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Pius PP. XI Mortalium animos IntraText CT - Texto |
9. Um erro capital do movimento ecumêmico na pretendida união das Igrejas cristãs
Ocorre-nos dever esclarecer e afastar aqui certa opinião falsa, da qual
parece depender toda esta questão e proceder essa múltipla ação e conspiração
dos acatólicos que, como dissemos, trabalham pela
união das igrejas cristãs.
Os autores desta opinião acostumaram-se a citar, quase que indefinidamente, a
Cristo dizendo: "Para que todos sejam um"... "Haverá um só
rebanho e um só Pastos"(Jo 27,21; 10,16). Fazem-no todavia de modo que,
por essas palavras, queriam significar um desejo e uma prece de cristo ainda
carente de seu efeito.
Pois opinam: a unidade de fé e de regime, distintivo
da verdadeira e única Igreja de Cristo, quase nunca existiu até hoje e nem hoje
existe; que ela pode, sem dúvida, ser desejada e talvez realizar-se alguma vez,
por uma inclinação comum das vontades; mas que, entrementes, deve existir
apenas uma fictícia unidade.
Acrescentam que a Igreja é, por si mesma, por natureza, dividida em partes,
isto é, que ela consta de muitas igreja ou comunidades particulares, as quais,
ainda separadas, embora possuam alguns capítulos comuns de doutrina, discordam
todavia nos demais. Que cada uma delas possui os mesmos direitos, que, no máximo, a Igreja foi única e una, da época apostólica até
os primeiros concílios ecumênicos.
Assim, dizem, é necessários colocar de lado e afastar as controvérsias e as
antiquíssimas variedade de sentenças que até hoje impedem a unidade do nome cristão
e, quanto às outras doutrinas, elaborar e propor uma certa lei comum de crer,
em cuja profissão de fé todos se conhecam e se sintam como irmãos, pois, se as
múltiplas igrejas e comunidades forem unidas por um certo pacto, existiria já a
condição para que os progessos da impiedade fossem futuramente impedidos de
modo sólido e frutuoso.
Estas são, Veneráveis Irmãos, as afirmações comuns.
Existem, contudo, os que estabelecem e concedem que o chamado Protestantismo,
de modo bastante inconsiderado, deixou de lado certos capítulos da fé e alguns
ritos do culto exterior, sem dúvida gratos e úteis, que, pelo contrário, a
Igreja Romana ainda conserva.
Mas, de imediato, acrescentam que esta mesma Igreja também agiu mal,
corrompendo a religião primitiva por algumas doutrinas alheias e repugnantes ao
Evangelho, propondo acréscimos para serem cridos: enumeram como o principal
entre estes o que versa sobre o Primado de Jurisdição atribuído a Pedro e a
seus Sucessores na Sé Romana.
Entre os que assim pensam, embora não sejam muitos, estão os que
indulgentemente atribuem ao Pontífice Romano um primado de honra ou uma certa
jurisdição e poder que, entretanto, julgam procedente não do direito divino,
mas de certo consenso dos fiéis. Chegam outros ao ponto de, por seus conselhos,
que diríeis serem furta-cores, quererem presidir o próprio Pontífice.
E se é possível encontrar muitos acatólicos pregando à boca cheia a união fraterna em Jesus Cristo, entretanto não
encontrareis a nenhum deles em cujos pensamentos esteja a submissão e a
obediência ao Vigário de Jesus Cristo enquanto docente ou enquanto governante.
Afirmam eles que tratariam de bom grado com a Igreja Romana, mas com igualdade
de direitos, isto é, iguais com um igual. Mas, se pudessem fazê-lo, não parece
existir dúvida de que agiriam com a intenção de que,
por um pacto que talvez se ajustasse, não fossem coagidos a afastarem-se
daquelas opiniões que são a causa pela qual ainda vagueiem e errem fora do
único aprisco de Cristo.