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c) DEVOTO SEM MEDIDA E SEM MEDIDA
LIVRE
“Os
partidos intolerantes são a chaga mais cruel da Igreja.”
Associo-me, plenamente,
aos vossos temores, sobre os efeitos da condenação de Rosmini; eu não sou
rosminiano, agora temo-a com imensa ansiedade; se acontecer, teremos muitos
apóstatas secretos e muitíssimos rebeldes públicos.
Rosmini se tomará
verdadeiramente um apêndice de Jansênio e as perturbações causadas na Igreja,
pelos seus seguidores, serão removidas, com maior força, pelos seguidores
daquele. Estão persuadidos e, infelizmente, deram-lhe ocasião, que é toda a
obra de um partido, que engana o Papa nesta matéria, que não diz respeito ao
dogma, nem à moral e que a resistência é um dever (...). A Igreja está ameaçada
por uma grande desventura; os partidos extremos, intolerantes, lhe são a chaga
mais cruel. Eu - 334 -
rezo cada dia
e me imponho coisas especiais, para implorar de Deus, que suscite um outro
Francisco de Sales, que saiba acabar com esta lamentável questão filosófica,
como aquele santo pôs fim à impetuosa questão sobre o auxílio.
Eu conto entre os meus
padres mais de 200, que estudaram Rosmini; o meu estudo, exatamente em previsão
a uma condena. ção, nestes anos, foi a de apropriar-me de seus espíritos, e
deixando-lhes aquela honesta liberdade que lhes consente a Igreja, preparei-os
à submissão,
quando o Papa decidisse.
Com a ajuda de Deus creio
ter conseguido. Moglia que é o chefe dos rosminianos assegurou-me, várias
vezes, por si e por todos. Mas não é assim em toda a parte. No outono passado,
quando fui a Como, ouvi discursos desalentadores a respeito e especialmente em
certas dioceses, onde se impelem irrefletidamente as coisas, segundo as normas
do jornal, fio regulador das inteligências. Basta; conversaremos para ver que
passos poderemos dar com o S. Padre.
Por hora escrevi a alguns rosminianos reprovando o excessivo atrevimento dos
últimos opúsculos.”
“Tempo para calar e tempo para falar.”
Não devemos confundir a
covardia de espírito com a prudência. Existe um tempo de calar e eu me calei
durante seis longos anos; mas, agora, no tempo de falar, falei, como sentira
ser o nosso dever. Excelentíssimo Monsenhor, assegure também ao Papa, que o
efeito de tê-lo cumprido foi mais vasto e salutar do que se possa acreditar,
tanto na minha diocese, como fora dela. O deprimente silêncio de todo o
Episcopado, amedrontado, ou mistificado diante dos contínuos ataques de uma
imprensa que toma atitude de profunda veneração, ao mesmo e sobretudo à Santa
Sé, estava sendo considerado pelas almas, mais sérias e refletidas, como um
sinal de extrema fraqueza, e conivência com as desordens freqüentes. Era
necessário que alguém fizesse ouvir a sua voz e as circunstâncias levaram-me a
ser este.
E aqui, caríssimo
Monsenhor, farei notar uma coisa. Quer-se f azer de um fato simplíssimo, e
particular, uma questão rosminiana, eis o segredo de todo o barulho que se quis
levantar-me. O que de mais falso? Eu não sigo, digo-o abertamente, o sistema do
filósofo Roveretano; diria sinceramente o contrário se fosse verdade. Meus
pooucos escritos e as disposições que tomei - 335 -
a respeito do ensino, em minha
diocese, muito antes que aparecesse a admirável encíclica Aeterni Patris, falam muito claramente. Porém, confesso que eu
estimo, venero e amo, na caridade de Jesus Cristo, todos os homens de boa
vontade, que trabalham com pureza de intenção, pela santa causa de Deus e da
Igreja, qualquer que sejam as opiniões por eles professadas, e deixadas ainda livres, para as discussões, por te
da Igreja.
