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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • QUARTA PARTE       HOMEM DOS HOMENS E PARA OS HOMENS
    • 4.  HUMANISMO CRISTÃO
      • c) DEVOTO SEM MEDIDA E SEM MEDIDA LIVRE
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c) DEVOTO SEM MEDIDA E SEM MEDIDA LIVRE

 

“Os partidos intolerantes são a chaga mais cruel da Igreja.”

 

Associo-me, plenamente, aos vossos temores, sobre os efeitos da condenação de Rosmini; eu não sou rosminiano, agora temo-a com imensa ansiedade; se acontecer, teremos muitos apóstatas secretos e muitíssimos rebeldes públicos.

Rosmini se tomará verdadeiramente um apêndice de Jansênio e as perturbações causadas na Igreja, pelos seus seguidores, serão removidas, com maior força, pelos seguidores daquele. Estão persuadidos e, infelizmente, deram-lhe ocasião, que é toda a obra de um partido, que engana o Papa nesta matéria, que não diz respeito ao dogma, nem à moral e que a resistência é um dever (...). A Igreja está ameaçada por uma grande desventura; os partidos extremos, intolerantes, lhe são a chaga mais cruel. Eu


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rezo cada dia e me imponho coisas especiais, para implorar de Deus, que suscite um outro Francisco de Sales, que saiba acabar com esta lamentável questão filosófica, como aquele santo pôs fim à impetuosa questão sobre o auxílio.

Eu conto entre os meus padres mais de 200, que estudaram Rosmini; o meu estudo, exatamente em previsão a uma condena. ção, nestes anos, foi a de apropriar-me de seus espíritos, e deixando-lhes aquela honesta liberdade que lhes consente a Igreja, preparei-os à submissão, quando o Papa decidisse.

Com a ajuda de Deus creio ter conseguido. Moglia que é o chefe dos rosminianos assegurou-me, várias vezes, por si e por todos. Mas não é assim em toda a parte. No outono passado, quando fui a Como, ouvi discursos desalentadores a respeito e especialmente em certas dioceses, onde se impelem irrefletidamente as coisas, segundo as normas do jornal, fio regulador das inteligências. Basta; conversaremos para ver que passos poderemos dar com o S. Padre. Por hora escrevi a alguns rosminianos reprovando o excessivo atrevimento dos últimos opúsculos.”

 

Tempo para calar e tempo para falar.”

 

Não devemos confundir a covardia de espírito com a prudência. Existe um tempo de calar e eu me calei durante seis longos anos; mas, agora, no tempo de falar, falei, como sentira ser o nosso dever. Excelentíssimo Monsenhor, assegure também ao Papa, que o efeito de tê-lo cumprido foi mais vasto e salutar do que se possa acreditar, tanto na minha diocese, como fora dela. O deprimente silêncio de todo o Episcopado, amedrontado, ou mistificado diante dos contínuos ataques de uma imprensa que toma atitude de profunda veneração, ao mesmo e sobretudo à Santa , estava sendo considerado pelas almas, mais sérias e refletidas, como um sinal de extrema fraqueza, e conivência com as desordens freqüentes. Era necessário que alguém fizesse ouvir a sua voz e as circunstâncias levaram-me a ser este.

E aqui, caríssimo Monsenhor, farei notar uma coisa. Quer-se f azer de um fato simplíssimo, e particular, uma questão rosminiana, eis o segredo de todo o barulho que se quis levantar-me. O que de mais falso? Eu não sigo, digo-o abertamente, o sistema do filósofo Roveretano; diria sinceramente o contrário se fosse verdade. Meus pooucos escritos e as disposições que tomei


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a respeito do ensino, em minha diocese, muito antes que aparecesse a admirável encíclica Aeterni Patris, falam muito claramente. Porém, confesso que eu estimo, venero e amo, na caridade de Jesus Cristo, todos os homens de boa vontade, que trabalham com pureza de intenção, pela santa causa de Deus e da Igreja, qualquer que sejam as opiniões por eles professadas, e deixadas ainda livres, para as discussões, por te da Igreja.

Estou mais do que persuadido, que tantas almas nobilíssimas, que gemem inefavelmente sob acusação de serem inimigos da Igreja, em defesa da qual dariam até a última gota de seu sangue; que tantas inteligências escolhidas, que honram a classe eclesiástica e o laicato católico, quebrariam suas penas imediatamente, e dariam exemplo edificante e belíssimo, submetendo-se de boa vontade a qualquer decisão final que o Santo Padre houvesse por bem tomar, embora relutem e justamente de se submeterem a autoridades falsas, que, com inqualificável audácia, tentam se impor a todos.

