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Plinio Corrêa de Oliveira
Em defesa da Ação Católica

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  • QUARTA PARTE   Atitudes da Ação Católica na expansão da doutrina da Igreja
    • CAPÍTULO II   A tática do "terreno comum"
      • Não endeusemos a popularidade
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Não endeusemos a popularidade

 

Quanto ao medo de, com tal desassombro de linguagem, ofender aos hereges, é preciso acentuar que a doutrina católica nos prescreve, certamente, que devemos proceder com caridade, evitando, até com sacrifícios heróicos, tudo que possa desagradar nossos irmãos separados. Mas os próprios interesses de nossos irmãos separados, os direitos das almas justas e sedentas da Verdade, nunca devem ser sacrificados a este receio de não desgostar o próximo. Muitas vezes, as atitudes capazes de os irritar são indispensáveis ao apostolado e, portanto, francamente louváveis. O mais evidente bom senso demonstra que há ocasiões, em que se torna necessário desagradar os homens, e às vezes a muitos homens, afim de servir a Deus, segundo o exemplo de São Paulo. É este, caracteristicamente, o caso que se no Evangelho, no tocante a Nosso Senhor Jesus Cristo, como há pouco demonstramos. Ninguém poderia perfumar o seu apostolado com as manifestações de uma caridade mais delicada do que o Divino Salvador. Entretanto, não logrou Ele atrair a simpatia unanime das pessoas a quem falou, e a bem dizer a sua obra naufragouhumanamente falando, e julgadas só as aparências imediatas – sob um dilúvio de impopularidade que chegou ao extremo da crucifixão. Aquele de quem pôde dizer o Apóstolo "pertransiit benefaciendo" (Actos, X, 38), foi preferido o infame Barrabás. Se a popularidade fosse a conseqüência necessária de todo apostolado frutuoso, e se, reciprocamente, a impopularidade fosse a nota distintiva do apostolado fracassado, Nosso Senhor teria sido o tipo perfeito do apóstolo inábil.

No Ofício de Trevas da Quinta-Feira Santa, a Igreja a seguinte lição de Santo Agostinho (Feria Sexta, II nocturno, lição) sobre a energia com que nosso adorável Salvador estigmatizou os erros dos judeus, não recuando diante da imensa impopularidade que daí decorreu, e que Ele certamente previu: "Ele não guardou silêncio sobre seus vícios, afim de lhes inspirar o horror destes vícios e não o ódio do médico que os curava. Mas eles, correspondendo pela ingratidão a este desvelo, semelhantes a frenéticos, que uma febre ardente irrita contra o médico que viera para os curar, formaram o desígnio de o perder".

Por aí se quão infundada e errônea é a idéia de que a popularidade é necessariamente o prêmio de todo o apostolado bem sucedido, de sorte que o apostolado tomaria ares demagógicos para jamais desagradar a opinião pública. E o temor desta impopularidade jamais fez recuar Nosso Senhor ou os Apóstolos.

No entanto, não só a sua Igreja triunfou de toda essa impopularidade, mas, desde os Apóstolos até os nossos dias, vem ela vencendo o tumulto das calúnias, das perseguições, das blasfêmias, que não têm cessado de se erguer em torno dela. Verdadeira pedra de contradição, tem a Santa Igreja precisamente como o seu Divino Fundador, suscitado um imenso e terrível dilúvio de ódio, menor entretanto e muito menor que a inundação de amor com que Ela não tem cessado de encher a terra.

 




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