Sob o sinal da esperança
28. Por conseguinte, a evangelização não pode deixar de
comportar o anúncio profético do além, vocação profunda e deiinitiva do homem,
ao mesmo tempo em continuidade e em descontinuidade com a sua situação
presente, para além do tempo e da história, para além da realidade deste mundo cujo
cenário passa e das coisas deste mundo, de que um dia se manifestará uma
dimensão escondida; para além do próprio homem, cujo destino verdadeiro não se
limita à sua aparência temporal, mas que virá também ele a ser revelado na vida
futura.58 A evangelização contém, pois, também a pregação da esperança
nas promessas feitas por Deus na Nova Aliança em Jesus Cristo: a pregação do
amor de Deus para conosco e do nosso amor a Deus, a pregação do amor fraterno
para com todos os homens, capacidade de doação e de perdão, de renúncia e de
ajuda aos irmãos, que promana do amor de Deus e que é o núcleo do Evangelho; a
pregação do mistério do mal e da busca ativa do bem. Pregação, igualmente, e
esta sempre urgente, da busca do próprio Deus, através da oração, principalmente
de adoração e de ação graças, assim como através da comunhão com o sinal
visível do encontro com Deus que é a Igreja de Jesus Cristo.
Uma tal comunhão exprime-se, por sua vez, mediante a realização dos outros
sinais de Cristo vivo e a agir na Igreja, quais são os sacramentos. Viver desta
maneira os sacramentos, de molde a fazer com que a celebração dos mesmos atinja
uma verdadeira plenitude, não é de modo algum, como às vezes se pretende,
colocar um obstáculo ou aceitar um desvio da evangelização; é antes
proporcionar-lhe a sua integridade. Efetivamente, a totalidade da evangelização
para além da pregação de uma mensagem, consiste em implantar a Igreja, a qual
não existe sem esta respiração, que é a vida sacramental a culminar na
Eucaristia. 59
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