Dos Sacerdotes, ao menos da minha Diocese, não duvido. Entretanto, me pergunto, por que se quer tornar tirânico o jugo de Jesus Cristo chamado suave? Por que não se deveria deixar aos inteligentes aquela honesta liberdade que lhes concede a Igreja, da qual ela sempre foi zelosa?

Uma discussão, calma, séria e digna, que salve a caridade também entre o choque das várias opiniões, eis o que devemos desejar. Não é isto o que constantemente recomendaram os Romanos Pontífices e o nosso glorioso S. Padre mesmo, no sapientíssimo breve ao Arcebispo de Malinos? Oh! como desejo que Ele seja ouvido!

Mas infelizmente estamos em um tempo em que os homens audaciosos e astutos aprenderam o modo de se tornarem impunes, gritando a mais não poder, contra autores e pessoas que acreditam suspeitas, ao Sumo Pontífice, a quem se gloriam publicamente de fazer chegar suas insinuações e pretenções através de um religioso conhecido, tomando, assim, impotente o Episcopado, que nem sempre pode colocar em público as razões do seu agir, contra alguns, que espertamente se cobrem com a capa tomista, e que tanto mais pretendem proteção, quanto mais são insolentes e cheios de orgulho (...).

Por isso eu pensava em publicar um pequeno volume intitulado: a “revolução na Igreja”. O conceito é simplíssimo. A revolução é essencialmente demolidora e já demoliu tudo com suas artes, na ordem civil, começando pelo princípio de autoridade. A quem observa bem, o mesmo acontece, agora na Igreja, por obra de um partido que usando, às vezes com maior deslealdade, aquelas mesmas artes, tomou e está tomando, a função de difamar rancorosa. mente indivíduos e


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comunidade, Prelados, Bispos, conforme o que lhe é mais ou menos oportuno a conseguir, quer dizer, o interesse particular. O mesmo Santo Padre, nem mesmo Ele, dói-me pensar! foi poupado, quando deu a conhecer não estar disposto a favorecê-lo (...).

A respeito das disposições que Ele tomou em relação ao Observador de Milão, eu sempre mais o admiro e tenho certeza de que teriam recebido o aplauso universal com grande vantagem para a S.       , mas quem as conhece? Nenhum daqueles que mais poderiam aproveitar, tanto é que também agora, se continua a crer e a fazer crer, que eu com outros, tenhamos recebido de Roma, não sei porque, as mais duras reprovações, ou pouco menos que a excomunhão! Com que vantagem e dignidade para o caráter episcopal e para o meu sagrado ministério, deixo ao senhor, meu caríssimo monsenhor, adivinhá-lo.

Era exatamente por isto, que eu pedia candidamente à suma benignidade do Santo Padre, ao menos uma palavra de conforto. Ele não acreditou por bem, ao menos até agora, de me conceder. Agora submisso, aos julgamentos de Deus, irei adiante, com a infâmia e boa fama, procurar a salvação da minha alma e a do rebanho a mim confiado.

Excelentíssimo monsenhor, peço que tomeis conhecido também estes meus sentimentos ao nosso S. Padre, já que a Ele, como devem os filhos, não quero ocultar, nem mesmo a última dobra do meu espirito. Assim se me engano em alguma coisa, poderá corrigir-me, e as suas correções, eu sempre aceitarei, com alegria, com o mesmo reconhecimento, com o qual aceitarei as aprovações, porque Ele e o meu Pastor, o meu Pai, e eu lhe sou terno filho. 14

 

“A liberdade em questão de filosofia.”

