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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • SEGUNDA PARTE       HOMEM DA IGREJA E PARA A IGREJA
    • 5.  O LEIGO
      • b) A AÇÃO DO LEIGO
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b) A AÇÃO DO LEIGO

 

“A força leiga na Igreja de Cristo.

 

             A ação do clero deve caminhar harmoniosamente unida à ação dos leigos (...). Contra a Igreja leiga de satanás, deve se opor não somente a força sacerdotal, mas também a força leiga da Igreja de Cristo. Às duas forças juntas, Deus reservou, em cada tempo, a vitória. As portas do inferno, disse Ele, não prevalecerão jamais contra a minha Igreja. Ora, a Igreja, no seu pleno significado, a Igreja, querida esposa do Nazareno, a Igreja reino imortal do Deus vivo, a Igreja corpo místico de Jesus, não é constituída


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só pelos sacerdotes, nem só pelos Bispos, nem pelo Papa sozinho, mas pelos pastores, juntamente com os fiéis, embora dependam uns dos outros. 9

 

“Sede nossos mediadores.”

 

             A Igreja, certamente, não perecerá pelas atuais batalhas, como não pereceu por aquelas muito mais terríveis, há dezenove séculos. Seria desconhecer a economia da Providência divina, abster-se de cooperar, para o seu triunfo; porque isto é confiado ao sacerdócio (...).

             Jesus Cristo (...) poderia sem dúvida defender e conservar sua Igreja, mas por sua grande condescendência, chama os homens à honra de ser-lhe os cooperadores; chama não só o sacerdócio, mas também o laicato; chama homens e mulheres, grandes e pequenos, ricos e pobres, sábios e analfabetos.

Compreendei, portanto, a nobreza e grandeza de vossa missão, é leigos, e procurai corresponder-lhe dignamente (...).  Sois nossos mediadores, como nós o somos, em vosso favor, mediadores de Deus(...). Que aproveita lamentar com intermináveis jeremiadas a decadência da fé, a corrupção dos costumes, a desordem universal, se depois não queremos nos incomodar por nada, se nada queremos fazer, para remediar, se no momento da luta, abandonamos o campo e corremos, covardemente, a esconder-nos? E daí? não fomos todos assinalados na fronte com o crisma da fortaleza, todos incorporados à milícia de Cristo?  10

 

“Todo homem é apóstolo da verdade.”

 

             Todos os meios lícitos para influenciar esta sociedade, católica na sua maioria e que é governada por uma minoria indiferente e anticristã, devem ser usados com coragem, constância e disciplina por todos. Digo por todos, porque seria um gravíssimo erro acreditar que a defesa da religião deve ser tarefa exclusiva do clero, enquanto é um dever geral de todos os que a professam.

             A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, é um corpo moral, composto de muitos membros, diversos uns dos outros, mas todos unidos a formar um só corpo, com tal conformidade e distribuição, que se beneficiam reciprocamente, e todos contribuem à vida, ao vigor, à santidade, à conservação do mesmo corpo. A Igreja é formada pelo clero e pelos leigos;


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o clero não pode viver sem os leigos, nem estes, sem o clero. Não! A religião não é patrimônio que beneficia só o clero; ela existe para o bem de todos e portanto todos são responsáveis pela sua defesa (...).

             Não existe idade, profissão, ou estado isento deste dever e nem excluído de seus benefícios. Ao contrário, quando a religião se enfraquece, as consciências se degradam e a liberdade se apaga, será talvez, perda só para o clero? Não é também o laicato e toda a sociedade que sofrem os gravíssimos danos? Além disto, uma fé com olhos indiferentes ao alastrar do mal, sem se comover e que no meio das blasfêmias e dos escândalos, não encontra em seu zelo melhor expediente que concentrar-se em si mesma, para não perecer, é fé que pode parecer boa aos outros, mas eu, não sei dizer de que tipo ela seja. E além disso, a religião é a verdade. O dever de todo homem que possui a verdade é de propagá-la, de partilhá-la com quem não a conhece e defendê-la com todas as suas forças, quando atacada. Neste sentido, todo homem é apóstolo da verdade, como todo homem pode ser o mártir dela. 11

 

“Laicato e Igreja, duas coisas indissoluvelmente irmãs.”

 

             Belo e consolador espetáculo temos diante de nós! Ao lado dos sagrados Pastores e interpostos a uma elite de sacerdotes, nós vemos aqui uma multidão não menos escolhida de leigos, todos animados do desejo do bem, todos inflamados de nobre ardor, pela causa mais santa, que é a causa da Igreja  (...).