Estou mais do que persuadido, que tantas
almas nobilíssimas, que gemem inefavelmente sob acusação de serem inimigos da
Igreja, em defesa da qual dariam até a última gota de seu sangue; que tantas
inteligências escolhidas, que honram a classe eclesiástica e o laicato
católico, quebrariam suas penas imediatamente, e dariam exemplo edificante e
belíssimo, submetendo-se de boa vontade a qualquer decisão final que o Santo
Padre houvesse por bem tomar, embora relutem e justamente de se submeterem a
autoridades falsas, que, com inqualificável audácia, tentam se impor a todos.
Dos
Sacerdotes, ao menos da minha Diocese, não duvido. Entretanto, me pergunto, por
que se quer tornar tirânico o jugo de Jesus Cristo chamado suave? Por que não
se deveria deixar aos inteligentes aquela honesta liberdade que lhes concede a
Igreja, da qual ela sempre foi zelosa?
Uma discussão, calma, séria e digna, que
salve a caridade também entre o choque das várias opiniões, eis o que devemos
desejar. Não é isto o que constantemente recomendaram os Romanos Pontífices e o
nosso glorioso S. Padre mesmo, no sapientíssimo breve ao Arcebispo de Malinos?
Oh! como desejo que Ele seja ouvido!
Mas infelizmente estamos
em um tempo em que os homens audaciosos e astutos aprenderam o modo de se
tornarem impunes, gritando a mais não poder, contra autores e pessoas que
acreditam suspeitas, ao Sumo Pontífice, a quem se gloriam publicamente de fazer
chegar suas insinuações e pretenções através de um religioso conhecido,
tomando, assim, impotente o Episcopado, que nem sempre pode colocar em público
as razões do seu agir, contra alguns, que espertamente se cobrem com a capa
tomista, e que tanto mais pretendem
proteção, quanto mais são insolentes e cheios de orgulho (...).
Por isso eu pensava em
publicar um pequeno volume intitulado: a “revolução
na Igreja”. O conceito é
simplíssimo. A revolução é essencialmente demolidora e já demoliu tudo com suas
artes, na ordem civil, começando pelo princípio de autoridade. A quem observa
bem, o mesmo acontece, agora na Igreja, por obra de um partido que usando, às
vezes com maior deslealdade, aquelas mesmas artes, tomou e está tomando, a
função de difamar rancorosa. mente indivíduos e - 336 -
comunidade, Prelados,
Bispos, conforme o que lhe é mais ou menos oportuno a conseguir, quer
dizer, o interesse particular. O mesmo Santo Padre, nem mesmo Ele, dói-me
pensar! foi poupado, quando deu a conhecer não estar disposto a favorecê-lo
(...).
A respeito das
disposições que Ele tomou em relação ao Observador de Milão, eu sempre mais o
admiro e tenho certeza de que teriam recebido o aplauso universal com grande
vantagem para a S. Sé, mas quem as
conhece? Nenhum daqueles que mais poderiam aproveitar, tanto é que também
agora, se continua a crer e a fazer crer, que eu com outros, tenhamos recebido
de Roma, não sei porque, as mais duras reprovações, ou pouco menos que a
excomunhão! Com que vantagem e dignidade para o caráter episcopal e para o meu
sagrado ministério, deixo ao senhor, meu caríssimo monsenhor, adivinhá-lo.
Era exatamente por isto,
que eu pedia candidamente à suma benignidade do Santo Padre, ao menos uma
palavra de conforto. Ele não acreditou por bem, ao menos até agora, de me
conceder. Agora submisso, aos julgamentos de Deus, irei adiante, com a infâmia
e boa fama, procurar a salvação da minha alma e a do rebanho a mim confiado.
Excelentíssimo monsenhor,
peço que tomeis conhecido também estes meus sentimentos ao nosso S. Padre, já
que a Ele, como devem os filhos, não quero ocultar, nem mesmo a última dobra do
meu espirito. Assim se me engano em alguma coisa, poderá corrigir-me, e as suas
correções, eu sempre aceitarei, com alegria, com o mesmo reconhecimento, com o
qual aceitarei as aprovações, porque Ele e o meu Pastor, o meu Pai, e eu lhe
sou terno filho. 14
“A
liberdade em questão de filosofia.”