 

O senhor deseja saber quanto existe de verdadeiro naquilo que se afirmava que o Papa me disse pessoalmente a respeito da questão filosófica rosmimiana. Eis-me a satisfazê-lo: A norma do meu agir busco sempre e em cada coisa, não no jornalismo, seja mesmo católico, mas no único que tem a autoridade de regular, a disciplina da Igreja universal; quis sobre este assunto de liberdade, em questão de filosofia, interrogar pessoalmente o


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Devoto sem medida e sem medida livre, assim definiu Antônio Fogazzaro ao Scalabrini.Sumo Pontífice. Disse-lhe: Padre Santo, na minha Diocese os que seguem o sistema filosófico de A. Rosmimi são muitos. É celebre entre todos, o cura da S. Ana, Pe. Da. Moglia, que tendo-o estudado, durante vários anos, sustenta aquele sistema e defende-o vigorosamente, também com escritos públicos. Ouvindo alguns, sempre pronto a agir como mestre e sentenciar em vosso Nome sobre tudo e sobre todos aqueles, precisamente porque rosmimianos e sustentadores do sistema de Rosmimi, dever-se-ia ter em conta pouco menos que muitos outros rebeldes, ao vosso ensinamento: e eu, além de proibir-lhes toda discussão a respeito, deveria como Bispo, lançar mãos das censuras eclesiásticas...

Oh, não respondeu-me o Santo Padre, com aquele tom grave e cheio de tanta bondade — não! Diga a seus padres que nós não entendemos cortar a quem quer que seja, a liberdade de discutir sobre doutrinas opináveis. Também, a respeito de Rosmimi, seus sustentadores podem muito bem, continuar suas discussões e disputas com tranqüilidade de consciência, contanto que, observando constantemente as regras da moderação e da caridade, muitas vezes por nos inculcadas e contanto que mantenham no espírito a disposição de se submeterem à decisão, qualquer que seja, que a S. acreditasse por bem, emanar a respeito.

Palavras textuais que eu pedi e obtive, para levá-los ao conhecimento público, caso fosse necessário e que anotei imediatamente, para não esquecê-las, mudá-las, diminuí-las ou de qualquer outro modo alterá-las. 15

 

“Não é lícito antecipar os julgamentos da Igreja.”

 

Enquanto o ministério do Romano Pontífice pedia que fosse apresentada e indicada a doutrina de S. Tomás como a mais apta a tutelar a verdadeira e religião, contra as afirmações invasoras de uma ciência heterodoxa, exigia também que os fiéis fossem prevenidos contra aquelas doutrinas que, hauridas em fontes não puraspudessem impedir a obtenção do fim desejado, tanto mais que um nome ilustre por integridade de vida e capacidade conferia a ela certa autoridade. Realmente célebre é o nome de Antonio Rosimini, embora, em parte, prisioneiro dos defeitos de sua época.

Ninguém se admirará que um homem insigne pela doutrina e pela piedade pudesse afirmar algumas teses que discordassem do juízo da Igreja, da analogia da . E também ninguém se admirará pelo fato de que, muitos


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aderiram à sua doutrina, até que a Igreja o permitisse. Que outros se reunissem ao redor de um homem ilustríssimo, é um fato que acontece por providência de Deus e pela natureza dos homens; portanto, também nisto há necessidade de um legislador, segundo o ditado: “Constituí, ó Senhor, um legisla. dor sobre eles, a fim de que saibam.. . que são homens”.

Todos os mestres são bandeiras ao redor das quais se reunem os menores que têm necessidade de uma bandeira. Portanto Vigora na Igreja o costume que permite a qualquer pessoa, sem que seja reprovada, aderir às idéias dos doutores modernos, até que ela não pronuncie um julgamento.

A outros, que são de idéias contrárias, é igualmente lícito, permanecendo sobretudo sobre os traços dos antigos, defender, dentro dos limites da moderação, a doutrina oposta, tirar conclusões por raciocínio reto, e rebater e rechaçar os novos doutores; mas nunca foi permitido a alguns denunciarem um adversário, como prevaricador da verdade ou infligir-lhe nota difamatória; de fato não é lícito antecipar os julgamentos da Igreja. Deve-se presumir que tanto os que são a favor, quanto os que são contra em boa , o façam com reta intenção.

Mas ninguém, que tenha bom senso, milita sob uma bandeira, sem a dependência implícita da S. , que é o único estandarte hasteado por Deus, ao qual todos os fiéis, especialmente os sacerdotes, devem sempre e em tudo dizer: “Não me engano, seguindo o teu ensinamento”.

Ora, quando a Igreja se pronuncia, declarando que uma certa bandeira é menos segura, não é mais lícito aos filhos da obediência militarem sob aquela bandeira, mas devem, aceitar, sem restrições, os julgamentos da Igreja. 16

 

“Sempre deixei aquela honesta liberdade de pensar consentida

pela Igreja.”

