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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
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  • TERCEIRA PARTE     HOMEM DA PALAVRA E PARA A PALAVRA
    • 2.  APÓSTOLO DO CATECISMO
      • c) AS ESCOLAS E OS MESTRES DA DOUTRINA CRISTÃ
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c) AS ESCOLAS E OS MESTRES DA DOUTRINA CRISTÃ

 

Erijamos em toda a Diocese, as Escolas da Doutrina Cristã.”

 

Conhecemos as graves dificuldades, as muitas fadigas necessárias para este fim, mas nada é impossível à caridade e ao zelo; esses são os grandes inspiradores e os mestres de todo o bem. Existem párocos que, embora colocados em posições difíceis, com caridade e zelo souberam fazer quanto lhes havíamos dito, antes, alguns muito mais, instituindo festas, exames e prêmios para o catecismo, chamando as crianças da primeira comunhão a breves exercícios espirituais, ao que merecidamente dão grande importância, instruindo por longo tempo, os mestres e as mestras, valendo-se de tudo e de todos, para promover esta obra do Senhor.

Sim, com a caridade e o zelo faz-se grandes coisas, diremos com Sto. Agostinho, sem muita fadiga, pois o zelo é fecundo, criativo, paciente, incansável; a caridade não teme as fadigas, antes as ama e às bendiz: “Onde existe amor, não existe cansaço, mas se houver cansaço, mesmo este é amado”, com caridade e zelo se pensa em tudo, tudo se tenta e se cultiva, sucedem-se realizações, a cujo sustento e incremento é infalível a promessa de Deus. Aqueles que ensinam a justiça a muitos brilharão como estrelas, na eternidade (Dn 12).

Queremos retornem ao primitivo vigor, a Companhia e as Escolas da Doutrina Cristã, já instituídas pelos Bispos, nossos antedessores, repetidamente reerguidas pelos Sínodos Diocesanos, que em algumas paróquias decaíram de tal modo, que quase não restem indícios de sua ereção. Como Bispo e Pastor destinado pelo Espírito Santo a apascentar o


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rebanho com o alimento salutar da celeste doutrina, erigimos e declaramos eretas, em toda a fossa Diocese a Companhia e as Escolas de Doutrina Cristã, para alívio de nossa consciência, para maior bem das almas a nós confiadas e para a maior glória de Deus. 17

 

“Em toda paróquia sejam formadas quatro classes.”

 

Em toda paróquia sejam formadas quatro classes:

I — DO PEQUENO CATECISMO

II  — DA PRIMEIRA COMUNHÃO

III — DO CATECISMO GRANDE

IV — DOS ADULTOS

 

I Na primeira escola serão inscritas as crianças menores, que devem aprender as principais verdades da e nas paróquias populosas, esta classe poderá ser subdividida, segundo o número de mestres e das crianças que se apresentam.

É  coisa ótima instruir à parte, aqueles que se preparam para a primeira comunhão, já que no espírito das crianças causa sempre grande e salutar impressão, ser separados dos outros para um fim religioso e santo.

II — Na escola da primeira comunhão serão inscritos os meninos e as meninas que deverão ser admitidos à mesa eucarística. Quanto à idade, seguindo a doutrina de São Carlos, poderão ser aceitos aqueles que têm mais ou menos dez anos (...).

Um ano inteiro, e também dois, para os menos capazes, de especial instrução e ansiosa espectativa, não é excessivo, antes necessário e de grande proveito.

III  — A terceira escola servirá para aqueles que já foram admitidos à primeira comunhão. Nesta escola, que poderá ser subdividida em várias classes, conforme a necessidade, deve-se completar o ensino religioso com uma exposição clara, nobre, digna, sempre fácil e lenta; com instrução sólida, bem preparada, que convença, desenvolva e fortifique a , que faça de cada jovenzinho um cristão de juízo reto, franco, que encontre na sua , não impressões passageiras, mas profundas de virtudes, de santos costumes, que saibam resistir aos ventos furiosos que flagelam a sua crença, às vagas que sempre surgirão ao seu redor.