O senhor deseja saber quanto existe de
verdadeiro naquilo que se afirmava que o Papa me disse pessoalmente a respeito
da questão filosófica rosmimiana. Eis-me a satisfazê-lo: A norma do meu agir
busco sempre e em cada coisa, não no jornalismo, seja mesmo católico, mas no
único que tem a autoridade de regular, a disciplina da Igreja universal; quis
sobre este assunto de liberdade, em questão de filosofia, interrogar
pessoalmente o - 337 -
“Devoto sem
medida e sem medida livre, assim definiu Antônio Fogazzaro ao Scalabrini.Sumo
Pontífice. Disse-lhe: — Padre Santo,
na minha Diocese os que seguem o sistema filosófico de A. Rosmimi são muitos. É celebre entre todos, o cura da S. Ana,
Pe. Da. Moglia, que tendo-o estudado, durante vários anos, sustenta aquele
sistema e defende-o vigorosamente, também com escritos públicos. Ouvindo
alguns, sempre pronto a agir como
mestre e sentenciar em
vosso Nome sobre tudo e sobre todos aqueles, precisamente
porque rosmimianos e sustentadores do sistema de Rosmimi, dever-se-ia ter em
conta pouco menos que muitos outros rebeldes, ao vosso ensinamento: e eu, além
de proibir-lhes toda discussão a respeito, deveria como Bispo, lançar mãos das censuras
eclesiásticas...
Oh, não respondeu-me o
Santo Padre, com aquele tom grave e cheio de tanta bondade — não! Diga a seus
padres que nós não entendemos cortar a quem quer que seja, a liberdade de
discutir sobre doutrinas opináveis. Também, a respeito de Rosmimi, seus
sustentadores podem muito bem, continuar suas discussões e disputas com
tranqüilidade de consciência, contanto que, observando constantemente as regras
da moderação e da caridade, muitas vezes por nos inculcadas e contanto que
mantenham no espírito a disposição de se submeterem à decisão, qualquer que
seja, que a S. Sé acreditasse por bem, emanar a respeito.
Palavras textuais que eu
pedi e obtive, para levá-los ao conhecimento público, caso fosse necessário e que
anotei imediatamente, para não esquecê-las, mudá-las, diminuí-las ou de
qualquer outro modo alterá-las. 15
“Não é
lícito antecipar os julgamentos da Igreja.”
Enquanto o ministério do
Romano Pontífice pedia que fosse apresentada e indicada a doutrina de S. Tomás
como a mais apta a tutelar a verdadeira fé e religião, contra as afirmações
invasoras de uma ciência heterodoxa, exigia também que os fiéis fossem
prevenidos contra aquelas doutrinas que, hauridas em fontes não puras, pudessem impedir a obtenção do fim desejado,
tanto mais que um nome ilustre por integridade de vida e capacidade conferia a
ela certa autoridade. Realmente célebre é o nome de Antonio Rosimini, embora,
em parte, prisioneiro dos defeitos de sua época.
Ninguém se admirará que
um homem insigne pela doutrina e pela piedade pudesse afirmar algumas teses que
discordassem do juízo da Igreja, da analogia da fé. E também ninguém se
admirará pelo fato de que, muitos - 338 -
aderiram
à sua doutrina, até que a Igreja o permitisse. Que outros se reunissem ao redor
de um homem ilustríssimo, é um fato que acontece por providência de Deus e pela
natureza dos homens; portanto, também nisto há necessidade de um legislador,
segundo o ditado: “Constituí, ó Senhor, um legisla. dor sobre eles, a fim de
que saibam.. . que são homens”.
Todos os mestres são
bandeiras ao redor das quais se reunem os menores que têm necessidade de uma
bandeira. Portanto Vigora na Igreja o costume que permite a qualquer pessoa,
sem que seja reprovada, aderir às idéias dos doutores modernos, até que ela não
pronuncie um julgamento.
A outros, que são de idéias contrárias, é igualmente lícito,
permanecendo sobretudo sobre os traços dos antigos, defender, dentro dos
limites da moderação, a doutrina oposta, tirar conclusões por raciocínio reto,
e rebater e rechaçar os novos doutores; mas nunca foi permitido a alguns
denunciarem um adversário, como prevaricador da verdade ou infligir-lhe nota
difamatória; de fato não é lícito antecipar os julgamentos da Igreja. Deve-se
presumir que tanto os que são a favor, quanto os que são contra em boa fé, o
façam com reta intenção.