 

Vinde, vede.., pudesse acrescentar o resto! Chamando o Professor Stoppani, procurei conquistá-lo por todos os meios e com todas as armas possíveis, mas não consegui. Verdadeiramente as razões que ele colocou foram tais e tantas, que eu, confesso, pessoalmente, não saberia como racionalmente não levá-las em consideração.


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Declarou-me, fazendo-me calar, que o periódico o “Rosmini” não é coisa sua e que, portanto, não está em seu poder suspender-lhe publicações que os fundadores e colaboradores do mesmo são, na maior parte leigos fiéis de todas as cidades e principais universidades da Itália reunidos no intento de cristianizar a ciência e defender a religião dos ataques do moderno racionalismo; que mesmo quando se retirasse da a parte eclesiástica, nem por isso eles deixariam um empreendimento que consideram hoje mais que utilíssimo, necessário e da máxima importância; que gozando, ele, Stoppani, de uma certa influência sobre eles, acredita seja conveniente, antes, necessário aceitar, o convite de colaborar com eles, para moderar e manter dentro dos justos limites, as discussões; que de fato conseguiu impedir que se publicasse um escrito violento contra uma carta  pastoral do Bispo de Concórdia; que tendo o mesmo Sumo Pontífice, Leão XIII, declarado mais de uma vez, em público e em particular, que também a respeito de questões filosóficas não tinha nunca entendido impedir moderada discussão entre os doutos, não conseguem supor que agora Ele se tenha ofendido com o aparecimento de uma revista, que visa exatamente tal fim; que, finalmente, não podem tolerar de nenhum modo que uma imprensa, que se vanglorie de ser o órgão fiel da Santa , continue livremente a vilipendiá-los como rebeldes ao Chefe Supremo da Igreja, como liberais, desleais, e pior ainda.

Foi-me assegurado também, por outros, que se perdurar o horrível jogo, eles entendem denunciar ao mundo católico a enorme injustiça, publicando a propósito um solene protesto.

Como vedes, Eminência, as coisas chegaram a tal ponto que é bem difícil reparar. Exagerou-se de uma parte e de outra, e agora começa-se a ver as conseqüências. Deus nos livre de vir a ser pior! Por mim, do encontro tido com Stoppani, pressinto, se não se providenciar, teremos sérios aborrecimentos para o futuro da Igreja.

Não que Stoppani tenha-se mostrado menos respeitoso e sacerdotal,  pelo contrário, mas porque atrás dele pude perceber um mau humor, um fermento que preocupa verdadeiramente.

Quanto aos padres rosminianos da minha diocese estou perfeitamente  tranqüilo. Sabem que não condivido, em matéria de filosifia, suas opiniões, mas sabem também que sempre lhes deixei e quero sempre respeitada, aquela honesta liberdade de pensamento que é permitida pela Igreja. Isto é suficiente para que se dobrem dóceis e respeitosos ao menor dos meus desejos, como exatamente acontece agora, a respeito da revista, todos igualmente me prometeram de não escrever nem uma sílaba (...).


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Eu farei o que o Senhor, em nome do S. Padre me dirá, certo de que não se quererá colocar os Bispos em perigo de se afastarem daquela sábia linha de moderação, que constitui e constituirá sempre, uma das mais belas prerrogativas da Igreja 17

 

“Talvez também nós, Bispos, tínhamos limitado demais

a liberdade individual.”

 

O período que estamos atravessando é mais triste do que parece e se pode imaginar.

No Clero fermenta algo de maligno, não bem determinado e que agora, são apenas os mais audaciosos que se vão manifestando com explosão de delitos inauditos. Talvez, também, nós bispos tenhamos limitado demais a liberdade individual e então a disciplina pilulizada, perdeu aquele sentido de grandeza austera e aquele prestígio que exercia sobre as almas: talvez se quisesse todos ótimos e o ótimo é inimigo do bem; todos perfeitos e nem todos têm o dom de sê-lo.

A filosofia, a ação católica e social, que têm muito valor, serviram a uns de proteção, a outros de defesa, a muitos de exaltação etc. São questões graves sobre as quais poder-se-ia escrever um livro e nas quais eu penso continuamente, no governo da Diocese.

Mas infelizmente, aqueles que deveriam providenciar não aprenderam nada, não esqueceram nada, não perdoaram nada. Deus os ajude. É mesmo tempo de rezar muito e de estarmos preparados para tudo.

Quanto a mim, propus-me não pensar senão na minha Diocese, nas Missões, nos amigos que diminuem a cada diá; nem me preocupo de arranjar novos. Se pudesse me santificar! Tomar-me santo! Isto é de todos os homens.

