O espírito
anárquico que incute
Nestes hábitos
democráticos, e nas doutrinas sobre a cidade ideal que os inspiram, vós
reconhecereis, Veneráveis Irmãos, a causa secreta das faltas disciplinares que,
tantas vezes, tivestes de recriminar no "Sillon". Não é de espantar
que vós não tenhais encontrado nos chefes e nos seus companheiros assim
formados, fossem seminaristas ou padres, o respeito, a docilidade e a
obediência que são devidos às vossas pessoas e à vossa autoridade; que tenhais
experimentado da parte deles uma surda oposição, e que tenhais tido o pesar de
os ver subtrair-se totalmente, ou, quando a isto forçados pela obediência,
entregar-se com desgosto às obras não sillonistas. Vós sois o passado, eles são
os pioneiros da civilização futura. Vós representais a hierarquia, as
desigualdades sociais, a autoridade e a obediência: instituições envelhecidas,
ante as quais suas almas, embevecidas por um outro ideal, não mais se podem
dobrar. Temos sobre este estado de espírito o testemunho de fatos dolorosos,
capazes de arrancar lágrimas, e Nós não podemos, apesar de nossa longanimidade,
reprimir um justo sentimento de indignação. Pois que! Há quem inspire à vossa
juventude católica a desconfiança para com a Igreja sua mãe; ensina-se-lhe que,
decorridos 19 séculos, ela ainda não conseguiu no mundo constituir a sociedade
sobre suas verdadeiras bases; que ela não compreendeu as noções sociais da
autoridade, da liberdade, da igualdade, da fraternidade e da dignidade humana;
que os grandes bispos e os grandes monarcas, que criaram e tão gloriosamente
governaram a França, não souberam dar ao seu povo nem a verdadeira justiça, nem
a verdadeira felicidade, porque eles não tinham o ideal do "Sillon"!
O sopro da Revolução
passou por aí, e podemos concluir que, se as doutrinas sociais do
"Sillon" são erradas, seu espírito é perigoso e sua educação funesta.
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