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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • PRIMEIRA PARTE       HOMEM DE DEUS E PARA DEUS
    • 2. “VIVO NA FÉ DE JESUS CRISTO”
      • a)      O MÁXIMO DOM DE DEUS
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a)      O MÁXIMO DOM DE DEUS

 

“A é o maior dom de Deus.”

 

A é um dom de Deus, o primeiro e o maior dos dons, que em sua infinita misericórdia nos concedeu. De fato, sem ela é impossível agradar-lhe


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e pertencer à multidão eleita de seus filhos; ela é o início e o fundamento da salvação humana, o eixo e a raiz de toda justificação (...).

Que é ? É um raio de luz, que se desprende do trono de Deus e desce para iluminar as trevas, onde vão tateando os miseráveis filhos de Adão. É uma segunda criação, graças à qual o homem, decaído de sua dignidade, se eleva do seu nada, até chegar ao Criador; é a vida do gênero humano, faltando ela, existe a morte. (...)

Que é a ? É o único meio, depois de todas as pesquisas, e todos os esforços para nobilitar o homem, apto a pensar nossas feridas, engrandecer nossa pequenez, e por ela a inteligência humana, perpassa, pelo tempo, para a eternidade e nosso pensamento passa do último grãozinho de areia à imensidão do Ser incriado. 1

 

“A religião não é um sistema filosófico.”

 

A Religião (...) não é uma série de verdades especulativas, ordenadas unicamente a aperfeiçoar o intelecto, não é um sistema filosófico, não é um complexo de idéias. Mas emana diretamente de Deus, que é, ao mesmo tempo, a verdade primeira, o sumo Bem, infinita Beleza, Santidade essencial, centro e Fonte de toda perfeição; ela tende, necessariamente, nobilitar, divinizar, de certo modo, todas as faculdades humanas, endereçando-as ao seu fim último. Ela é luz infalível ao intelecto. Dissipando as trevas acumuladas da ignorância e do erro, abre-lhes os tesouros da divina Sabedoria. Ela é ardor celestial, para a vontade, elevando-a além do círculo de bens limitados e caducos; fá-la enamorada das belezas infinitas do sumo e eterno Bem. Ela é regra segura para a consciência, preservando-a dos falsos ditames, sugeridos pelo orgulho e pela corrupção, harmoniza-a com ditames da lei eterna de Deus (...).

Ela, em uma palavra, é a ordem, a harmonia, a paz, a perfeição do homem todo, seja em relação a Deus, e em relação ao próximo, seja em relação a si mesmo, imagem e penhor daquela ordem e harmonia, paz, perfeição, sem comparação, mais venturosa, que lhe está preparada no céu. 2

 

“O que seria o homem sem ?”

 

A ! Ela nos aproxima de Deus e nos descobre os mistérios. Ela ilumina e sublima a nossa razão, enobrece nossos afetos, infunde em nossa


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alma, o bálsamo das celestes consolações, a coragem, a força para sustentar as lutas da vida. Que seria o homem sem a ? Sem ela, o homem nada conhece do sobrenatural, nada sabe sobre santidade, nada pode fazer de bem e de virtuoso, que mereça o prêmio eterno (...).  Sem , o homem está perdido. É a que nos revela, com segurança, nossa origem, nossa decadência, nossa regeneração em Cristo, nosso destino imortal. É a que nos indica todos os meios, para chegar a possuí-lo através dos sacramentos, da oração, das boas obras. É a que nos faz ver todos os homens, como irmãos. É a que, em todos os acontecimentos deste mundo, alegres ou tristes, nos faz ver a piedosa mão de Deus, que tudo dispõe, para o nosso bem. 3

 

“O homem não procura senão a perfeição infinita e o infinito bem.”

