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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • QUARTA PARTE       HOMEM DOS HOMENS E PARA OS HOMENS
    • 4.  HUMANISMO CRISTÃO
      • b)  REALISMO E COERÊNCIA
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bREALISMO E COERÊNCIA

 

“São necessários fatos.”

 

A vossa carta tão esperada, de do corrente, encontrou-me muito longe de Placência, onde estava em visita pastoral, único conforto de nosso pesado ministério, porque pode-se por alguns momentos, esquecer a penosa situação da Igreja e da sociedade, à vista de uma viva, que não parece possível em nossos dias.

Alegro-me convosco e participo de coração de vossas consolações, mas sabeis que eu não levo muito a sério documentos, muito menos as belas palavras. São necessários fatos públicos e solenes. Aquela gente comprometeu religião, episcopado, S. , diante de almas sérias, não partidárias, e por tanto é urgente e de extrema necessidade, que todos saibam que não existe nenhuma missão, que não seja aprovada nos seus insipientes e escandalosos exageros6


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“Já não creio, senão em fatos realizados.”

 

Se fizesse caso dos cumprimentos que me fizeram, também de lá de baixo, depois do meu retorno de Roma, deveria acreditar em muitas coisas belas; mas que quereis? Já não acredito senão em fatos realizados. Li que os homens de talento, ordinariamente são muito ingênuos; uma vez também eu deveria ter qualquer talento, porque facilmente prestava , mas agora devo tê-lo gasto inteiramente, porque sou quase cético, salva a qual, por graça de Deus, me ilumina e me alegra vivamente o espírito, muitas vezes conturbado, diante de tanta maldade. E vós, caro amigo, como vos encontrais neste caso? Já tendes muito talento e por mais que percais, tendes uma suficiente dose de boa e de sábia ingenuidade que forma o decoro de vossa austera pessoa. 7

 

Política de pequenos expedientes.”

 

Respondo logo à vossa de hoje, agradecendo-vos muito, pelas boas notícias que me repetis: portanto procurarei colocar em prática e acreditar na esperança contra toda esperança, embora nao tenha nenhuma confiança na política dos pequenos expedientes, que dominam lá em baixo, e também, temo sofrer desilusões, sempre amargas. Espero reformular os meus julgamentos, um pouco céticos, depois de ter ouvido muito. 8

 

Política do Evangelho.”

 

Aquilo que me dizeis trouxe-me sofrimento, mas não surpresa. Quando o homem se regula, em tudo, conforme a política humana e não conforme a política do evangelho; quando, com a mesma facilidade se diz e se desdiz, se faz e se desfaz, se louva e se critica ao mesmo tempo, quando se maior peso aos faciosos clamores de particulares escândalos, antes aos solenes testemunhos dos Bispos, animados unicamente, pelo desejo do bem, quando os mesmos atos mais solenes dos bispos são considerados como atos de crianças inconscientes, caríssimo, o que não é possível?

Porém, devemos confortar-nos por termos em Leão XIII tal papa, que certamente saberá conservar alto o prestígio da sua e da nossa autoridade, e certamente não permitirá sejam com o fato, anuladas as suas sábias prescrições particulares e públicas, a este respeito. É muito esclarecido.


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As artes de certa gente não podem vencê-lo. Ele vencerá a todos, disto estou certo. Recordo-me muito bem o que me disse oralmente, a propósito. Portanto, apoiado na sua palavra vos posso garantir que apenas lhe for possível, remediará os males gravíssimos da alta Itália. Oh, faça-se, faça-se! Então sim, poderemos verdadeiramente gritar: venceu o leão da tribo de Judá. 9

“Vossa obra é abençoada por Deus, e basta.”

Aquilo que me confiaste com a vossa de 18 do corrente, trouxe-me viva dor, primeiro por vós, que eu tanto amo, depois pela chaga da qual é o sintoma; é coisa que verdadeiramente tortura a alma, ver as obras mais santas hostilizadas, por aqueles que se vangloriam de ser defensores da .

Caro Pe. José, sois ainda jovem, preparai-vos a ver coisas piores. Conheço o mundo e sei o que digo. Convenço-me sempre mais que é necessário fazer o bem pelo bem, só pelo amor de Deus, eu, sem buscar a aprovação dos homens, nem se preocupar com sua desaprovação. É o único modo de conseguir sucesso nas empresas, crede. Eu espero o bem da vossa obra, exatamente, porque contrariada (...). A vossa obra é abençoada por Deus, e basta. Triunfará apesar do que disserem, ou fizerem. 10

 

“O conhecimento prático dos homens e das coisas”.

 

dias o meu Vigário Geral, em viagem pela Itália, teve uma audiência particular com o S. Padre, que lhe perguntou como desvelo, por mim e pela minha saúde, externando desejo de conversar comigo, sobre uma consulta bem pensada que me fez; poderíeis escrever-lhe que venha, se lhe for possível. Mas assegurado pelo meu Vigário Geral, que eu iria a Roma no final do mês, con pois bem, acrescentou-lhe o Papa, se me garantis isto, não lhe escrevais.

Que dizeis, caro amigo? Teria coragem de convidar um Bispo a fazer uma viagem até Roma, para dizer-lhe que mantém o “nori expedit”? Ou talvez quer mudar a direção e o Papa deseja algum esclarecimento? O bom senso me inclina, para a segunda parte, mas a experiência, o conhecimento prático dos homens e das coisas atuais, não me deixam esperar nada.


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     Levo comigo dois grossos volumes de documentos, um verdadeiro arsenal de armas poderosíssimas, mas se depois desse esforço gigantesco, para fazer reentrar as questões religiosas, políticas, filosóficas, já que desejo ocupar-me de todas, com o S. Padre, nos justos limites, não conseguir nada, o que é provável, então, chorando os males da Igreja, dar-me-ei inteiramente à oração e ao exercício do sagrado ministério, fazendo aquilo que julgar oportuno bem das almas e não procurando, senão preparar-me para a morte e, combatendo fortemente, os conhecidos inimigos da paz, da caridade e da religião. 11

 

“As idéias caminham.., deixai-as caminhar.”

 

Vós apresentais certas idéias fradescas. . . Sei bem que brincais!

Mas que celas do Egito! sepultar-se nelas quem é causa de perda  de tantas almas, não um Bispo como vós que falou, escreveu, fez tanto para impedi-la.

Deus vos colocou no campo de batalha e é necessário permanecer ali, também se chovessem de todos os lados as balas inimigas. Sois um ferido glorioso. De resto, as idéias caminham... São idéias de verdade, de caridade, de paz. Afastai-vos e deixai-as caminhar. A vitória não pode falhar e vós podereis dizer que lhe abristes a estrada. 12

 

 




6. Carta a G. Bonomelli, 7-5-1882 (Id., p. 54). “Aquela gente”: os “Intransigentesextremistas.



7. Id., 25-11-1882. (Id., p. 80).



8.             Id., 30-12-1882. (Id., p. 84).



9.   Id., 1-2-1883. (Id., p. 95).



10. Carta a G. Alessi, setembro de 1891 (AGS 3022/12). D. José Alessi, fundador da Escola de Ciência da Religião, para os estudantes universitários de Pádua, foi atacado pelos “Intransigentes” mas defendido pelo Bispo de Pádua.            



11. Carta a G. Bonomelli, 19-9-1882. (Correspondência S. B., p. 71).



12. Id., 6-6-1889. (Id., p. 255).

13. Id., 28-3-1882. (ld., pp. 52-53). O jornal era o “Observador Católico (cf. Biografia, pp. 704-711).






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