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e) A PROMOÇÃO DAS VOCAÇÕES
“Multiplicar
os sacerdotes é o mesmo que dar vida a todas as boas obras.”
Multiplicar
estes sacerdotes é o mesmo que dar vida a todas as boas obras imagináveis.
Meus
irmãos, dizia a seus missionários aquele incomparável herói da caridade S.
Vicente de Paulo, pensemos à vontade, e veremos não poder contribuir para coisa
melhor, que a de formar um bom padre.
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Quereis conhecer
o mérito superabundante que adquire quem acolhe no Seminário os pequenos do
Senhor? Escutai Jesus mesmo: Quem vos recebe, a mim recebe; e aquele que terá
dado de beber a um destes pequeninos, um só copo de água fresca, por minha
causa, em verdade vos digo; não ficará sem a sua recompensa. Qual é esta
recompensa? Ouvi, de novo Jesus Cristo: Quem recebe um profeta, receberá a
recompensa de profeta; quer dizer, como explica Crisóstomo, quem ajuda a formar
um ministro do Evangelho, tem parte em todo o bem que o ministro faz, e terá de
Deus a recompensa mesma que terá o ministro, recompensa imensurável.29
“Esforçai-vos
por preparar continuadores vossos.”
Meus amados irmãos, párocos e sacerdotes caríssimos, esforçai-vos por
preparar desde agora continuadores vossos, que possam depois compensar a
Diocese, quando esta sentir a dor de vos perder. Para isto observai, em vossas
paróquias, se há algum menino de espírito aberto, de índole disposta, de
caráter vivaz, mas ao mesmo tempo dócil, estudioso, modesto, de costumes
ilibados e inclinado ao serviço dos altares. Descobrindo-o começai cultivá-lo,
com particular cuidado, isto vos recomendo. De acordo com os pais, procurai
inscrevê-lo na sagrada milícia (...).
Feliz
o pároco que houver cooperado para ao menos, formar um padre, para a Igreja!
Embora ele no campo da Patrão evangélico, não tenha talvez trabalhado, com toda
a diligência e zelo, com todo o fervor que a necessidade dos tempos exigiam,
poderá mesmo assim, apresentar-se cheio de confiança ao divino Juiz, sabendo
ter deixado quem continue a celeste missão sobre a terra; ele continuará, de
certo modo, a evangelizar, a instruir, a apresentar, sempre novos ceifadores ao
dono da messe. 30
“Feliz quem
dá um sacerdote para a Igreja.”
Não
deveis, nem mesmo temer que vossas esperanças sejam frustradas. Quando mesmo na
árvore da caridade não virdes amadurecer, aqui na terra, os frutos desejados,
eles amadurecerão em vossa conta, nos canteiros do Paraíso. Nunca uma obra
virtuosa perdida na presença do Senhor. Também quando os jovens levitas,
recolhidos no Seminário, fossem levados a abandoná-lo e apenas a poucos, fosse
dado alcançar a meta, - 186 -
aqueles
poucos tornar-se-ia um tesouro, seriam uma alegria no céu e na terra.
Entre
cem gotas de chuva que caem no solo, noventa e oito se transformam em lama, mas
as outras duas, uma cai sobre a fronte da criança, no banho batismal, e dá à
Igreja um filho; a outra cai no cálice do Sacerdote, identifica-se com o sangue
de Cristo e dá Deus aos homens. Feliz, repito, mil vezes feliz, quem dá um
sacerdote para a Igreja! 31
“Quantas
vocações perdidas por culpa dos pais.”
Vós
bem sabeis quantas preciosas vocações se perdem miseravelmente, por culpa dos
próprios país. Portanto, não deixeis de colocar sob os olhos dos pais e das
mães as terríveis conseqüências de que se tornam responsáveis, diante de Deus,
quando direta e abertamente se opõem à vocação dos próprios filhos; quando com
invencível resistência fecham-lhes as portas do Santuário, quando, com
bajulações e com ameaças, constrange-os a arrastarem ignóbeis e pesadas
correntes do mundo, quem tinha nascido para dilatar, sobre a terra, o Reino de
Deus.
Previnam-nos
contra o amor desordenado e sensual, que faz alguns deles considerarem quase
perdidos para a família e para a linhagem, os que dentre seus filhos vestirem
as sagradas insígnias.