Mas ninguém, que tenha
bom senso, milita sob uma bandeira, sem a dependência implícita da S. Sé, que é
o único estandarte hasteado por Deus, ao qual todos os fiéis, especialmente os
sacerdotes, devem sempre e em tudo dizer: “Não me engano, seguindo o teu
ensinamento”.
Ora, quando a Igreja se
pronuncia, declarando que uma certa bandeira é menos segura, não é mais lícito
aos filhos da obediência militarem sob aquela bandeira, mas devem, aceitar, sem
restrições, os julgamentos da Igreja. 16
“Sempre
deixei aquela honesta liberdade de pensar consentida
pela
Igreja.”
Vinde, vede.., pudesse
acrescentar o resto! Chamando o Professor Stoppani, procurei conquistá-lo por
todos os meios e com todas as armas possíveis, mas não consegui.
Verdadeiramente as razões que ele colocou foram tais e tantas, que eu,
confesso, pessoalmente, não saberia como racionalmente não levá-las em
consideração. - 339 -
Declarou-me,
fazendo-me calar, que o periódico o “Rosmini” não é coisa sua e que, portanto,
não está em seu poder suspender-lhe publicações que os fundadores e
colaboradores do mesmo são, na maior parte leigos fiéis de todas as cidades e
principais universidades da Itália reunidos no intento de cristianizar a
ciência e defender a religião dos ataques do moderno racionalismo; que mesmo
quando se retirasse da a parte eclesiástica, nem por isso eles deixariam um
empreendimento que consideram hoje mais que utilíssimo, necessário e da máxima
importância; que gozando, ele, Stoppani, de uma certa influência sobre eles,
acredita seja conveniente, antes, necessário aceitar, o convite de colaborar
com eles, para moderar e manter dentro dos justos limites, as discussões; que
de fato conseguiu impedir que se publicasse um escrito violento contra uma
carta pastoral do Bispo de Concórdia;
que tendo o mesmo Sumo Pontífice, Leão XIII, declarado mais de uma vez, em público e em particular, que
também a respeito de questões filosóficas não tinha nunca entendido impedir
moderada discussão entre os doutos, não conseguem supor que agora Ele se tenha
ofendido com o aparecimento de uma revista, que visa exatamente tal fim; que,
finalmente, não podem tolerar de nenhum modo que uma imprensa, que se vanglorie
de ser o órgão fiel da Santa Sé, continue livremente a vilipendiá-los como
rebeldes ao Chefe Supremo da Igreja, como liberais, desleais, e pior ainda.
Foi-me assegurado também,
por outros, que se perdurar o horrível jogo, eles entendem denunciar ao mundo
católico a enorme injustiça, publicando a propósito um solene protesto.
Como vedes, Eminência, as
coisas chegaram a tal ponto que é bem difícil reparar. Exagerou-se de uma parte
e de outra, e agora começa-se a ver as conseqüências. Deus nos livre de vir a
ser pior! Por mim, do encontro tido com Stoppani, pressinto, se não se
providenciar, teremos sérios aborrecimentos para o futuro da Igreja.
Não que Stoppani tenha-se
mostrado menos respeitoso e sacerdotal,
pelo contrário, mas porque atrás dele pude perceber um mau humor, um
fermento que preocupa verdadeiramente.
Quanto aos padres rosminianos da minha
diocese estou perfeitamente tranqüilo.
Sabem que não condivido, em matéria de filosifia, suas opiniões, mas sabem
também que sempre lhes deixei e quero sempre respeitada, aquela honesta
liberdade de pensamento que é permitida pela Igreja. Isto é suficiente para que
se dobrem dóceis e respeitosos ao menor dos meus desejos, como exatamente
acontece agora, a respeito da revista, todos igualmente me prometeram de não
escrever nem uma sílaba (...). - 340 -
Eu farei o que o Senhor,
em nome do S. Padre me dirá, certo de que não se quererá colocar os Bispos em
perigo de se afastarem daquela sábia linha de moderação, que constitui e
constituirá sempre, uma das mais belas prerrogativas da Igreja 17
“Talvez
também nós, Bispos, tínhamos limitado demais
a liberdade
individual.”
O período que estamos
atravessando é mais triste do que parece e se pode imaginar.
