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Pius PP. XI Mortalium animos IntraText CT - Texto |
15. Princípio até o indiferentismo e o modernismo
Não sabemos, pois, como por essa grande divergência
de opiniões seja defendida o caminho para a realização da unidade da Igreja:
ela não pode resultar senão de um só magistério, de uma só lei de crer, de uma
só fé entre os cristãos. Sabemos, entretanto, gerar-se facilmente daí um degrau
para a negligência com a religião ou o Indiferentismo e para o denominado
Modernismo. os que foram miseravelmente infeccionados
por ele defendem que não é absoluta, mas relativa a verdade revelada, isto é,
de acordo com as múltiplas necessidades dos tempos e dos lugares e com as
várias inclinações dos espíritos, uma vez que ela não estaria limitada por uma
revelação imutável, mas seria tal que se adaptaria à vida dos homens.
Além disso, com relação às coisas que devem ser cridas, não é lícito
utilizar-se, de modo algum, daquela discriminação que houveram por bem
introduzir entre o que denominam capítulos fundamentais e capítulos não
fundamentais da fé, como se uns devessem ser recebidos por todos, e, com
relação aos outros, pudesse ser permitido o assentimento livre dos fiéis: a
Virtude sobrenatural da fé possui como causa formal a autoridade de Deus
revelante e não pode sofrer nenhuma distinção como esta.
Por isto, todos os que são verdadeiramente de Cristo consagram, por exemplo, ao
mistério da Augusta Trindade a mesma fé que possuem em relação dogma da Mãe de
Deus concebida sem a mancha original e não possuem igualmente uma fé diferente
com relação à Encarnação do Senhor e ao magistério infalível do Pontífice
romano, no sentido definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano.
Nem se pode admitir que as verdade que a Igreja, através de solenes decretos,
sancionou e definiu em outras épocas, pelo menos as proximamente superiores,
não sejam, por este motivo, igualmente certas e nem devam ser igualmente
acreditadas: acaso não foram todas elas reveladas por Deus?
Pois, o Magistério da Igreja, por decisão divina, foi constituído na terra para
que as doutrinas reveladas não só permanecessem incólumes perpetuamente, mas
também para que fossem levadas ao conhecimento dos homens de um modo mais fácil
e seguro. E, embora seja ele diariamente exercido pelo Pontífice Romano e pelos
Bispos em união com ele, todavia ele se completa pela tarefa de agir, no
momento oportuno, definindo algo por meio de solenes ritos e decretos, se
alguma vez for necessário opor-se aos erros ou impugnações dos hereges de um
modo mais eficiente ou imprimir nas mentes dos fiéis capítulos da doutrina
sagrada expostos de modo mais claro e pormenorizado.
Por este uso extraordinário do Magistério nenhuma invenção é introduzida e
nenhuma coisa nova é acrescentada à soma de verdades que estando contidas, pelo
menos implicitamente, no depósito da revelação, foram
divinamente entregues à Igreja, mas são declaradas coisas que, para muitos
talvez, ainda poderiam parecer obscuras, ou são estabelecidas coisas que devem
ser mantidas sobre a fé e que antes eram por alguns colocados sob controvérsia.