IV À quarta classe pertencem, enfim, os adultos. Ordinariamente, esta classe é feita ao povo antes da doutrina explicada do púlpito. Muitos


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Sínodos Provinciais e Diocesanos ordenam que também os sacerdotes, que se dedicam a esta instrução, devem ler as perguntas e as respostas do catecismo, explicando-as com a máxima simplicidade, quanto às palavras e quanto ao sentido. A finalidade de tal instrução, como a desta classe, é de capacitar os pais e os adultos em geral, a entender e explicar exatamente o catecismo aos seus filhos. É tão importante para o futuro religioso dos famílias, que esta finalidade seja alcançada, que nós esperamos que todos, também os sacerdotes e párocos, que ensinam na quarta classe a ela se dediquem para o maior bem da instrução. 18

 

“Quem não se inflama deste fogo celeste não pode dizer-se

verdadeiramente cristão.”

 

Quem tem , quem vive de , não só ama a Deus, mas se sente impulsionado a fazer com que também os outros O amem, porque o amor nunca se adapta à indiferença. Disto resulta aquela febre dos santos, de tudo sacrificar pela salvação das almas. Daí os prodígios de caridade e de zelo que lemos em suas histórias e que fazem a admiração dos séculos. O zelo pela glória de Deus os consumia, não os deixava repousar um só instante. Quem não se inflama deste fogo celeste, não pode se dizer verdadeiramente cristão e católico. Verdadeiro cristão e católico é aquele que diz não só com os lábios, cada dia: Senhor venha o teu Reino, mas que estuda todos os modos, usa todos os meios, emprega todas as suas forças, para que este Reino se dilate sempre mais e se torne estável sobre a terra. Verdadeiro cristão e católico é aquele que tem fome e sede de justiça, que procura praticá-la e torná-la conhecida e amada pelos outros, especialmente, promovendo a instrução religiosa, aplicando-se ele mesmo a ela. 19

 

Jesus Cristo é o eterno modelo.”

 

O amor inefável e a terníssima solicitude de Jesus Cristo, para com as crianças, são a glória e a eterna bênção da infância cristã, de tal modo, que o mestre de catecismo não pode, nem deve ter outro modelo diferente d’Aquele que catequizou toda a terra (...).

Os maiores mestres do catecismo, os mais perfeitos, não foram tais, senão porque copiaram em si mesmos, mais que os outros, a imagem deste divino modelo (...).


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O mestres de catecismo, acendei em vós o fogo sagrado do amor que ardia pela infância, no Coração de Jesus Cristo, e persuadi-vos de que não sereis dignos do vosso ministério, se não amardes Jesus Cristo e em Jesus Cristo, as jovens ovelhas do seu místico rebanho (...).

Mas Jesus Cristo deve ser adorado, não só como modelo, do modo com o qual devem ser tratados os jovens, mas também do modo de instruí-los. O método usado por Jesus Cristo para ensinar é divino, por isso o mais conveniente para as crianças.

Aparece desde as primeiras páginas imortais do Evangelho, que Jesus Cristo instruía, com toda a autoridade, mas ao mesmo tempo, com a máxima simplicidade. Ele se vale de exemplos, de trechos de histórias, propõe parábolas, comparações. Jesus Cristo interroga, deixa-se interrogar, esclarecimentos, respostas brevíssimas. No templo, às margens do Jordão, na barca, sentado no monte, inculca com instrução familiar as verdades mais profundas, dogmáticas e morais; freqüentemente, interrompe seus sermões, e pergunta suavemente: compreendestes o que vos expliquei? Entendestes tudo isso? Às vezes, começa com uma interrogação e para imprimir mais vivamente a verdade no espírito, aplica-se em diálogos animados com os ouvintes (...).

Pode-se dizer que o Evangelho é o livro das catequeses de Jesus Cristo Nosso Senhor e cada lição é divinamente ampla, sólida, magnífica, simplicíssima; ela replena de luz celeste, estimula, comove, arrasta com toda a plenitude da verdade, da autoridade; ela será modelo eterno e adorável do ensinamento cristão, como Jesus Cristo é o eterno e adorável modelo da caridade e da santa ternura, que o mestre do catecismo deve dedicar à infância. 20

 

“A escola de catequese não se limita a ensinar, mas educar na .”

