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Plinio Corrêa de Oliveira Em defesa da Ação Católica IntraText CT - Texto |
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b) – para com os que merecem a punição. Acrescentemos desde logo que, se o mal eventual que uma pena pode causar a certas almas não é, por vezes, senão um justo castigo que elas mereciam e cuja iminência não deve desarmar a defesa de direitos mais altos, como os da Igreja e dos demais membros da associação, pelo contrário a pena constitui por vezes medicina salutar para o próprio faltoso. Assim, poupar-lhe a pena será roubar ao miserável o acesso ao único caminho que ainda o poderia conduzir para a emenda. Pelo que é verdadeira falta de caridade reduzir os artigos penais dos estatutos a uma ineficácia completa ou quase completa. O filho pródigo só voltou ao lar paterno, após haver sido duramente castigado pelas conseqüências de seu ato. A Providência Divina tem trazido, geralmente, por via da penitência e da punição, os maiores pecadores ao bom caminho, a tal ponto que bem podemos considerar as maiores desventuras como as mais preciosas das graças que Deus faz ao pecador. As próprias almas justas só progridem à custas das purgações espirituais, por vezes atrozes, de seus defeitos, e muita razão teve a alma piedosa que chamou ao sofrimento o oitavo Sacramento. Assim, será o caso de perguntar-se, quando erigimos em método a perpétua inaplicação de penas, se não roubamos às almas faltosas um precioso meio dè emenda. A resposta não pode deixar de ser afirmativa. "O pai que poupa a vara a seu filho não ama seu filho", diz a Escritura. O presidente que, sistematicamente, e sem qualquer discernimento, recusa penas merecidas por seus jurisdicionados, odeia-os. Lembramo-nos de certo Presidente que lamentava a decadência geral de seu sodalício. As regras já não eram observadas, a freqüência caía e o espírito geral, dia a dia, indicava novos sinais de torpor. "Reconheço, dizia-nos ele, que algumas exclusões remediariam o mal, mas – e voltou os olhos obliquamente para o céu, sorrindo ao mesmo tempo com visível complacência – sou bom demais para isso". Bom demais? É bom demais quem assiste, por moleza, ao esfacelamento de uma iniciativa de cujo êxito dependeria a salvação de tantas almas? Sem hesitação afirmamos que essa pessoa fazia maior mal à Igreja do que todas as seitas e igrejas protestantes, espíritas, etc., que funcionavam no mesmo lugar. Na realidade, é tão precioso o efeito da pena sobre o delinqüente, que "aquele que poupa a vara a seu filho odeia seu filho" como dizem os Provérbios (XIV, 24). Se a A. C. poupar a seus membros punições que forem realmente indispensáveis, odeia-os. Pelo contrário, “aquele que ama seu filho, corrige-o continuadamente" (Prov., XIV, 24). Porque? "A loucura está ligada ao coração do menino, mas a vara a afugentará". (Prov., XXII, 15). Do menino... e de quantos adultos! Há almas que precisam de um castigo para que se não percam eternamente: "Não poupes a correção ao menino, porque se lhe bateres com a vara não morrerá. Tu lhe baterás com a vara, e livrarás a sua alma ao inferno". (Prov., XXIII, 13-14). Ora isto equivale a dizer: "se não lhe bateres com a vara, exporás sua alma ao inferno". Quanta razão, tem, pois, o Divino Espírito Santo ao dizer: "Melhor é a correção manifesta do que o amor escondido. Melhores são as feridas feitas pelo que ama, do que os ósculos fraudulentos do que quer mal". (Prov., XXVII, 5-6). Não receemos, pois, de faltar com a caridade, fazendo uso decidido e efetivo dos castigos. Com efeito, temos por modelo o próprio Deus que, "cheio de compaixão, ensina e castiga os homens, como um pastor faz a seu rebanho" (Eclesiástico, XVIII, 13). Seria ridículo argumentar em sentido contrário com as belíssimas palavras do Eclesiastes (VII, 19), quando diz: "bom é que sustentes o justo, mas também não retires a tua mão daquele que não o é, pois o que teme a Deus nada despreza". Com efeito, "retirar a mão" é não prestar socorro; e, se como acabamos de ver, a punição é um autêntico socorro, "retira a mão" do pecador, e "despreza-o", aquele que não o pune quando necessário. Severidades do Antigo Testamento, abrogadas pela Lei da Graça? Estultície! Ouçamos S. Paulo: "estais esquecidos daquela exortação de Deus, que vos fala como a filhos, dizendo "Filho meu, não desprezes o castigo do Senhor, nem desanimes quando por ele és repreendido, porque o Senhor castiga aquele que ama, e açoita todo o filho que reconhece por seu." "Sede perseverantes sob o castigo. Deus trata-vos como filhos; porque, qual é o filho a quem seu pai não corrige? Se, porém, estais isentos de castigo, do qual todos são participantes, então sois bastardos, e não filhos legítimos. Além disso, visto que nossos pais segundo a carne nos castigam, e nós os respeitamos, quanto mais não devemos ser obedientes ao Pai dos espíritos para ter a vida? E aqueles castigam-nos por um período de poucos dias, segundo sua vontade; este, porém, tanto quanto é útil para nos tornar participantes de sua santidade. Ora, na verdade, toda a correção no presente não parece um motivo de gozo, mas de tristeza, porém, depois, dará um fruto de paz e de justiça aos que por ela forem exercitados". (Hebr., 12, 4-11). Muito se tem falado do egoísmo dos professores que, por não quererem conter o mau humor, punem excessivamente seus alunos. No dia do Juízo Final se verá que o número de almas que se perderam porque professores egoístas não quiseram impor-se a si próprios o dissabor de castigar um aluno, é muito maior do que geralmente se pensa. Cumpre acrescentar que a penalidade é, muitas vezes, o único meio para desagravar os princípios ofendidos, ou a autoridade desacatada. Renunciar a ela implica em introduzir no sodalício um ambiente de indiferentismo doutrinário ou de laxismo cujas conseqüências são imensamente funestas.
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