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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
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  • TERCEIRA PARTE     HOMEM DA PALAVRA E PARA A PALAVRA
    • 2.  APÓSTOLO DO CATECISMO
      • a) O PRIMADO DA CATEQUESE
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a) O PRIMADO DA CATEQUESE

 

“Apóstolo do catecismo.”


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Aflige-me o coração, ao ver tantos jovens estudantes que se perdem, enquanto muito facilmente nós poderíamos salvá-los!... Sejam para eles, ó irmãos, os nossos cuidados mais solícitos e afetuosos. Salvemo-la, oh,

 

salvemos esta pobre juventude estudantil, e com ela teremos salvo tudo!... Não é só pelo grande afeto que tenho por ela, que ouso, aqui novamente, colocar diante de vós este grito, mas também para desobrigar-me de uma promessa já feita a Pio IX, de saudosa memória. Continue, disse-me um dia, com aquele seu modo todo paterno, continue a ser Apóstolo do Catecismo e assim dizendo, talvez para que não me esquecesse da recomendação, presenteou-me, na presença de vários Bispos, com esta cruz... Confuso, com tão digno tratamento, tão imprevisto, quando imerecido, não sabia o que responder. Porém, recordo-me muito bem, que assumi o compromisso de traduzir em atos, do melhor modo possível, aquelas palavras e também de repeti-las, em toda circunstância oportuna aos meus co-irmãos do ministério. Portanto, párocos e sacerdotes que aqui estão, armemo-nos de um zelo forte, iluminado constante, tornemo-nos apóstolos do catecismo. 1

Distantes, mais do que estão o céu e a terra, do zelo de um São Carlos Borromeo, de um São Francisco de Sales, de um Beato Paulo Buralli, nosso glorioso antecessor, de um Ven. Bellarmino e de outros insígnes pastores vivos, sentimo-nos, porém, arder de vivíssimo desejo de segui-los, ao menos de longe, nas pegadas, desta obra salutar do catecismo e nunca, jamais cessaremos de rezar, de afadigar-nos e insistir oportuna e inoportunamente, com toda a paciência, até conseguir vê-la perfeitamente cumprida e possa nossa amada Diocese nisto, servir de edificação e de exemplo, às outras. 2

 

“Nossos primeiros pensamentos se voltaram para a juventude.”

 

Apenas fomos destinados ao governo desta nobre e insigne Diocese, pelo Supremo Hierarca, nossos primeiros pensamentos se voltaram para a juventude (...). Suplicamo-vos, em nome de Deus, de velar atentamente sobre a instrução religiosa das crianças, de descer até elas e nunca perdê-las de vista, a partilhar com seus pais, das preocupações de encaminhá-las na piedade, de ensinar-lhes em todos os pontos a doutrina cristã, a consolidá-las na fé católica.

Nossas palavras que se referiam ao ensino do catecismo, foram por vós acolhidas, com admiração, e nós somos felizes em prestar público testemunho de vosso zelo, esperando que os ardentes votos de nosso coração, a respeito do catecismo sejam coroados. 3


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“O catecismo é o mais natural e primitivo ensino.”

 

Embora jovem, a alma quando bem instruída no catecismo, experimenta em si mesma seu Deus, atira-se a Ele com ardor, ama-O, adora-O, através de belezas que adornam o universo. Quem faz alguma experiência a respeito, não tem necessidade de palavras para se convencer.

Falai de Deus a uma criança, no modo que convém a sua idade e capacidade e ela vos mostrará que não falais de um Ser estranho à sua natureza. No fundo de sua alma o Ser Supremo fez sentir sua existência, desde os primórdios da vida e desenvolvendo-se gradualmente pelo catecismo, na criança este germe precioso, conforme a idade, far-lhe-á brilhar na mente, a parte mais bela e sublime de sua vida.