 

A escola de catequese não se limita a ensinar às crianças as verdades da , mas educa-as na , não somente lhes ensina o cristianismo, mas educa-as no cristianismo. É necessário não só instruir, mas educar, não só cultivar e desenvolver a mente, mas o coração. O catequista chamado por S. Paulo não tanto de pedagogo, mas de pai, deve educar para Deus, para a Igreja, para o céu, aquelas tenras almas, formando-lhes a inteligência, o coração, o caráter, a consciência com as exortações, com os exemplos, com as práticas, com os exercícios religiosos. 21


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Não se trata apenas de ensinar às crianças as principais verdades da , mas de formar e desenvolver nelas a consciência e o sentimento cristão; trata-se de prepará-las para as grandes práticas religiosas, receber os sacramentos da penitência e da crisma; trata-se de prepará-las a usar a linguagem da , a temer e a esperarem em Deus. 22

Não basta instruir, é necessário que esta catequese de perseverança   uma verdadeira e forte educação cristã, que seja, não só uma boa escola de ensinamento religioso, mas também uma grande instituição religiosa; que não só ensine e inculque os princípios da , mas lhes insinue no coração, faça-os contrair os hábitos quotidianos de vida. 23

 

“Os grandes mestres usem particularmente o zelo.”

 

S. Bernardo quer que o verdadeiro zelo seja inflamado pela caridade, informado pela ciência, torne-se invencível pela constância, prudente na escolha dos meios, fervoroso e invicto na atuação prática. Quando este mestre é provido de tal zelo, ele não se prende a nenhuma conduta particular. Ele é calmo, rigoroso, condescendente, corajoso, contanto que as almas se salvem. Tal zelo ensina tudo, para aumentar na alma das crianças a verdadeira piedade e afastá-las das enganadoras e estrepitosas alegrias do mundo.

Os mestres adotem particularmente o zelo, como ensina São Carlos, procurando manter e aumentar cada dia uma obra de tamanha importância, o que conseguirão, se com diligência e prontidão cada um procurar fazer bem o seu trabalho, não poupando nenhum esforço, que julga necessário, para tal tarefa. 24

 

Unir ao ensino, uma sólida piedade.”

 

Para que o ensino da catequese produza abundantes frutos é necessário que seja administrado com singular piedade, já que não quem planta, nem quem irriga, mas Deus que o desenvolvimento necessário. S verdade que a graça não destrói, mas aperfeiçoa a natureza; não exclui, mas supõe as condições humanas, do mesmo modo que a forma supõe a matéria; todavia é sempre a graça divina que rega e fecunda as fadigas do catequista, o qual deve unir ao ensino, uma sólida piedade, a fim de atrair sobre si e seus alunos, as mais escolhidas bênçãos celestes. 25


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Portanto, ó mestres do catecismo, pedi; Aquele que é de misericórdia, vos atenderá, além dos vossos desejos; rezai com piedade; é esta a vida dos santos, a vida oculta com Jesus Cristo em Deus, com a piedade e com oração vos tomareis colunas da casa de Deus, delícia da Igreja, salvação das crianças, que encontrarão em vós o mais forte amparo, a mais viva luz. 26

 

“Os vossos alunos percebam que vós os amais.”

 

Os vossos pequeninos alunos percebam que vós os amais, que, se vos afadigais, será unicamente para o seu bem, então eles receberão de boa vontade, também vossas admoestações e vos ouvirão. Persuadi-vos; as crianças têm necessidade, mais que de qualquer outra coisa, de ternura, mas de ternura piedosa. Portanto, longe de vós aquela aspereza e severidade, aquele tom de voz imperioso que tanto as aborrece. 27

Seja companheira do mestre do catecismo, uma grande doçura, que não ceda e não degenere em moleza, que às vezes se converta em prudente severidade, mas não chegue à dureza. Este é um caminho difícil de se conseguir, mas que é possível atingir-se, quando se pensa nas imensas vantagens, dos quais é a nobre fonte. 28

Os mestres devem lembrar-se de que a indulgência com as crianças é sempre mais justa que o excessivo rigor: que não devem pretender muito, que existe uma sóbria perfeição, dificílima de se conseguir, mas sem a qual todas as regras, mesmo as mais sábias, pouco valem; enfim, que a natureza da criança, mais ruim na superfície que no fundo do coração, necessita ser indireitada, ajudada, mas não violentada, tendendo com energia ao fim, mas dispondo cada coisa com suavidade. 29

Estenderão sua caridade também fora da escola, vigiando a conduta dos seus discípulos, lembrados de que são almas que custam o sangue de Jesus Cristo e que, com pouca fadiga podem ser formadas para a vida cristã, com imenso proveito das famílias, preparando para si mesmos, uma coroa de glória. Informarão aos pais sobre o comportamento, aproveitamento, e sobre as faltas de seus discípulos, mostrando em todas as ocasiões, zelo prudente e carinhoso interesse pelo bom êxito das crianças. 30


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“É mais fácil formar um orador vibrante, que um bom catequista.”

