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a) PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA
“A árvore
da cruz e o rochedo do Vaticano.”
Quereis
cooperar para a salvação da sociedade? Eu vos proponho dois suportes igualmente
inabaláveis: a árvore da Cruz e o rochedo do Vaticano. A árvore da Cruz que em
todos os séculos deu aos Apóstolos a difusão da graça, aos mártires o
testemunho da fé, dissipou com a sua luz, as trevas do paganismo, reuniu os povos
dispersos, para santificá-los. Dela vem a sabedoria às crianças, a força aos
fracos, a consolação aos tristes, o heroismo às virgens, aos perseguidos, aos
pobres a resignação, a todos a virtude; que chamou o homem à nobreza da sua
origem, ergueu a mulher do seu aviltamento, rompeu as cadeias da escravidão,
proclamou para todos a liberdade de filhos e, abolidos os sacrifícios de
sangue, iluminou a própria morte com a glória da imortalidade.
A
rocha do Vaticano, onde se assenta o herdeiro do primado de Pedro, o Vigário de
Jesus Cristo, o Mestre infalível da Igreja, o doutor de todos os fiéis, o
centro da unidade católica, o vencedor das heresias, o fundamento de todas as
Igrejas, o glorioso Leão XIII. - 128 -
Unidos
à cruz, unidos de mente, coração, e obras ao Papa corajosamente, sem
restrições, sem hesitações, na vida e na morte, nós não fracassaremos na
gloriosa meta e Deus estará conosco. 1
“O Papa é a
pedra fundamental da Igreja.”
O
Papa! Ele é o personagem mais augusto e mais venerando que existe sobre a
terra. Ê o sucessor dos Apóstolos, o Bispo dos Bispos, o Mestre infalível da fé
e dos costumes. O juiz inapelável de todas as controvérsias, o centro de
unidade católica, o Pastor supremo das almas, a pedra fundamental da Igreja, o
depositário das sagradas chaves, o lugar tenente de Deus; é em poucas palavras,
Jesus Cristo sobre a terra, que continua a ensinar e governar todos os fiéis. O
Papa ensina uma verdade? É Jesus Cristo que a ensina. O Papa ordena? É Jesus
Cristo que ordena. O Papa condena? É Jesus Cristo que condena. O Papa absolve?
É Jesus Cristo que absolve. 2
“Quem é o
Papa?”
Os
sentidos não vêem nele, senão um homem igual aos outros homens, mas a fé nos diz:
ele é o sucessor de Pedro, antes, é o mesmo Pedro, sempre vivo na pessoa dos
seus sucessores, com toda a plenitude de jurisdição e de autoridade que, como
chefe da Igreja, Pedro teve. Pedro continua e vive nos seus sucessores (...).
É
a voz poderosa que repete às gerações humanas os oráculos do Verbo, que se fez
carne; é a rocha invencível da fé, o fundamento visível da mística Jerusalém, a
pedra inabalável do edifício divino, a boca da Igreja, o Pastor do rebanho
católico, o chefe supremo da milícia cristã, o monarca do reino celeste, o
guarda da casa de Deus, a sentinela vigilante de Israel, o piloto da nave que
não conhece naufrágio (...).
Não
existe Igreja de Jesus Cristo sem o Papa; pelo contrário, lá onde está o Papa,
aí está a Igreja, como afirma S. Ambrósio: Onde está Pedro, aí está a Igreja,
pois que a Igreja e o Papa, no dizer de S. Francisco de Sales, formam uma só e
a mesma coisa (. . .). Quem é o Papa? É a carta infalível, a pedra de confronto
para distinguir em cada tempo o católico do herege e do cismático, é o centro
da unidade cristã, com o qual necessariamente pactuam os fiéis espalhados sobre
a face da terra. Eliminai a união com este centro e tereis a confusão, a
perturbação, a desordem (...).
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Quem
é o Papa? É o princípio fontal de todo poder sacerdotal e episcopal, a respeito
do governo das almas; é a causa instrumental criadora, conservadora e
propagadora da Igreja Católica; é o coração do mundo cristão, o sol, que em
toda parte do mundo se difunde em torrentes de luz e de vida (...).
Quem é
o Papa? Ele é sobretudo, um pai, e tal pai que ninguém, depois de Deus, é mais
Pai do que ele. Ninguém tão pai. É este o título mais belo de sua grandeza, o
seu mérito mais nobre. Jesus Cristo fez a solene transmissão de sua autoridade,
pouco antes de subir ao céu, a todos os Apóstolos juntos, mas a parte afetiva,
paterna quis comunicá-la principalmente a um único, e este é Pedro. A todos
disse: com a mesma autoridade que o Pai me enviou, eu vos envio, mas somente a
Pedro disse: Se me amas, apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas
ovelhas. Em Pedro, unificou o amor de sua autoridade paterna, a fim de que
dele, como de fecunda nascente, se difundisse em todos os outros (...).
Nós chamamos o Papa com o doce nome de
Pai, de Santo Padre, de Beatíssimo Padre, exatamente, porque é imagem viva
d’Ele, que é santidade, por essência e da qual deriva toda paternidade, no céu
e sobre a terra. 3
“Pedro é
constituído por Cristo, Vigário do seu amor.”
Jubilosos
pelo nome de católicos, repetimos as belas palavras de S. Ambrósio: ‘Na fé e no nome de Pedro, a Igreja é
consagrada”, da qual por divina instituição, é Chefe visível (...), revestido
imediata e diretamente da dignidade real e das graças e prerrogativas inerentes
à mesma. Um mártir da Igreja nascente, a quem foi pedido que indicasse o
caminho seguro, para chegar a Cristo, respondeu em uma sé palavra: Pedro.
Pedro, queria dizer, só Pedro pode vos falar as palavras de verdade, de vida,
de salvação. Uni-vos a Pedro com firmeza irremovível, se quereis evitar o
naufrágio (...).
Pedro foi constituído, pelo Salvador,
Vigário do seu amor para conosco. A bandeira que ele ergue é a bandeira de
Deus; lá encontraremos as bênçãos do céu e os dons inefáveis das santas chaves,
o vinculo da caridade, que nos une a Cristo, a Deus. 4
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“Pelo
Pontífice pertencemos à Igreja, pela Igreja, ao Filho de Maria e pelo Filho de
Maria, ao Deus verdadeiro.”
O
Pontífice Romano á o chefe e o fundamento visível, sobre o qual Jesus erigiu o
edifício imortal da sua Igreja, que já preenche
os séculos. Figura da Igreja, no Cenáculo, era Pedro, o Príncipe dos Apóstolos
e Vigário de Cristo; era Maria, a Rainha dos Apóstolos, a Mãe de Jesus, o que
equivale a dizer: Pelo Pontífice, pertencemos à Igreja, pela Igreja, ao Filho
de Maria e pelo Filho de Maria, ao Deus verdadeiro e vivo, que se comunica a
nós, por meio do Espírito Santo, e que nos espera, no céu, para ser o nosso fim
último, como foi o primeiro princípio. Indubitavelmente, Deus, Jesus Cristo, a
Virgem Maria, a Igreja Católica, o romano Pontífice são todos anéis de uma
corrente misteriosa, que une o tempo à eternidade. Ai, três vezes ai, a quem
rompe apenas um destes elos. 5
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