Oh!
quantos exemplos vemos de pais, que depois de terem contrariado a vocação dos
filhos por objetivos terrenos, descobrem, mas muito tarde, terem preparado para
si mesmos e para os próprios filhos, uma vida de infelicidade e de desventura!
Portanto,
ó veneráveis irmãos, lembrai-os de que, se devem cuidar para não empurrar os
filhos para um caminho que não lhes seja o próprio, devem também cuidar-se de
não desviá-los daquele, para o qual Deus os chama. Ensinai-lhes como, em vez de
se oporem àquela vocação e se entristecerem, devem através da educação cristã,
cultivá-la, desenvolvê-la, defendê-la e sentirem-se altamente honrados, como
nos tempos mais belos da fé, sentiam-se honrados, os nossos antepassados.
Dizei-lhes, outrossim, que a vocação ao sagrado ministério é como um germe
delicadíssimo, introduzido pela própria mão de Deus, na alma que vem peregrinar
sobre a terra. Colocarão eles aquele germe em condições propícias? Com rápido
movimento vê-lo-ão crescer, florescer, dar fruto. Colocá-lo-ão em condições
contrárias? Ele morrerá inevitavelmente, sem um milagre da onipotência divina.
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“Os seminários: amo-os como a pupila dos
meus olhos.”
A
Diocese Placentina tem também os seus seminários. Na verdade é mais caro ao meu
coração, que estes queridos e religiosos Institutos. Oh! sim, eu os amo. Amo-os
como a pupila dos meus olhos, porque é nas crescentes esperanças do sacerdócio,
que eu vejo uma garantia da futura prosperidade do meu rebanho. Por isso, me
submeto de bom grado, a enormes sacrifícios, por isso, eu continuo a fazer
também hoje tudo o que é possível; mas, ó queridos, só as minhas forças não
bastam. Tenho necessidade, e grande necessidade, da vossa ajuda (...).
Os nossos seminários são pobres, geralmente pobres são os jovens que
alí são admitidos. Quase todos, como é conhecido, saem de famílias pobres, sem fortuna,
e por isso, mais ou menos necessitados de ajuda, embora a pensão seja mínima.
Que tormento para o coração de um
Bispo ter que negar, tantas vezes, o ingresso ao seminário, a jovens de belas
esperanças por falta, exatamente de meios! Que dor ouvir dizer que outros,
ainda de melhores esperanças, dever-se-ão, pelo mesmo motivo, retomar às
próprias famílias, sem que seja tomada alguma providência!
Somente vossa caridade,
meus irmãos e filhos, poderá livrar-me destas angústias; é exatamente nisto que
eu coloco minha esperança. Espero também desta vez, não ter recorrido em vão. Gostaria
que cada paróquia, ou ao menos, cada Vicariato da Diocese, se propusesse criar,
no Seminário, um lugar gratuito para clérigos pobres. 33
“Tenho os
seminários cheios.”
Tenho
os seminários não só cheios, mas transbordantes de clérigos e mesmo que eu
quisesse aceitar jovens de outras Dioceses, não poderia. Os Padres, vós o
sabeis, são como remédio. Não é necessário pegar mais do que o necessário, caso
contrário ai! Dentro de alguns anos, neste passo, não saberei onde colocar
todos os meus. É a reação de Deus, que responde desse modo, a quem quer
empobrecer o clero, para reduzir-lhe as fileiras. 34
“Considero-me
afortunadíssimo, ao ver grande parte do meu clero dedicar-se às missões.”
Considero-me feliz, ao ver muitos,
ao menos, alguns do meu clero dedicarem-se à sublime obra das missões. Se bem
que, também aqui, a - 188 -
penúria
dos Sacerdotes começa a se fazer sentir, longe de me opor, não terei para eles
senão palavras de louvor e encorajamento, persuadido de que, um dos meios mais
eficazes para conservar a fé entre nós, será o de proporcioná-la aos povos que
ainda não a possuem.
Inscrito
no Instituto das Missões, e impedido de pertencer a ele pessoalmente, pelo
desejo do saudoso Bispo de Como, pertenço-vos porém sempre pelo afeto e faço
votos ardentíssimos, para que Deus o faça prosperar, abençoe e possa
corresponder, seja em número e em valor, ao seu nobilíssimo fim. 35
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