cuja posse nossa cupidez apetece, e cuja perda nossa fraqueza teme. Se bem que a vida do ímpio seja aborrecida pelas pessoas de bem, e que esta aversão as preserve do abismo que espera os réprobos ao sair deste mundo, todavia esta fraqueza indulgente com as iniqüidades mortais, por temor de represálias contra suas próprias faltas, faltas leves e veniais entretanto; essa fraqueza, a salvo da eternidade dos suplícios, é justiça que ela seja castigada pelos flagelos temporais; é justiça que, na imposição providencial das aflições, eIa sinta o amargor desta vida que, embriagando-a de suas doçuras, a afastou de oferecer aos maus, a taça da salutar amargura.

"Se se deixa, entretanto, a reprimenda e a correção dos pecadores para um tempo mais favorável, no próprio interesse destes, de medo que eles se tornem piores, ou que impeçam a iniciação dos fracos nas práticas da piedade e da virtude, oprimindo-os, desviando-os da , isto não é mais instinto de cupidez, isto é prudência e caridade. O mal é que aqueles, cuja vida, testemunha de um profundo horror pelos exemplos dos maus, poupam os pecados de seus irmãos, porque temem as inimizades, porque temem ser lesados em seus interesses legítimos, é verdade, mas excessivamente caros a esses homens, peregrinos neste mundo, guiados pela esperança da pátria celestial. Porque não somente aos mais fracos, que contraíram estado conjugal, tendo filhos ou desejando ter, pais e chefes de família (aqueles aos quais o Apostolo se dirige para lhes ensinar os deveres cristãos dos maridos para com suas esposas, das mulheres para com seus maridos, dos pais para com seus filhos, dos filhos para com seus pais, dos servos para com seus senhores, dos senhores para com seus servos); não é só a eles que o amor de certos bens temporais ou terrenos, cujo gozo ou perda lhes é por demais sensível, tira a coragem de desafiar a ira destes homens, cuja vida infame e criminosa lhes é odiosa; mas os fiéis mesmos, elevados a um grau superior, livres do laço conjugal, simples na mesa e no vestir, sacrificam muitas vezes à sua reputação, a sua segurança, quando, para evitar as insídias ou violências dos maus, eles se abstêm de os repreender e, sem todavia se deixar intimidar pelas ameaças, terríveis que sejam, até o ponto de seguir seus sinistros exemplos, entretanto, não ousam vituperar o que recusariam imitar.

Talvez tivessem salvo a muitos, cumprindo esse dever de reprimenda, que eles fazem ceder ao temor de expor sua reputação e sua vida; e isto não é mais essa prudência, que guarda uma e outra em reserva, para instrução do próximo, mas antes essa fraqueza, que se compraz com palavras lisonjeiras, com as luzes ilusórias dos julgamentos humanos, que teme a opinião do mundo, os ferimentos e a morte da carne; fraqueza encadeada por laços de cupidez e não por um dever de caridade". (os grifos são nossos).

*  *  *  *  *

 

 




Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2007. Content in this page is licensed under a Creative Commons License