d) – a suprema
catástrofe
Estava precisamente aí
a tragédia do século XX. Os Papas haviam proclamado reiteradamente que só o
retorno à Igreja salvaria a humanidade. Entretanto, procurou-se a solução fora
da Igreja. Em vez de promover a reintegração do homem no Corpo Místico de
Cristo, e implicitamente sua regeneração moral, procurou-se "defender a
cidade sem o auxílio de Deus", tarefa vã, cujo insucesso nos arrastou aos
transes mortais da presente conflagração [II Guerra Mundial]. Esta procura
frenética, desordenada, alucinante, de uma solução qualquer, sempre aceita, por
mais dura que fosse, desde que não fosse a solução que é Cristo, foi a última
catástrofe desta cadeia de erros que, de elo em elo, nos conduziu das primeiras
negações de Lutero até a amargura dos dias de hoje. Será difícil fazer
previsões sobre o futuro, e não é este o objeto do presente livro. Da exposição
até aqui feita, retenhamos apenas esta noção: a procura ansiosa e alucinada de
uma solução radical e imediata foi a grande preocupação, que, consciente ou
inconscientemente, a todos nos empolgou, nas duas últimas décadas deste
terrível século XX. Como náufragos, os homens procuram agarrar-se até à palha
que flutua sobre as ondas, supondo nela virtudes salvadoras.
O delírio do naufrágio
não tem por único efeito suscitar nos náufragos a ilusão de se salvarem
agarrados à palha. Quando lhes são oferecidos meios de salvação adequados,
precipitam-se loucamente sobre eles, utilizam-nos mal, destroem-nos por vezes
com sua imperícia e soçobram finalmente entre os destroços dos barcos, em que
se poderiam ter salvo.
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