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b) RELIGIÃO E PÁTRIA
“Obra
verdadeiramente cristã e altamente patriótica.”
Isto não tira dos
italianos o dever de pensar que há lá irmãos que lhes pertencem de modo
especial e que, de modo especial, precisam de sua ajuda. Abandoná-los a si
mesmos equivaleria destruir neles toda ligação com a pátria e colocaria em dura
provas a sua fé e a sua moral.
E não poderá ser chamada
obra verdadeiramente cristã e altamente patriótica aquela que, quebrando a
triste tradição de descuido que o passado nos deixou, procurar tornar melhor a
sua sorte? 9
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“A nossa igreja, a nossa escola, a nossa língua.”
Religião e Pátria! São
estes os dois grandes amores inseridos pela mão de Deus no coração da
humanidade, palavra escrita, com letras luminosas nas bandeiras das nações
cristãs. É à sombra desta bandeira imortal que os nossos pais lutaram e
venceram. À sombra desta bandeira, as frontes se erguem serenas, as iras se
calam, desaparecem as divisões das partes, as mãos fraternalmente se apertam
repousam as famílias, dominam os homens.
Religião e Pátria!
Unamo-nos todos ao redor deste sublime idel, que na obra tutora da nossa
migração, toma forma e figura e poderemos esperar para a nossa Itália dias melhores,
poderemos esperar que se cumpram sobre ela, em tempo não distante os desígnios
de Deus.
Ainda uma palavra e
termino. Não faz anos, nos Estados Unidos os foram feitos enormes esforços para
americanizar, se assim posso me expressar, os migrantes das várias nações
européias.
A Religião e a Pátria
choraram os milhões de filhos perdidos. Só um povo soube resistir àquela
violenta tentativa de assimilação e foi aquele que havia escrito sobre sua
bandeira: nossa igreja, a nossa escola, a nossa língua.
O senhores, não
esqueçamos deste fato. Esforcemo-nos também nós, cada um na medida das próprias
forças, para que muitos italianos, no exterior, tenham a mesma divisa, a mesma
firmeza, a mesma coragem: pela religião e pela pátria. 10
“Duas
supremas aspirações de todo coração bem formado.”
Religião e Pátria: duas
supremas aspirações de toda alma gentil se entrelaçam e se completam nesta obra
de amor e de redenção que é a proteção ao fraco e se fundem em admirável
acordo. As miseráveis barreiras erguidas pelo ódio e pela ira desaparecem,
todos braços se abrem para um amplexo fraterno, as mãos se apertam calorosas de
afeto, os lábios se abrem ao sorriso e ao beijo e eliminada toda distinção de
classe ou de partido, aperece nela, embelezada pelo esplendor cristão, a
sentença: Homem, irmão do homem.
Possam essas minhas
pobres palavras serem a semente de excelentes obras que redundem para a glória
de Deus e de sua Igreja, para o bem das almas, para a dignidade da pátria, para
alívio dos infelizes e dos deserdados. A Itália, sinceramente reconciliada com
a Sé Apostólica, possa emular suas - 380 -
glórias
antigas, e alcançar uma outra imperecível, aviando sobre os luminosos caminhos
da civilização e do progresso, também os seus filho5 distantes. 11
“Uma idéia
tão simples, tão bela.”
Não sonhemos. Eis a minha
idéia cândida e nua, como a verdade. É tão simples, tão bela, que não tem
necessidade dos adornos de retórica, para ser apresentada às pessoas de bem.
Os jovens seminaristas
que cada ano cumprem o serviço militar, na Itália, serão uma centena. Ora, o
que haveria de mal para o nosso exército, se se ausentassem do serviço militar
os jovens clérigos, que quisessem se inscrever, entre os missionários para os
italianos, na América? Que exceção seria equiparada à igualdade de todos os
cidadãos frente ao tributo militar, se os jovens italianos, que aspiram ao
sacerdócio, em vez de três aborrecidos anos de quartel, fizessem cinco nas
Américas a serviço dos nossos compatriotas, cooperando com a sua redenção
religiosa e moral, ao mesmo tempo soldados da Igreja e do Estado? Com o ardente
entusiasmo de sua jovem idade, com o zelo que não conhece obstáculos, com a
galhardia dos vinte anos que não sente cansaço, que heróicos apóstolos
teríamos! que professores infatigáveis! que harmonia de afetos religiosos e
civis, nas jovens consciências, que ao primeiro encontro com a vida pública,
experimentam sob a forma de um benefício, a mão da pátria! quanto
reconhecimento por não terem sido afastados dos seus estudos e não condenados,
por três longos anos, aos rudes quanto inevitáveis contatos do quartel, que os
perturba e os humilha! 12
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