Espírito com que o
escrevemos.
Porque chamamos a nós
este penoso encargo? Entre as múltiplas razões que nos decidiram a isto, figura
a esperança de afastar do erro tantos entusiasmos, que se extraviaram; tanto
zelo, que se desperdiça; tantas dedicações, que nos causariam a mais ardente
satisfação, se fossem postas ao serviço da ortodoxia. É, pois, com palavras de amor que
terminamos esta introdução. Ainda que os cardos nos dilacerem as mãos, ainda
que recebamos só ingratidão da parte daqueles a quem quisemos estender, por
entre os espinhos dos preconceitos, o pão da boa doutrina, de tudo nos daremos
por amplamente compensados, se o valor do sacrifício, que fizemos, for
aproveitado pela Providência para a união de todos os espíritos, na verdade e
na obediência: "ut omnes unum sint".
-------------
Uma objeção que com verossimilhança se poderia fazer a esta obra consistia
na possível exploração que os adversários da Igreja poderiam fazer a propósito
dos extravios doutrinários de certos membros da A. C.
Mas um fato que certa vez nos narrou S. Excia. Revma. o Sr. D. José Gaspar de Afonseca e Silva,
Arcebispo de S. Paulo resolve com toda a clareza a dificuldade. Disse-nos o
ilustre Prelado que, certa vez, um dos mais distintos sacerdotes franceses
escreveu um artigo de jornal em que descobria graves lacunas em uma obra
católica de sua Pátria. Rejubilou-se com isto um jornalista hostil à Igreja que
apontou o fato como prova de que "estava morto o Catolicismo". A isto
respondeu com eloqüência o sacerdote, dizendo que o Catolicismo manifestaria fraqueza
se pactuasse com os erros que se insinuassem nas fileiras de seu fiéis, mas
que, pelo contrário, manifestava vitalidade, eliminando as escórias e impurezas
doutrinárias que procurassem insinuar-se entre eles.
-------------
|