             Infelizmente, hoje, entre o laicato e a Igreja, entre estas duas coisas indissoluvelmente irmãs, procurou-se levantar um muro de divisões. Para melhor conseguir isto, o que fizeram os seguidores do hodierno liberalismo? Descobriram a forma de suscitar ódio à Igreja, pintando-a aos olhos do povo, com as cores mais sombrias. Os nomes mais caros e mais santos foram por eles profanados e reduzidos a significados abomináveis, exatamente para se voltarem contra ela. O patriotismo, a liberdade, a dignidade humana, a ciência, a fraternidade, a igualdade, o progresso (nomes que em seus lábios tem ares de ironia e destilam sangue), foram usados contra as pessoas, as coisas e as instituições da Igreja. Pois bem: conhecer, amar, obedecer esta Igreja, interessar-se pelas suas lutas e pelos seus triunfos, propagar-lhe as doutrinas, ajudá-la nos ministérios, tutelar-lhe os direitos, reparar-lhe os danos, confortá-la nas dores, eis especialmente, em nossos dias, um dos maiores


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deveres dos católicos, eis para onde se devem dirigir os esforços, todos unidos, do clero e do laicato. 12

 

“Queremos ser cristãos de verdade.”

 

             Queremos ser cristãos de verdade, cristãos de fé e de obras. Sacerdotes ou leigos, cultos ou ignorantes, ricos ou pobres, queremos unir-nos em uma só família, cada um, à sombra do nosso templo e todos, como um só coração e uma só alma, oferecer ao Pai dos fiéis, ao Santo Vigário do Príncipe da Paz e da Justiça, obedientes e dóceis executores de tudo o que ele quer e deseja, para o bem inseparável da religião e da pátria.

             Queremos estar unidos entre nós, como verdadeiros irmãos, não só no templo, mas também fora do templo, para ajudar-nos e confortar-nos reciprocamente, para zelar pela honra de Jesus Cristo e estender o seu reino nas famílias, nas escolas, na administração pública, para nos assegurar e gozar, sem arrogância, sem cobiça de dominar, o direito daquela liberdade cristã, que deve ser igual para todos, e não o absurdo privilégio de grupos sectários.

           Queremos defender a pobre juventude dos maus exemplos e das doutrinas perversas, dos maus hábitos e de toda ação corruptora, para o conforto de suas famílias, para o bem e dignidade do país.

             Queremos a liberdade da Igreja, do nosso Chefe, do nosso culto, do trabalho, da santificação das festas, do exercício dos nossos direitos mais sagrados, enfim a liberdade dos filhos de Deus. 13

 

“Vastíssimo é hoje o campo do laicato.”

 

             Vastíssimo é o campo do laicato, hoje. Promover, ajudar, difundir a boa imprensa; unir-se em comitês e sociedades católicas e organizá-las; solicitar, sem tréguas a instrução religiosa nas escolas e o repouso dominical; concorrer, até onde for lícito, ao governo da causa pública, através da intervenção, nas eleições administrativas; combater onde for necessário, com a palavra e com os fatos, a influência nociva e deletéria da massonaria, que já se infiltrou em tudo: despeçam-se, quando houver ocasião, os prepotentes, os vilões que nos municípios, ousam ofender os sentimentos mais delicados de um povo, permitindo que a fé seja ultrajada e se passe por cima dos


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direitos sagrados, das tradições mais caras. Recolham-se os jovens, no desabrochar da vida, nos Oratórios festivos e nas escolas cristãs, preservando-os assim da corrupção do mundo. Ir ao encontro das necessidades do Pai comum, com a oferta de amor filial; com a ajuda aos clérigos pobres, provendo o Santuário de novos ministros; com instituições de crédito, estirpe-se a usura indo ao encontro das necessidades, especialmente da classe operária; reivindique-se, calmos, prudentes, por vias legais, mais fortes, corajosos, sem titubear, a liberdade e a independência verdadeira e real do Sumo Pontífice, nosso Chefe e nosso Pai, nos modos queridos por ele que é nosso único juiz... são todas obras, uma mais necessária e meritória que a outra, que servem para confundir os inimigos da fé, alimentar em nós a chama da caridade divina e mostrar-nos verdadeiramente, o que devemos ser: filhos dignos da Igreja de Jesus Cristo.14

 

 




9. Ação Católica. Placência, 1896, pp. 16-17.



10. Id., pp. 18-20.



11.   Na inauguração dos Comitês diocesanos e paroquiais, 18-4-188 1 (AGS 3018/18).



12.           Abertura da IV Reunião Regional da Obra dos Congressos, 11-6-1897 (AGS 3018/18).



13.           Encerramento da IV Reunião da Obra dos Congressos, 12-6-1897 (AGS 3018/18).



14.           Abertura da IV Reunião Regional da Obra dos Congressos, 11-6-1897 (AGS 3018/18).






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