Evangelização das culturas
20. Poder-se-ia exprimir tudo isto dizendo: importa
evangelizar, não de maneira decorativa, como que aplicando um verniz
superficial, mas de maneira vital, em profundidade e isto até às suas raízes, a
civilização e as culturas do homem, no sentido pleno e amplo que estes termos
têm na Constituição Gaudium et Spes, 50 a partir sempre da
pessoa e fazendo continuamente apelo para as relações das pessoas entre si e
com Deus.
O Evangelho, e conseqüentemente a evangelização, não se identificam por
certo com a cultura, e são independentes em relação a todas as culturas. E no
entanto, o reino que o Evangelho anuncia é vivido por homens profundamente
ligados a uma determinada cultura, e a edificação do reino não pode deixar de
servir-se de elementos da civilização e das culturas humanas. O Evangelho e a
evangelização independentes em relação às culturas, não são necessariamente
incompatíveis com elas, mas suscetíveis de as impregnar a todas sem se
escravizar a nenhuma delas.
A ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama da nossa época,
como o foi também de outras épocas. Assim, importa envidar todos os esforços no
sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das
culturas. Estas devem ser regeneradas mediante o impacto da Boa Nova. Mas um
tal encontro não virá a dar-se se a Boa Nova não for proclamada.
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