A idéia de Deus aparece desde os primeiros albores da razão humana e todas as teorias das escolas sem catecismo, são rebatidas cada dia pelas mães, que falam do Pai Celeste aos pequenos, a quem elevam suas orações; e estes, com as mãos postas, olhos voltados para o céu, com a voz comovida, repetem as sagradas palavras que a mãe pronuncia e seu coração enternecido se harmoniza às palpitações daquilo que os inspira (...).

Educai, religiosamente, um jovem e vê-lo-eis ainda novo proferir, com respeito, o nome de Deus e, sem que se aperceba, tomará as máximas da fé, como primeira lei, para a sua inteligência, para o seu espírito, que começa a sentir-se ele mesmo. Ouvindo maravilhado os milagres da criação, os imensos benefícios da redenção, conhecerá com alegria puríssima, o vínculo que une a terra ao céu, o homem a Deus. Sentirá despertar n’alma o afeto, o reconhecimento, para com o Criador, rezará com amor e com fé; e tudo isto exercerá uma grande influência sobre o seu futuro, seu espírito, sua consciência, seu caráter e talvez sobre os destinos de toda a sua vida (...).

Enquanto na sociedade, despertou-se um verdadeiro entusiasmo, para dar às crianças, e isto é muito bom, a mais perfeita educação física e moral, por que não se desejar compreender a necessidade, bem mais urgente de ensinar-lhes, a tempo, os rudimentos da fé, que são o princípio da grande obra da educação cristã, o fundamento e a base de toda a vida? Não há dúvida: o ensino do catecismo deve ser a primeira instrução a ser dada às crianças. 4


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 “O catecismo é a síntese de todos os dogmas e de toda a moral da Igreja Católica.”

 

Em seu significado geral, o catecismo católico não é senão a síntese de todos os dogmas, doutrinas, de toda a moral da Igreja Católica, síntese maravilhosa, que satisfaz a todas as aspirações das faculdades humanas, a todas as necessidades d’alma, às quais esclarece e desvenda as mais árduas e grandes questões que lhe interessam.

Portanto, o catecismo é o código que dirige a consciência, faz conhecer a Deus, os altos destinos do homem, os sagrados laços que ligam ao Criador, ao próximo, a si mesmo. É uma sintética, porém completa exposição de fé, todas as palavras foram de tal modo ponderadas que dizem muito bem o que definem: a mais pura substância dos dogmas e da moral do Cristianismo.

É uma teologia elementar, mas profunda, ajustada à inteligência de todos, positivíssima, porque cada uma de suas fórmulas encerra uma verdade precisa, expressa, esculpida com palavras exatas e evidentes ...

O catecismo contém uma ciência toda divina que tem Deus por mestre (...).  Elevando o homem acima de todas as coisas criadas, transporta-o até o trono do Eterno Pai e lhe revela a geração do Verbo divino e a processão do Espírito Santo, descobre-lhe o oceano de grandezas e perfeições infinitas e uma infinidade de misericórdias inefáveis, os mistérios maravilhosos, como a Encarnação, a Cruz, os Sacramentos e todas as outras verdades, que nos revelam os mais profundos mistérios de Deus.

O catecismo, que se fundamenta na palavra revelada por Deus sua Igreja e que, em germe, está todo contido nas ordens do Mestre Divino, aos Apóstolos: “ide e ensinai todos os povos”, um livro que supera a todos os livros, a toda sabedoria humana: o            livro dos pequenos e dos grandes, dos ignorantes e dos sábios (...). Portanto, não existe depois da Sagrada Escritura, livro mais nobre, nem que possa ou deva interessar, tão vivamente à sociedade, quanto o catecismo católico.

 

“Verdadeira fonte da vida cristã.”

 

A catequese da Igreja primitiva (...) era uma verdadeira fonte de vida cristã, onde se desenvolvia e florescia. A catequese não era considerada como uma simples escola de religião, mas como uma família, na qual as


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na qual as almas cresciam para Deus, para a Igreja, para o Céu (...). O espírito dos ouvintes se habituava aos pensamentos cristãos, a mente era exercitada, para compreender e para julgar as coisas não mais segundo as luzes da sabedoria pagã, mas segundo as luzes da fé evangélica. O catequista se aplicava, com a maior caridade, a formar naquelas almas, ainda jovens na fé, o espírito de Jesus Cristo, antes Jesus Cristo mesmo: “até que Cristo seja formado em vós.” 6

 

“O fruto do primeiro Congresso Catequético, em parte, já obtido.”

