O
"Sillon" procura furtar-se à Autoridade da Igreja
Em primeiro lugar,
convém censurar severamente a pretensão do "Sillon" de escapar à
direção da Autoridade Eclesiástica. Os chefes do "Sillon", com
efeito, alegam que eles se movem num terreno que não é o da Igreja; que eles só
têm em vista interesses de ordem temporal e não de ordem espiritual; que o
sillonista é simplesmente um católico dedicado à causa das classes
trabalhadoras, às obras democráticas, e que haure nas práticas de sua fé a
energia de seu devotamento; que, nem mais nem menos que os artífices, os
trabalhadores, os economistas e os políticos católicos, ele se acha submetido
às regras de moral comuns a todos, sem estar subordinado, nem mais nem menos do
que aqueles, de uma forma especial, à autoridade eclesiástica.
A resposta a estes
subterfúgios não é, senão demasiado fácil. A quem se fará crer, com efeito, que
os sillonistas católicos, que os padres e os seminaristas alistados em suas
fileiras só têm em vista, em sua atividade social, o interesse temporal das
classes trabalhadoras? Sustentar tal coisa, pensamos, seria fazer-lhes injúria.
A verdade é que os chefes do "Sillon" se proclamam idealistas
irredutíveis, que pretendem reerguer as classes operárias reerguendo, antes de
mais nada, a consciência humana; que têm uma doutrina social e princípios
filosóficos e religiosos para reconstruir a sociedade sobre um novo plano; têm
uma concepção especial sobre a dignidade humana, sobre a liberdade, sobre a
justiça e a fraternidade, e que, para justificar seus sonhos sociais apelam
para o Evangelho, interpretado à sua maneira, e, o que é ainda mais grave, para
um Cristo desfigurado e diminuído. Além disso, estas idéias eles as ensinam em
seus círculos de estudo, eles as inculcam a seus companheiros, eles as fazem
penetrar em suas obras. Eles são pois, verdadeiramente, professores de moral
social, cívica e religiosa, e, quaisquer que sejam as modificações que eles
possam introduzir na organização do movimento sillonista, Nós temos o direito
de dizer que a finalidade do "Sillon", seu caráter, sua ação
pertencem ao domínio moral, que é o domínio próprio da Igreja, e que, em
conseqüência, os sillonistas se iludem quando crêem mover-se num terreno em
cujos confins expiram os direitos do poder doutrinário e diretivo da Autoridade
Eclesiástica.
Se suas doutrinas
fossem isentas de erro, já teria sido uma falta muito grave à disciplina
católica o subtraísse obstinadamente à direção daquelas que receberam do céu a
missão de guiar os indivíduos e as sociedades no reto caminho da verdade e do
bem. Mas o mal é mais profundo, já o dissemos: o "Sillon", arrastado
por um mal compreendido amor dos fracos, descambou para o erro.
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