 

Criado por Deus e para Deus, o coração do homem não pode ser perfeito, senão em Deus e com Deus. Assim como a perfeição é o estado natural, é o fim para o qual tendem todos os seres, assim o coração humano tem inclinação inata, necessária, indestrutível de unir-se a Deus, de saciar-se em Deus e de identificar-se com Ele. “Senhor, tu nos fizeste para ti e o nosso coração está inquieto, até que não descanse em ti.” Ainda nesta vida, o homem não cobiça, não busca, não quer outra coisa, senão Deus. Por isso questiona sobre Ele tudo o que o cerca. Por isso, voa ao encontro de tudo onde encontra uma centelha de bem, emanação da bondade infinita. Por isso, despreza os bens presentes e anela continuamente pelos distantes, porque os bens distantes, se lhes apresentam como algo de infinito. Deste modo, o homem aspira sempre ao verdadeiro, eterno, em tudo, o que pretende conhecer; do mesmo modo, escreve S. Dionísio, ele sempre se volta para o bem eterno, em tudo aquilo que pretende amar. 4

 

“Que falta ao homem que tem a Deus consigo?”

 

Deus, própria e essencialmente, é caridade. Quem, portanto, está na caridade, está em Deus e Deus nele, porque Deus e a caridade são uma e a mesma coisa. Deus é caridade; quem permanece na caridade, permanece em Deus e Deus nele. Que falta ao homem que tenha consigo a Deus? Ele é a nossa paz, Tem sobretudo paz, isto é, tem repouso dos afetos, calma tão suave do coração, tão doce, tão inefável, que ultrapassa, no dizer do


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Apóstolo, todo sentido da doçura terrena: a paz de Deus, supera os sentidos. Este gozo da alma peregrina, este estado de calma, cheio de confiança, este repouso cheio de consolação, esta harmonia cheia de suavidade, esta paz cheia de amor, é na verdade, a mais bela amostra, a imagem mais verdadeira das bem-aventuranças celestes, pois segundo a grave sentença de Agostinho, na paz repousa a bem-aventurança (...).

O paz da alma, verdadeiro tesouro, conforto e delícia de quem a possui! O paz da alma, que começando na inteligência pela na palavra divina, desce ao coração, pela posse da caridade divina: ó paz da alma que, não experimentada não se chega a compreendê-la onde, encontrar-te aqui na terra, fora da ? 5

 

“Os mistérios da espargem sombra e luz.”

 

A é necessária à nossa condição atual, como é necessário escurecer o cristal para quem olha o sol, se não quiser enganar-se. É necessária, porque, sendo Deus infinito e nós limitados, ela deve chegar lá onde a razão não chega. A é para a razão o que o telescópio é para a nossa fraca vista. Se numa noite serena, elevais os olhos ao céu, vereis uma infinidade de estrelas, mas lá onde o olho nada distingue, o telescópio descobre novos mundos e incógnitas maravilhosas, assim o nosso espírito, pouco ou nada sabe em relação aos grandes problemas da vida. É a que nos revela o mundo sobrenatural, onde cada problema encontra a sua indiscutível e plena solução. É a que ilumina a nossa inteligência, esclarece-nos sobre a nossa existência, nosso destino, nosso futuro. As sombras do mistério devem aumentar a nossa , antes que diminuí-la. Os mistérios da , impenetráveis, em si mesmos, são pois ricos de esplendores inefáveis, como a coluna que guiava o povo de Deus no deserto, espalhava sombra e luz. Vede de novo Belém. Um Deus menino que chora, numa estrebaria! Que obscuridade! Que mistério! Mas ao mesmo tempo, que jato de luz! que magnificência de prodígios!

Tudo foi profetizado. O lugar, o tempo, a maneira, de tantos fatos foram descritos, nos livros sagrados, muitos séculos antes. E agora, os céus se comovem, multidões de espíritos celestes suspensos sobre asas de ouro, entoam o cântico da glória, esplendores de paraíso rompem as densas trevas da meia-noite, iluminam os muros vermelhos das cabanas, o deserto, os pastores. A estrela aparece no oriente, e os sábios e reis sucedem aos


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pastores, nas homenagens de adoração. O céu e a terra, os anjos e os homens, o passado, o presente, o futuro formam ao redor do berço do cristianismo um imenso diadema de luz, que toma a nossa sumamente gloriosa e razoável.6

 

 




1.             Carta Pastoral (...) para a Santa Quaresma de 1884, Placência, pp. 6-7.



2.             Católicos de nome e católicos de fato. Placência, 1887, pp. 6-7.



3.             Homilia da Epifania 1898 (AGS 3016/3).



4.             Carta Pastoral (...) para a Santa Quaresma de 1881. Placência, pp. 23-24.



5.     Id., pp. 26-27.



6.             Homilia da Epifania, 1905 (AGS 3016/3).






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