 

Ó irmãos, falar-vos dos sentimentos que me invadem a alma neste momento, não me é possível. As palavras eloqüentes que ressoaram entre estas paredes, desde o início, as tão belas e confortantes coisas ouvidas aqui, as tão úteis propostas discutidas, as tão caras e oportunas considerações aplaudidas e que foram o sinete mais digno dos nossos trabalhos, deram a conhecer plenamente quão grande é o amor que arde em vossos corações, para com Aquele que disse: “vim trazer fogo à terra e não quero senão que arda?” Portanto a Ele, só a Ele, a honra e a glória, a Ele hoje o hino de louvor e agradecimento.

Sim, agradeçamo-lo porque não nos reuniu em vão aqui. O fruto do primeiro Congresso Catequético, pode-se dizer, já foi obtido em parte. De fato, os nossos povos não poderão permanecer indiferentes à nossa obra.

Grandes coisas ouviu-se falar a este respeito; grandes coisas convém dizer, sobre este catecismo, para fazer com que seja melhor conhecido, aqui se reuniram tantas pessoas insígnes; se um Príncipe da Igreja e dos mais iluminados, se tantos ilustres Prelados, zelosos pastores de almas, se sábios escritores, vindos de todas as partes da Itália e não sem sacrifícios e dificuldades, não se ocuparam nestes dias, de outra coisa, senão de reavivar-lhe o estudo e a prática! Por certo, deve ser coisa importante! E tal reflexão feita aqui e em todos os países de onde viestes, acreditai, Veneráveis co-irmãos, que não tenha feito um grande bem? Acreditai que não sejam gérmens de bons e santos propósitos, para o futuro? mas nós todos sabemos que nem quem planta é alguma coisa, nem quem rega, mas quem faz crescer, Deus. A Ele novas ações de graças.  7


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 “Promovei a instrução religiosa com ardor e caridade.”

 

Promovei, recomendamo-vos calorosamente, a instrução religiosa, cuidando com ardor e caridade o andamento regular, nas escolas de catecismo. Por favor, ó veneráveis párocos e sacerdotes, estimulai os bons, nesta obra de Deus, vos suplicamos: afervorai os ociosos, animai os tímidos, confortai os diligentes. Oh, quanta alegria proporcionais aos Anjos, quanta edificação aos fiéis. Quanta            consolação ao nosso paterno coração, se recolherdes em torno de vós, uma fileira de jovens, lhes ensinardes, com aquele afeto que só a caridade sabe inspirar, a conhecer, a amar, a servir o Senhor. Logo nos certificaremos disto, visitando as escolas de catecismo, com particular carinho, em cada paróquia. Pensai que esperamos ter em tais encontros a mais querida, a mais doce das consolações e enquanto nos alegramos no Senhor e convosco seremos pródigos de elogios, para com os verdadeiros pastores; não podemos dissimular nem mesmo em público nosso triste pesar, a quem não tivesse feito ainda, por quanto lhe fosse possível, o seu dever, em coisa de tanta necessidade. 8

 

 




1. Atos e documentos do Primeiro Congresso Catequêtico, Placência, 1890, p. 120.



2. O Catecismo Católico, Placência, 1877, p. 9.



3. Sobre o ensino do Catecismo, Placência, 1876, p. 4.



4. O Catecismo Católico, Placência, 1877, pp. 33-35.

5. Id., pp. 1-3.

 



6. Id., pp. 10-11.



7. Atos e Documentos do 1º Congresso Catequético. Placência, 1890, pp. 236-237.



8. Pela Visita Pastoral, Placência, 1876, pp. 15-16.






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