Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Plinio Corrêa de Oliveira
Em defesa da Ação Católica

IntraText CT - Texto

  • QUINTA PARTE   A confirmação pelo Novo Testamento
    • CAPÍTULO ÚNICO
      • Sigamos sem restrições a lição do Evangelho
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para desativar os links de concordâncias

Sigamos sem restrições a lição do Evangelho

 

estão exemplos graves, numerosos e magníficos, que nos o Novo Testamento. Imitemo-los, pois, como imitamos também os exemplos adoráveis de doçura, paciência, benignidade e mansidão que nos deu nosso clementíssimo Redentor.

Para evitar todo e qualquer mal entendido, mais uma vez acentuamos que não se deve fazer desta linguagem severa a única linguagem do apóstolo. Pelo contrário, entendemos que não há apostolado completo sem que o apóstolo saiba mostrar a divina bondade do Salvador. Mas não sejamos unilaterais, e não omitamos, por preconceitos românticos, comodismo, ou tibieza, as lições de admirável e invencível fortaleza que Nosso Senhor nos deu. Como Ele, procuraremos ser igualmente humildes e altivos, pacíficos e enérgicos, mansos e fortes, pacientes e severos. Não optemos entre umas ou outras dessas virtudes; a perfeição consiste em imitar Nosso Senhor na plenitude de seus adoráveis aspectos morais.

Com este objetivo, queremos completar agora o pensamento que, a propósito da mentalidade da juventude contemporânea, externamos em um dos capítulos anteriores, citando a opinião do saudoso Cardeal Baudrillart: há uma Sede de heroísmo e de sacrifício que leva os moços de hoje a prosseguir exclusivamente em demanda dos ideais fortes e dos programas exigentes, desprezando tudo quanto possa significar transigência sentimental ou capitulação diante dos imperativos inferiores que, a todo o momento, nos solicitam para uma vida ao sabor dos sentidos. Seja Deus bendito por esta disposição, que pode concorrer grandemente para a salvação das almas. Mas, assim como nos pomos de sobreaviso contra as concepções unilaterais e errôneas acerca da misericórdia do Senhor, também devemos estar de sobreaviso contra qualquer exagero que, direta ou indiretamente, mediata ou imediatamente, diminua nos espíritos a noção do papel central e fundamentalíssimo que a lei da benignidade e do amor ocupa na Religião de Jesus Cristo, Senhor Nosso.

O povo brasileiro tem tal tendência para a prática das virtudes que decorrem de sentimentos delicados, que seu grande perigo não consiste, em via de regra, nas tendências exageradas para a crueldade e a dureza, mas para a fraqueza, o sentimentalismo e a ingenuidade.

Exageros de virtude, por isso mesmo que exageros, são defeitos que cumpre à Ação Católica combater e vencer. Nesta época que se caracteriza por uma crueldade sombria e um egoísmo implacável, é para nós um título de glória, que seja este o defeito que devemos combater. Combatamo-lo, porém, porque o sentimentalismo e a ingenuidade conduzem a ruínas espirituais e morais que a Teologia descreve com cores sombrias. Não nos detenhamos apenas na contemplação enternecida de nossa bondade, mas tratemos de a desenvolver sobrenaturalmente dentro da linha que lhe traça a Igreja, sem demasias, sem desvios, sem extravios. Uma comparação elucidará nosso pensamento.

De Santa Tereza de Jesus, diz a Santa Igreja que "foi admirável até em seus erros". Isto não obstante, se ela se tivesse detido na contemplação dos lampejos de ouro que em seus erros existiam, e não os tivesse combatido animosamente, não teria sido jamais a grande Santa que toda a Cristandade venera e admira, aquela Santa de quem disse Leibnitz ter sido "um grande homem". O Brasil só será o país que almejamos que ele seja, isto é, um dos maiores países de todos os tempos, se ele não se detiver na contemplação dos reflexos de ouro que existem nos traços dominantes de sua mentalidade, mas se, resolutamente, os despir da ganga que evita que este ouro brilhe com mais força e mais pureza.

Isto tudo não obstante, nunca nos esqueçamos de que, na Religião Católica, nada, mas absolutamente nada se faz sem o amor, e que, portanto, ainda mesmo a severidade imposta pelas exigências da caridade deve ser exercida com olhos fitos nos limites que a circunscrevem, a ela também.

Encerremos o assunto com palavras de Pio XI. Elas nos mostram que é essa irradiação de amor, que há de salvar o mundo:

"Nosso predecessor de feliz memória, Leão XIII, comprazia-se justamente, em sua Encíclica "Annum Sacrum", com a admirável oportunidade do culto para com o Sagrado Coração de Jesus; por isto, não hesitava ele em dizer:

"Quando a Igreja, ainda próxima de suas origens, gemia sob o jugo dos Césares, uma cruz apareceu no céu a um jovem imperador; ela era o presságio e a causa de um insigne e próximo triunfo. Hoje, um outro símbolo divino, presságio felicíssimo, aparece a nossos olhos: é o Coração Sacratíssimo de Jesus, encimado pela cruz e resplandecendo com um brilho incomparável no meio das chamas. Devemos colocar nele todas as nossas esperanças; é a ele que devemos pedir a salvação dos homens, é dele que é preciso esperá-la" (Encíclica "Miserentissimus Redemptor", de 8 de maio de 1928).

Fala-se muito em "idade nova" – "tempos novos" – "ordem nova". Queiram-no ou não o queiram nossos adversários, essa "idade nova" será o reino do Sagrado Coração de Jesus, sob cuja suavíssima influência o mundo encontrará o único caminho de sua salvação.

Adoremos este Coração Sagrado, no qual a iconografia católica nos mostra a Cruz do sacrifício, da luta, do combate, da austeridade, assentando suas raízes no mais perfeito dos Corações, e iluminada pelas chamas purificadoras e deslumbrantes do amor.

*  *  *  *  *

 




Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2007. Content in this page is licensed under a Creative Commons License