Ressalva importante
Não quer isto dizer
evidentemente, que de modo invariável, deve ser rejeitada a colaboração de
certos adversários contra outros mais terríveis. Se bem que a história nos
demonstre a ineficácia deste processo em muitos casos, outros há – raros embora
– em que ele é aconselhável. Assim, o Santo Padre Pio XI preconizou a
cooperação de todos os homens crentes em Deus contra o comunismo. Mas tal
cooperação deve ser levada a efeito com bom senso, sem entusiasmos exagerados e
malsãos, e sobretudo sem estabelecer uma confusão entre o campo da verdade e o
do erro sob pretexto de combater erros mais funestos. Com efeito, desde que os
católicos adormeçam um pouco e aceitem fórmulas de cooperação mais ou menos
ambíguas, decorrerá dai uma exploração, que seus aliados não tardarão a
inaugurar, e que porá por terra todo o trabalho comum. Para que se veja que não
erramos quando aventamos tais hipóteses, argumentemos com o mais moderno dos
exemplos, isto é, uma grande heresia contemporânea, certamente mais importante
para a Igreja do que são atualmente o protestantismo, o espiritismo, a igreja
cismática, etc.. – Na Alemanha, sentiu muito bem o nazismo como lhe convinha o
pretexto de frente única contra o comunismo; e o termo genérico de "crença
em Deus", terreno comum entre nós e os nazistas, passou a encobrir as mais
torpes mistificações, a tal ponto que se tornou necessário premunir os fiéis
contra a ambigüidade de certos documentos nazistas. Damos aqui a tradução de um
dos folhetos distribuídos nesse sentido pelo movimento católico alemão: –
"Chegou a hora da decisão. A cada um se formulará a pergunta: crês em Deus
ou professas a Fé em Cristo e sua Igreja? Crer em Deus não tem na nova
estatística das religiões o sentido de nosso primeiro artigo de Fé; hoje,
crença em Deus significa exclusivamente crença em Deus como a professam os
turcos e hotentotes, e significa ainda repúdio de Jesus Cristo e de sua Igreja.
Quem pretender aceitar um tal Deus renegou a Cristo e se separou da Igreja
Católica. Chegou a hora da decisão. Assim, pois, quando se vos perguntar
individualmente se credes em Deus, terá chegado a hora de fazerdes profissão de
Fé sem rodeios, sem vacilações e sem meios termos: sou católico, não creio só em
Deus, mas em Jesus Cristo e sua Igreja". (El Cristianismo en El Tercer
Reich, Testis Fidelis, 2. volume, pg. 103). E por isto, o Santo Padre Pio XI,
na Encíclica "Mit Brennender Sorge" contra o nazismo, argumentou
longamente para provar que não tem a verdadeira crença em Deus quem não crê em
Jesus Cristo, Senhor Nosso, e não crê em Jesus Cristo de modo preciso quem não
crê na Igreja.
|