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Plinio Corrêa de Oliveira Em defesa da Ação Católica IntraText CT - Texto |
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A Tática do Terreno Comum
Falamos em capítulo anterior, da famosa "tática do terreno comum". Consiste ela em evitar constantemente qualquer tema que possa constituir motivo de desavença entre católicos e não católicos e pôr em evidência tão somente o que possa haver de comum entre uns e outros. Jamais uma separação de campos, um esclarecimento de ambigüidades, uma definição de atitudes. Enquanto um indivíduo for ou se disser católico por mais que seus gestos ou palavras difiram de suas idéias, sua vida destoe de sua crença e sua própria sinceridade possa ser posta em dúvida, jamais contra ele se deverá tomar uma atitude enérgica, sob pretexto de que é preciso não "romper o arbusto partido nem extinguir a mecha que ainda fumega". Como se deve proceder neste delicado assunto, dí-lo entretanto, e eloqüentemente o texto seguinte, que prova que uma justa paciência jamais deve atingir os limites da imprudência e da imbecilidade: "Toda a árvore pois, que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo. Eu na verdade, batizo-vos com água para (vos levar à) penitência, mas o que há-de vir depois de mim é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de lhe levar o calçado; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. Ele tem a pá na sua mão, e limpará bem a sua eira, e recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível" (S. Mateus, III, 10 a 12). Quanto a ocultar os motivos de desacordo que nos separam daqueles que são apenas imperfeitamente nossos, o Divino Mestre não procedeu assim nas numerosas circunstâncias que abaixo examinaremos: Os fariseus levavam uma vida de piedade, ao menos na aparência, e Nosso Senhor, longe de ocultar o quanto esta aparência era insuficiente de receio de os irritar e de os distanciar ainda mais de si, investiu claramente contra eles, dizendo-lhes: "Nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus; mas o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no reino dos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome, e em teu nome expelimos os demônios, e em teu nome fizemos muitos milagres? E então eu lhes direi bem alto: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que obrais a iniqüidade" (S. Mateus, VII, 21 a 23). Poderia irritar esta linguagem? Poderia ela suscitar contra o Salvador o ódio dos fariseus, em lugar de os converter? Pouco importa. As acomodações fáceis se bem que ilusórias, não podiam ser praticadas pelo Mestre, que preferiu para si, e para seus discípulos de todos os séculos, a luta declarada: "Não julgueis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho do seu pai, e a filha de sua mãe, e a nora da sua sogra. E os inimigos do homem (serão) os seus próprios domésticos. O que ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e o que ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim. E o que não toma a sua cruz e (não) me segue, não é digno de mim. O que se prende à sua vida, perdê-la-á; e o que perder a sua vida por meu amor, achá-la-á (S. Mateus, X, 32 a 39). Como muita gente de nossos dias, com a qual espíritos acomodatícios e pacifistas preferem contemporizar perpetuamente, também os fariseus tinham "algo de bom". Entretanto, não foram eles tratados segundo as agradáveis práticas da tática do terreno comum. Numa lógica impecável os fustigou o Mestre com as seguintes palavras: "Ou dizei que a árvore é boa e o seu fruto bom; ou dizei que a árvore é má, e o seu fruto mau; pois que pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis dizer coisas boas, vós, que sois maus? Porque a boca fala da abundância do coração. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro (do seu coração); e o mau homem tira más coisas do mau tesouro" (S. Mateus, XII, 33 e 35). E quando a experiência demonstrou que os fariseus rejeitaram a imensa e adorável graça contida nas palavras fulminantes do Salvador, e ainda mais se revoltaram contra este, o Mestre nem por isto mudou de tática: "Então, aproximando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: – Sabes que os fariseus, ouvindo estas palavras, se escandalizaram? Mas ele, respondendo, disse: Toda a planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada pela raiz. Deixai-os; são cegos, e guias de cegos; e, se um cego guia outro cego, ambos caem na fossa. E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola. E Jesus respondeu: Também vós estais ainda sem inteligência?" (S. Mateus, XV, 12 a 16). Com isto demonstrou Ele que o receio de desgostar e de revoltar os faltosos contra a Igreja, não pode ser o