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Plinio Corrêa de Oliveira
Em defesa da Ação Católica

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  • QUARTA PARTE   Atitudes da Ação Católica na expansão da doutrina da Igreja
    • CAPÍTULO III   O "Apostolado de infiltração"
      • Como executar o "apostolado de infiltração".
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Como executar o "apostolado de infiltração".

 

Não podemos dar por encerrada esta questão, sem estabelecermos a conduta que, no "apostolado de infiltração", devem tomar os membros da A. C.. Ainda ai, para esclarecer quanto possível assunto de tal complexidade, é conveniente que procedamos por meio de uma enumeração taxativa de princípios.

I – Muitas vezes, o apostolado de infiltração não tem por objetivo capital o exercício de uma ação direta sobre as pessoas, entre as quais a infiltração se realiza. É este o caso, por exemplo, de pessoas que se introduzem em alguma célula comunista, com o intuito de obter informações, planos de campanha, etc.. É patente que tais informações interessam muito mais do que a conquista duvidosa de alguns dos próceres comunistas ali existentes. Neste caso, deve o católico ocultar suas convicções, se quiser obter qualquer resultado, e será lícito que o faça, desde que não chegue ao extremo de negar a verdade, em lugar de a ocultar apenas.

IIExceção feita deste e de outros casos especiais, não deve o membro da A. C. esquecer-se de que o maior ornamento da Igreja Católica é Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, deixar de confessar a Nosso Senhor pública e claramente, velar sua Divina Face sob pretexto de apostolado, deixar de proclamar que somos cristãos católicos, que disto nos ufanamos, que da prática das virtudes impostas pela Igreja nos orgulhamos, é privar o apostolado do mais fecundo de seus meios de atração, é renunciar a espalhar "o bom odor de Nosso Senhor Jesus Cristo", atrás do qual correrão sempre as almas generosas de todas as latitudes geográficas e ideológicas.

Assim, não se pense que o "apostolado de infiltração" pode lançar mão da famosa tática do "terreno comum", de modo habitual e metódico. Pelo contrário, aqui se aplica perfeitamente tudo quanto dissemos em outro capitulo sobre essa delicada matéria.

Lamentável naturalismo! Em lugar de se compreender que o êxito do apostolado consiste, para o apóstolo, em manifestar a Jesus Cristo, supõe-se consistir em escondê-lo. E esconde a Nosso Senhor Jesus Cristo quem oculta ou desfigura, por uma suposta mitigação, a sua doutrina.

Como procedia de modo diverso aquele que, apontado pela Igreja como Padroeiro dos Párocos, desenvolveu métodos de apostolado que devem influir profundamente na orientação da A. C., isto é, o Santo Cura d'Ars! De uma severidade que a muitos modernistas poderá parecer excessivachegou mesmo a negar por muito tempo a absolvição a uma camponesa porque ela ia uma vez por ano a um baile familiar – ele atraía as almas mais do que ninguém. Dele pôde dizer D. Chautard: “Joannes quidem signum fecit nullum” (S. João, X, 41). Sem fazer nenhum milagre, S. João Batista atraía as multidões. Bem fraca era a voz de S. Vianney, para se fazer ouvida da multidão, que em volta dele se apinhava. E, sem embargo, se o não ouviam, viam-no, viam uma custódia de Deus, e só esta vista subjugava e convertia os assistentes.

Voltara de Ars um advogado. Como lhe perguntassem o que mais o tinha impressionado, respondeu: "Vi Deus num homem" (Op. cit., pg. 110). Não podemos compreender como a doutrina de vida, saída de lábios que a saibam enunciar de modo inteiramente sobrenatural, possa ficar estéril para as almas retas. Em seus sermões, outra coisa não fez o Santo Cura d'Ars. O remédio para o apóstolo infecundo não consiste em eliminar de seus lábios a verdade, mas em aprender, aos pés do Tabernáculo, e de Maria Santíssima, o segredo de a proclamar, não só com os lábios, mas com a alma toda.

IIIClaro está que certas pessoas, obrigadas a viver ou trabalhar em ambientes francamente hostis, não estão obrigadas ao mesmo procedimento, desde que tenham fundadas razões para temer sua demissão ou outros prejuízos desta natureza. Para estas, não se aplica a obrigação de um apostolado desassombrado, exceto no caso de lhes ser exigida a negação expressa da verdade.

 




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