No Clero fermenta algo de maligno, não bem determinado e que agora, são
apenas os mais audaciosos que se vão manifestando com explosão de delitos
inauditos. Talvez, também, nós bispos tenhamos limitado demais a liberdade
individual e então a disciplina pilulizada, perdeu aquele sentido de grandeza
austera e aquele prestígio que exercia sobre as almas: talvez se quisesse todos
ótimos e o ótimo é inimigo do bem; todos perfeitos e nem todos têm o dom de
sê-lo.
A filosofia, a ação católica e social, que têm muito valor, serviram
a uns de proteção, a outros de defesa, a muitos de exaltação etc. São questões
graves sobre as quais poder-se-ia escrever um livro e nas quais eu penso
continuamente, no governo da Diocese.
Mas infelizmente, aqueles que deveriam providenciar não aprenderam
nada, não esqueceram nada, não perdoaram nada. Deus os ajude. É mesmo tempo de
rezar muito e de estarmos preparados para tudo.
Quanto
a mim, propus-me não pensar senão na minha Diocese, nas Missões, nos amigos que
diminuem a cada diá; nem me preocupo de arranjar novos. Se pudesse me
santificar! Tomar-me santo! Isto é de todos os homens.
Feliz de vós que sempre
fostes; eu me esforço por tornar-me, mas temo não conseguir chegar, nem mesmo
com o trem de cargas. 18
“Saibamos
fazer o sacrifício de nossas convicções.”
Para nós, a respeito da
autoridade do Pontífice não foi jatância ou hipocrisia, mas o critério
fundamental de nossa ação.
Em questões opináveis e
deixadas livres à discussão dos homens, seguimos as soluções racionais, e que
melhor correspondem ao proveito religioso e civil dos povos.
Seguir a orientação que o
Pontífice, na sua ciência iluminada e na - 341 -
assistência
particular que lhe fora prometida por Cristo considerada mais condizente para o
bem da Igreja, foi o nosso objetivo. Equando percebemos que qualquer nossa
opinião particular não encontrava a aprovação da autoridade eclesiástica,
soubemos fazer o sacrifício de nossas convicções próprias, em consideração a
Ela em força dos nossos princípios. 19
“Foi-me
verdadeiramente imposto um sacrifício heróico.”
E
agora, Eminentíssimo, uma palavra sobre a guerra que moveram contra mim (...). Faz-se de coração aberto e só pelo
amor do bem, aquilo que permitem ou aconselham a fazer, e depois não só abandonam as pobres sentinelas da
linha de frente, mas unem aos inimigos para juntos espancá-los, e se fosse
possível, esmagá-los e boa noite. Que dizeis, Eminentíssimo? Do meu canto, nem
me espantei, nem me admirei das manobras, dos enganos, das calúnias do
conhecido partido, nem disto, como de coisas esperadas, dói-me muito. Estou,
sim muito magoado, com o S. Padre; que eles tenham sido ouvidos, onde não
deviam encontrar senão desprezo. Tinha pensado em me defender e por isto
escrevi a breve pastoral, que anexo. Espedi-a ao S. Padre, a qual pelas marcas
em vermelho, vê-se tê-la dado a exame não sei a quem, e depois me remeteu,
pedindo que não a publicasse. Foi-me imposto verdadeiramente um sacrifício
heróico, que aceitei, confesso-o unicamente por amor a Deus. 20
“Deus sabe
o que farei para aproximar-te do nosso Bispo.”
Não podes imaginar quanto
me dói a tua posição e Deus sabe quanto farei para te aproximar de nosso Bispo.
Não te posso prometer e de dar senão um único parecer: vai ter com ele que te
acolherá de braços abertos e coloca-te em suas mãos. O resto virá depois e sem
dificuldades. Acredito, que ele queira o bem da Diocese, dividida e separada
pelo desentendimento entre ti e o Bispo. Sê corajoso. Esquece tudo, aos pés de
Jesus Sacramentado. Coloca-te com o rosto por terra, diante do tabemáculo e
estou certo de que virá de lá a luz que confirma o parecer que te dou. 21 - 342 -
O comasco Pe. Cimo Crosta foi aluno de Scalabrini
e autor de um difundido manual de teologia dogmática.
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