único móvel de nossos processos de apostolado. E, no entanto, quantos são hoje em dia, os que estão como São Pedro e os apóstolos, "sem inteligência", e não entendem a admirável lição de energia e de combatividade que o Mestre Divino nos deu! Qual de nossos românticos liberais seria capaz de dizer aos modernos perseguidores da Igreja estas palavras: "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! que pagais a dízima da hortelã e do endro e do cuminho, e desprezastes os pontos mais graves da lei, a justiça, e a misericórdia e a fé. São estas coisas que era preciso praticar, sem omitir as outras. Condutores cegos, que filtrais um mosquito e engolis um camelo! "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! porque limpais o que está por fora do copo e do prato; e por dentro estais cheios de rapinas e de imundície. Fariseu cego, purifica primeiro o que está dentro do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo. "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros branqueados, que por fora parecem formosos aos homens, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos, e de toda podridão. Assim também vós por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniqüidade. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! que edificais os sepulcros dos profetas, e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se nós tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas. Assim dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Acabai pois de encher as medidas de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação ao inferno? Por isso, eis que eu vos envio profetas, e sábios, e escribas e matareis e crucificareis uns, e açoitareis outros nas vossas sinagogas, e os perseguireis de cidade em cidade; para que caia sobre vos todo o sangue justo que se tem derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que vós matastes entre o templo, e o altar. Em verdade vos digo que tudo isto virá sobre esta geração" (S. Mateus, XXIII, 23 a 36). No entanto, freqüentemente não são eles menos maus que os fariseus já que nem sequer são bons em sua doutrina, em geral escandalosos públicos e depravados que, à corrupção dos fariseus, somam o enorme pecado do mau exemplo, e do orgulho de serem maus. Voltamos a dizer que é um erro imaginar-se que já não há hoje pessoas tão más como as que existiam nos tempos de Nosso Senhor, já que Pio XI nos considerou à beira de um abismo mais profundo do que aquele em que o mundo jazia antes da Redenção. Entretanto, como são numerosas as pessoas que receariam tolamente pecar contra a caridade se dirigissem aos adversários da Igreja uma apostrofe tão veemente! Dos fariseus, disse Nosso Senhor: – "Com razão Isaías profetizou de vós, hipócritas, como está escrito: – Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (S. Marcos, VII, 8). Como imitaríamos bem o Divino Mestre, se dos materialistas corruptos dos nossos dias, disséssemos: "blasfemais contra Deus com vossos lábios e vosso coração está longe dele". Nosso Senhor previu bem que este processo irritaria sempre certos inimigos contra a Igreja: "Então o irmão entregará à morte o seu irmão, e o pai o filho; e os filhos levantar-se-ão contra os pais, e lhes darão a morte. E sereis odiados de todos por causa do meu nome. Mas o que perseverar até o fim (da sua vida), esse será salvo" (S. Marcos, XIII, 12 a 13). Mas a mais alta forma de caridade consiste precisamente em fazer o bem, por meio de conselhos claros e se necessário for heroicamente agudos, àqueles mesmos que talvez nos paguem este bem arrastando-nos à morte. Por isto, disse Nosso Senhor aos que mais tarde O matariam, mas então O aplaudiam: "Em verdade, em verdade vos digo: vós buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães, e ficastes saciados" (S. João, VI, 26). É um erro ocultar sistematicamente ao pecador seu verdadeiro estado. S. João, por exemplo, não hesitou em dizer (1, III, 8): – "Aquele que comete pecado é filho do demônio". – E por isto foi o Apóstolo do amor muito categórico escrevendo: "Todo o que se aparta e não permanece na doutrina de Cristo, não tem (união com) Deus; o que permanece na doutrina, este tem (união intima com) o Padre e o Filho. Se alguém vem a vós, e não trás esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis. Porque quem o saúda, participa (em certo modo) das suas obras más" (2, S. João, 9 a 11). E em outra ocasião afirmando: "Eu talvez tivera escrito à Igreja, porém esse Diótrefes, que gosta de ter a primazia entre eles, não nos recebe; por isso, se eu lá for, recordar-lhe-ei as obras que ele faz, palrando com palavras más contra nós; e como se isto não lhe bastasse, não só recusa hospedagem aos irmãos, mas proíbe (recebê-los) àqueles que os recebem, e lança-os fora da Igreja" (3, S. João, 9 a 10). Numa atitude viril contra os inimigos da Igreja e plenamente conforme ao Novo Testamento: "Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes suportar os maus, e experimentaste os que dizem ser apóstolos, e não o são, e os achaste mentirosos" (Apoc., II, 2). E por isto também se lê no Apocalipse: "Isto, porém, tens (de bom), que aborreces as ações dos Nicolaitas, que eu também aborreço" (Idem, II, 6). Em suma, a chamada "tática do terreno comum", quando empregada, não a título excepcional, mas de modo freqüente e habitual, é a canonização do respeito humano, e, levando o fiel a dissimular sua Fé, é a violação declarada destas palavras do adorável Mestre: "Vós sois o sal da terra. E, se o sal perder a sua força, com que será ele salgado? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte; nem acendem uma lucerna, e a põem debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, afim de que ela dê luz a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus" (S. Mateus, V, 13 a 16). Quanto ao conselho que se dá em certos círculos da A. C., de ocultar aos estagiários a aspereza da vida espiritual e as lutas interiores daí decorrentes, como é diverso o procedimento do Salvador que, às almas que desejava atrair. dizia esta verdade terrível: "E, desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus sofre violência, e os violentos arrebatam-no" (S. Mat., XI, 12). E declarava também: "Se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor te é entrar na vida (eterna) manco, do que tendo duas mãos, ir para o inferno, para o fogo inextinguível, onde o verme não morre, e o fogo não se apaga. E se o teu pé te escandaliza, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna coxo, do que, tendo dois pés, ser lançado no inferno num fogo inextinguível, onde o verme não morre, e o fogo não se apaga. E se o teu olho te escandaliza, lança-o fora; melhor te é entrar no reino de Deus sem um olho, do que tendo dois, ser lançado no fogo do inferno, onde o verme não morre, e o fogo não se apaga" (S. Marc., IX, 42 a 47). Mas, poder-se-á objetar, esta linguagem não repele as almas? As almas duras, frias, tíbias, sim. Mas se Nosso Senhor não quis ter entre os seus tais almas, e usou uma linguagem apta a desviar de Si esses elementos inúteis, queremos nós ser mais sábios, mais brandos e mais compassivos do que o Homem-Deus, e chamar a nós os que Ele não quis? Os apóstolos compreenderam e seguiram o exemplo do Mestre. Há em nossos dias muitos espíritos tão contentáveis, que consideram católicos, apostólicos, romanos dos mais autênticos e dignos de confiança a quaisquer políticos que falem em Deus em um ou outro discurso. É a tática de só ver o que nos une e não o que nos separa. Quem diria a um desses vagos "deístas", em certos círculos liberais, estas terríveis palavras de S. Tiago: “Tu crês que há um só Deus; fazes bem; também os demônios o crêem e temem” (Tg. 2, 19)? E quem diria a muito sibarita de hoje: "Eia pois, ó ricos chorai, soltai gritos por causa das misérias que virão sobre vós. As vossas riquezas apodreceram, e os vossos vestidos foram comidos da traça. O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se, e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e devorará as vossas carnes como um fogo. Juntastes para vós um tesouro de ira para os últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores, que ceifaram os vosso campos, o qual foi defraudado por vós, clama contra vós, e o clamor deles subiu até os ouvidos do Senhor dos Exércitos. Vivestes em delícias sobre a terra, e em luxúrias cevastes os vossos corações, como para o dia da inundação. Condenastes e matastes o justo, e ele não vos resistiu" (S. Tg. 5, 1-6). É esta, entretanto, a conduta do cristão, cujo espírito santamente altivo não tolera subterfúgios nem sinuosidades em matéria de profissão de Fé. Como devemos fazer apostolado? Com as armas da franqueza: "Mas seja vossa palavra: sim, sim; não, não; para que não caiais em condenação" (S. Tg. 5,12). Sem que declaremos por palavras e atos nossa Fé, não estaremos fazendo apostolado, pois que estaremos ocultando a luz de Cristo que brilha em nós, e que de nosso interior deve transbordar para iluminar o mundo: "... afim de serdes irrepreensíveis e sinceros filhos de Deus. sem culpa no meio de uma nação corrompida, onde vós brilhais como astros do mundo" (Fil. 2, 15). De nada fujamos, de nada nos envergonhemos: "Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, e de caridade, e de temperança. Portanto, não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas participa comigo dos trabalhos do Evangelho, segundo a virtude de Deus" (2 