Animados pelo amor
79. A obra da evangelização pressupõe no evangelizador um
amor fraterno, sempre crescente, para com aqueles a quem ele evangeliza. Aquele
modelo de evangelizador que é o apóstolo Paulo escrevia aos tessalonicenses
estas palavras que são para todos nós um programa: "Tanto bem vos
queríamos que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a
própria vida, de tanto amor que vos tínhamos",127 E de que gênero
é essa afeição? Muito maior do que aquela que pode ter um pedagogo, é a afeição
de um pai, e mais ainda, a de uma mãe.128 É uma afeição assim, que o
Senhor espera de cada pregador do Evangelho e de cada edificador da Igreja.
Será um sinal de amor a preocupação de comunicar a verdade e de introduzir
na unidade. Será igualmente um sinal de amor devotar-se sem reservas e sem
subterfúgios ao anúncio de Jesus Cristo.
E acrescentamos ainda mais alguns
outros sinais deste amor. O primeiro é o respeito pela situação
religiosa e espiritual das pessoas a quem se evangeliza: respeito pelo seu
ritmo que não se tem o direito de forçar para além da justa medida; e respeito
pela sua consciência e pelas suas convicções. Elas hão de ser tratadas sem
dureza.
Um outro sinal deste amor é a preocupação por não ferir outrem, sobretudo se
esse outrem é débil na sua fé,129 com afirmações que podem ser claras
para os iniciados, mas para os simples fiéis podem tornar-se fonte de
perturbação e de escândalo, como se fosse uma ferida na alma.
Será também um sinal de amor o esforço para transmitir aos cristãos, não
dúvidas ou incertezas nascidas de uma erudição mal assimilada, mas certezas
sólidas, porque ancoradas na Palavra de Deus. Sim, os fiéis precisam dessas
certezas para a sua vida cristã, eles têm mesmo direito a elas, na medida em
que são filhos de Deus, que se abandonam inteiramente nos seus braços, às
exigências do amor.
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