Feliz de vós que sempre fostes; eu me esforço por tornar-me, mas temo não conseguir chegar, nem mesmo com o trem de cargas. 18

 

Saibamos fazer o sacrifício de nossas convicções.”

 

Para nós, a respeito da autoridade do Pontífice não foi jatância ou hipocrisia, mas o critério fundamental de nossa ação.

Em questões opináveis e deixadas livres à discussão dos homens, seguimos as soluções racionais, e que melhor correspondem ao proveito religioso e civil dos povos.

Seguir a orientação que o Pontífice, na sua ciência iluminada e na


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assistência particular que lhe fora prometida por Cristo considerada mais condizente para o bem da Igreja, foi o nosso objetivo. Equando percebemos que qualquer nossa opinião particular não encontrava a aprovação da autoridade eclesiástica, soubemos fazer o sacrifício de nossas convicções próprias, em consideração a Ela em força dos nossos princípios. 19

 

Foi-me verdadeiramente imposto um sacrifício heróico.”

 

E agora, Eminentíssimo, uma palavra sobre a guerra que moveram contra mim (...). Faz-se de coração aberto e só pelo amor do bem, aquilo que permitem ou aconselham a fazer, e depois não só abandonam as pobres sentinelas da linha de frente, mas unem aos inimigos para juntos espancá-los, e se fosse possível, esmagá-los e boa noite. Que dizeis, Eminentíssimo? Do meu canto, nem me espantei, nem me admirei das manobras, dos enganos, das calúnias do conhecido partido, nem disto, como de coisas esperadas, dói-me muito. Estou, sim muito magoado, com o S. Padre; que eles tenham sido ouvidos, onde não deviam encontrar senão desprezo. Tinha pensado em me defender e por isto escrevi a breve pastoral, que anexo. Espedi-a ao S. Padre, a qual pelas marcas em vermelho, vê-se tê-la dado a exame não sei a quem, e depois me remeteu, pedindo que não a publicasse. Foi-me imposto verdadeiramente um sacrifício heróico, que aceitei, confesso-o unicamente por amor a Deus. 20

 

Deus sabe o que farei para aproximar-te do nosso Bispo.”

 

Não podes imaginar quanto me dói a tua posição e Deus sabe quanto farei para te aproximar de nosso Bispo. Não te posso prometer e de dar senão um único parecer: vai ter com ele que te acolherá de braços abertos e coloca-te em suas mãos. O resto virá depois e sem dificuldades. Acredito, que ele queira o bem da Diocese, dividida e separada pelo desentendimento entre ti e o Bispo. corajoso. Esquece tudo, aos pés de Jesus Sacramentado. Coloca-te com o rosto por terra, diante do tabemáculo e estou certo de que virá de lá a luz que confirma o parecer que te dou. 21


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O comasco Pe. Cimo Crosta foi aluno de Scalabrini e autor de um difundido manual de teologia dogmática.




14. Carta a D. G. Bocalli, 29-11-1881. (Id., pp. 41-43). Scalabrini explica ao Secretário particular de Leão XIII os motivos pelos quais teve que protestar publicamente contra a ingerência ao “Observador Católico” nos interesses das Dioceses (cf. Biografia, pp. 496-31). O conhecido religioso parece ser P.G.M. Cornoldi, S.J.



15. Carta a V. Papa, janeiro de 1886 (AOS 3043/1). D. Vicente Papa era diretor da revista rosminiana “A Sabedoria”.



16.   Universo nosso Clero, Placência, 1888, pp. 1-2. A circular foi escrita para comunicar o decretoPost obitum” que condenava 40 proposições tiradas das obras póstumas de Rosmini.



17.           Carta ao Cardeal P. M. Schiaffino, 29-11-186 (AGS 3026/4).



18. Carta a G. Bonomelli, 24-1-1897 (correspondência S. B., p. 338).



19. Intransigentes e transigentes, Bolonha, 1885, pp. 30-31. “A opinião particular” era a da oportunidade de permitir aos católicos italianos apresentarem-se às urnas políticas.



20. Carta ao Cardeal P. M. Schiaffino, 21-1-1887 (AGS 3020/4). Scalabrini teria desejado defender-se publicamente das acusações públicas de desobedecido ao “non expedit” (cf. Biografia, pp. 666-676).



21. Carta a C. Crosta, 1902 (AGS 3045/4).






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