 

Costuma-se dizer que é mais fácil formar um orador vibrante, um bom catequista; por isso não se aborreça o pároco, ou nem lhe faz as vezes, de reunir os mestres da catequese e dar-lhes, ele mesmo, algumas lições, explicando o significado de cada palavra (...). Não se deve contentar em fazer isto algumas vezes mas deve continuar por meses, anos, até que o método de ensino tenha penetrado e seja bem conhecido. 31

 

Considero a catequese uma das ciências mais necessárias.”

 

Dar catequese às crianças, ordinariamente é considerada a coisa fácil do mundo; bem ao contrário! Certo que fazer repetir papagaiamente a doutrina do catecismo é coisa facílima, mas a e arte de catequizar, tornar compreensível às crianças, a doutrina de catecismo, esmiuçá-la, adaptá-la àquelas pequenas mentes, enfim transformá-la em leite para os pequeninos; esta obra trabalho. Para conseguir isto requer-se estudo, diligência, esforço, e boa bagagem de conhecimento. Considero a catequese uma das ciências mais necessárias aos eclesiásticos, porque catequizar é uma das principais funções do sagrado ministério.

Que quero concluir com tudo isto? Aquilo que meu veneradíssimo co-irmão de Ventimiglia acenou ontem de manhã, isto é, que favorecer o ensino do catecismo e assegurar os frutos mais abundantes, que as necessidades atuais reclamam do povo cristão, é indispensável uma escola de bons catequistas (...)

Existem escolas destinadas a formar os mestres e as mestras elementares e por que não se poderia, antes não deveria existir uma, destinada a ensinar e formar os mestres da mais sublime das ciências, da mais difícil das artes, como é esta de ensinar o catecismo?

E é exatamente sobre a instituição de uma escola catequética, que consiste a minha primeira proposta. 32

 

“Uma grande associação de catequistas.”

 

Entre as várias propostas, eu quero fazer uma, que não seria, senão a atuação do pensamento tão sábio e oportunamente exposto por Vossa


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Santidade na memorável encíclicaHumanum Genus” e que infelizmente, até agora, permaneceu letra morta. Isto é, a atuação de uma grande associação de catequistas, na Itália, que tivesse a finalidade de apoiar a instrução religiosa nas paróquias, nas famílias, nas escolas, que se ocupasse em recolher ofertas, para instituir as festas do catecismo, da primeira comunhão, para distruibuir prêmios, em uma palavra, para contrapor uma barreira à maçonaria imperante (...). Esta associação, sem dúvida, tomaria logo tão grande impulso, se eu pudesse anunciar no próximo Congresso que vós, Beatíssimo Padre, não só teria abençoado a idéia, mas encorajado, eficazmente, a atuação. Oh, se pudesse encerrar o Congresso com esta simples notícia: O nosso grande e generoso Pontífice Leão XIII oferece, como base desta associação, a soma de cem mil liras! 33

 

 




17.   Id., pp. 24-25.



18. Id., pp. 47-49.



19. Aos Mestres e Mestras das Escolas de Catequese, Placência, 877, p. 33.



20.           O Catecismo Católico, Placência, 1877, pp. 95-102.



21.           Id., p. 71.



22. Id., p. 129.



23. Id., p. 142.



24. Id., p. 86.



25. Id., p. 93.



26.           Id., p. 85-86.



27.           Aos mestres das Escolas de Catequese, Placência, 1877, pp. 23-24.



28.           O Catecismo Católico, Placência, 1877, pp. 88-89.



29.           Id., p. 127.



30.           Sobre o ensino do Catecismo, Placência, 1876, p. 46.



31. O Catecismo Católico, Placência, 1877, p. 103.



32. Atas e Documentos do Primeiro Congresso Catequêtico, Placência, 1890, p. 187. O “veneradíssimo co-irmão de Ventimiglia” é o Servo de Deus D. Tomás dei Marchesi Reggio.



33.           Carta a Leão XIII, 12-9-1889 (ASV-SE, Rub 12/1889, pp. 242-243).






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