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2. A IGREJA E AS MIGRAÇÕES
“Onde estiver o povo que trabalha, e sofre aí está a
Igreja” que tem a missão de “evangelizar os filhos da miséria e do trabalho.” A
atividade da Igreja não se volta só para os infiéis, mas também, para os
católicos expostos ao perigo de se tornarem infiéis causa da migração.
É necessário intervir ativa e imediatamente, porque “o
futuro religioso e moral das populações migrantes depende daquela porção de
religião e de moralidade” que deve ser logo preservada, como a herança mais
preciosa de seu patrimônio cultural e espiritual. São necessários “heróis que
vão evangelizar”, em condições perigosas mas não menos difíceis dos
missionários, para os infiéis.
A preservação e a valorização do patrimônio espiritual
exigem a conservação da cultura étnica: “religião e pátria se completam, obra
de amor e de redenção”.
A pastoral dos
migrantes deve ter presente este princípio. Tanto os missionários, quanto as
Igrejas de acolhida devem respeitar a identidade cultural e a religiosidade
própria do migrante. Portanto, deve ser concedida ao missionário a liberdade de
ministério, sob a orientação do bispo, que sabiamente dirige a inserção dos
migrantes, na Igreja local, respeitando os ritmos normais e não forçando, antes
do tempo, uma assimilação que destruiria valores milenares de re1igião e de
tradição.
A migração não é problema só da Igreja de partida, nem só
da Igreja de destino; antes, sendo fenômeno e problema universal, é problema da
Igreja universal. Portanto delineia-se a necessidade uma coordenação entre as
Igrejas particulares, que só pode partir do centro. O problema é semelhante ao
da atividade missionária “ad gentes”: como para esta, existe a Congregação de
Propagação da Fé, assim para os migrantes católicos de todas as nações,
constata-se a necessidade de instituir uma Comissão própria, ou menos
uma comissão central, na Cúria Romana.
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