Tim. 1, 7- 8). Nesta atitude há causas de atritos? Pouco importa. Devemos viver "lutando unânimes pela fé do Evangelho; e em nada tenhamos medo dos adversários, o que para eles é sinal de perdição, e para vós de salvação, e isto vem de Deus" (Fil. 1, 27-28). Qualquer caridade que pretenda exercer-se em detrimento dessa regra é falsa: "O amor seja sem fingimento. Aborrecei o mal, aderi ao bem." (1 Rom. 12, 9). Mais uma vez insistimos: se houver quem fuja diante da austeridade da Igreja, fuja, porque não é do número dos eleitos. "Porque Cristo não me enviou a batizar, mas a pregar o Evangelho, não com a sabedoria das palavra, para que não se torne inútil a cruz de Cristo. Porque a palavra da cruz é uma loucura para os que se perdem, mas, para os que se salvam, isto é, para nós, é a virtude de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e reprovarei a prudência dos prudentes. Onde está o sábio? Onde o doutor? Onde o indagador deste século? Porventura não convenceu Deus de loucura a sabedoria deste mundo? Porque, como ante a sabedoria de Deus não conheceu o mundo a Deus pela sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes por meio da loucura da pregação. Porque os judeus exigem milagres, e os gregos procuram a sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gentios, mas, para os que são chamados (à salvação) quer dos judeus, quer dos gregos, é Cristo virtude de Deus, e sabedoria de Deus" (1, Cor. 1, 17-24). É duro agir sempre assim. Mas um animo varonil, sustentado pela graça, tudo pode: "Vigiai, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente" (1 Cor. 16, 13). E, por outro lado, os que não querem lutar devem renunciar à vida de católicos, que é uma luta sem cessar, como adverte minuciosa e insistentemente o Apóstolo: "De resto, irmãos, fortalecei-vos no Senhor e no poder da sua virtude. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Porque nós não temos que lutar (somente) contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos malignos (espalhados) pelos ares. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e ficar de pé depois de ter vencido tudo. Estai, pois, firmes tendo cingido os vossos rins com a verdade, e vestido a couraça da justiça, e tendo os pés calçados para ir anunciar o Evangelho da paz; sobretudo tomai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do maligno; tomai também o elmo da salvação e a espada do espírito, que é a palavra de Deus; orando continuamente em espírito com toda a sorte de orações e súplicas, e vigiando nisto mesmo com toda a perseverança, rogando por todos os santos, e por mim, para que me seja dado abrir a minha boca e pregar com liberdade o mistério do Evangelho do qual eu, mesmo com algemas, sou embaixador, e para que eu fale corajosamente dele, como devo" (Efes, 6, 10-20). Não é outra a doutrina que se contém neste fato da vida do Divino Salvador: "Responderam então os Judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós com razão que tu és um Samaritano, e que tens demônio? Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; mas honro o meu Pai e vós a mim me desonrastes. E eu não busco a minha glória; há quem tome cuidado dela, e quem fará justiça. Em verdade, em verdade vos digo: quem guardar a minha palavra, não verá a morte eternamente. "Disseram-lhe pois os Judeus: Agora reconhecemos, que estás possesso do demônio. Abraão morreu e os profetas, e tu dizes: Quem guardar a minha palavra, não provará a morte eternamente. Porventura és maior do que nosso pai Abraão que morreu? E os profetas também morreram. Que pretendes tu ser? – Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, não é nada a minha glória; meu Pai é que me glorifica, aquele que vós dizeis que é vosso Deus. Mas vós não o conhecestes; eu sim conheço-o; e, se disser que o não conheço serei mentiroso como vós. Mas conheço-o, e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, suspirou por ver o meu dia; viu-o e ficou cheio de gozo. Disseram-lhe por isso, os Judeus: Tu ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus; Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão fosse feito, eu sou. "Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus encobriu-se, e saiu do templo" (S. João, VIII, 48 a 59). E não só de possesso como ainda de blasfemo foi N. S. acusado: "Então os Judeus pegaram em pedras para lhe atirarem. Jesus disse-lhes: Tenho-vos mostrado muitas obras boas (que fiz) por virtude de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais? Responderam-lhe os Judeus: Não é por causa de nenhuma obra boa que te apedrejamos, mas pela blasfêmia, e porque tu, sendo homem, te fazes Deus" (S. João. X. 31 a33).
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