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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • TERCEIRA PARTE     HOMEM DA PALAVRA E PARA A PALAVRA
    • 2.  APÓSTOLO DO CATECISMO
      • b) A NECESSIDADE DO CATECISMO
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b) A NECESSIDADE DO CATECISMO

 

“Instrução religiosa, ou, em outros termos, catecismo!”

 

Portanto instrução, instrução religiosa, ou em outros termos: catecismo! sendo exatamente o catecismo, o fundamento de tal instrução.

Pudéssemos fazer-vos apreciar este livro como convém, em toda a sua grandeza, importância e toda eficácia!

O catecismo é o fundamento da vida cristã. Para usar belas expressões de um dos mais doutos escritores modernos, ele é o livro dos livros: e embora tenha aparência de um livrinho muito humilde, mesmo assim, excetuando a Bíblia, supera todos os outros. E a razão é que ele contém nos seus primeiros gérmens a profundíssima e santíssima doutrina deixada, como o mais belo dos tesouros, por Jesus Cristo, à Igreja. Por isso contém, não só tudo aquilo que os papas e os bispos ensinam hoje, mas aquilo que eles ensinarão sempre. Não só os dogmas cristãos, mas a teologia, a filosofia e a literatura católica são frutos daqueles germens catequéticos, sem os quais, não teriam nunca vindo à luz e também agora tem deles, alimento e vida. Portanto, quem quiser conhecer toda bondade e beleza


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do catecismo católico, deve fazer como aquele que, tendo algumas sementes nas mãos, não se contenta apenas de olhá-las, mas considera virtudes ocultas e pensa que aquelas sementes colocadas em condições oportunas, pouco a pouco se transformam em grandes árvores, ricas de galhos, folhas, flores, frutos.

O catecismo! Examinai-o atentamente e vereis como este livro admirável, este código de sabedoria popular, embora de pequenas dimensões, contém sozinho aquilo que é mais necessário saber, isto e, a ciência de nosso destino, com os meios para alcançá-lo; adapta-se a todas as idades, responde às necessidades de todas as condições e de todas as inteligências, resolve de modo determinado e seguro todos os problemas da vida e, sozinho, é capaz de formar bons cristãos, virtuosos cidadãos. Com fórmulas claras, breves e precisas, que pouco a pouco se desenvolvem e crescem, ele suscita a fé nos pequenos, alimenta-a nos adultos e nos homens maduros confirma-a e fortifica-a. 9

 

“Catequizai em toda parte, sempre.”

 

             A primeira comunhão e a crisma são as ocasiões mais comuns. Não basta. Deveis catequizar as crianças, na igreja, em casa, nas ruas, nas escolas, nas conversas familiares, nos sermões, em todos os lugares e sempre. E não só os pobres e os homens do campo, embora a estes deveis ter um amor especial, mas também os nobres e burgueses, porque são igualmente filhos de Jesus Cristo e da Igreja e diante do ministro de Cristo, não existe rico ou pobre, nobre ou plebeu.

             Importa, sobretudo, que vençais um grave preconceito, estabelecido, entre muitos, de que o catecismo deva ser ensinado somente às crianças, como se a Igreja, depois de nos ter alimentado amorosamente, com o leite da santa doutrina, quando crianças, nos deixasse entregues a nós mesmos.

             Na verdade, a Igreja não nos deixa entregues a nós mesmos, em nenhum momento de nossa vida, porque a sua maternidade é perseverante, continua, incansável. Cada idade e cada condição de vida tem necessidade de especial e mais abundante alimento doutrinal. Portanto, catequizai também os adultos.

           O catecismo deve ser uma arma poderosa nas suas mãos, para vencer as terríveis batalhas da vida, e deve, sobretudo, ensiná-los a fugir do


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pecado, a santificar a dor com a paciência, a viver sempre com Jesus Cristo, imitando-lhe os exemplos, para que coloquem, coração, a esperança da vida futura. Uma instrução catequética não obtenha estes frutos, não é digna de um ministro de Jesus e da Igreja e antes é morta, ou quase morta.

             Mas existem almas que requerem, de modo particular, vossos cuidados mais solícitos e afetuosos e são, como vos dissemos em outras ocasiões, os surdos-mudos e as surdas-mudas, que porventura se encontram em vossas paróquias. Que também eles cheguem com o vosso trabalho, bem depressa, ao conhecimento da verdade e possam sentar-se regenerados, a este festim do espírito. 10

 

“Eduquemos, eduquemos!”

 

             Eduquemos, eduquemos! Com a educação cristã tudo podemos; sem ela, de que nos serve o resto? Se as artes, as letras, as disciplinas humanas quer-se ver florescer, convém que a fé torne a reavivá-las. Se se quer o verdadeiro progresso da ciência, convém que a semente da doutrina Celeste seja espalhada a mãos cheias, no campo do Senhor e que desde os mais tenros anos se implantem, no espírito dos jovens, os ensinamentos da Igreja Católica (...).

             A uma falsa ciência inimiga da fé e da mesma razão, devemos opor uma ciência fundamentada sobre seguros e imutáveis princípios, conforme a razão e a divina revelação; não podem nunca os ditames da fé e da razão serem contraditórios entre si, sendo Deus o Supremo Autor de uns e de outros. Não vos esqueçais a base do verdadeiro saber é o catecismo católico. O catecismo seja ensinado pelos pais, nas casas, pelos sacerdotes, no templo, pelos professores, nas escolas e com o catecismo, os filhos aprendam a venerar os pais, que são imagem do Pai celeste. Com o catecismo os súditos aprenderão a respeitar, nos princípios, a autoridade que vem de Deus; como catecismo todos aprenderão a caridade que nos faz semelhantes a Deus e nos torna úteis aos nossos irmãos. 11

 

“Volte o catecismo, nas escolas e com ele, ali volte Deus.”

 

             Seja-me permitido falar, com aquela autoridade que ninguém pode proibir a um Bispo. Seja-me permitido fazer um voto, antes de dirigir a todos em nome de Deus, para a salvação das almas, para o bem da mesma


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sociedade civil, uma oração, que brota do fundo do meu coração, neste momento. Volte, volte a religião, volte o sacerdote, volte o catecismo, em todas as escolas. Retorne, não como um mendigo a quem dificilmente se deixa transpor a soleira da casa, mas como um amigo fiel, como um antigo benfeitor, expulso num momento de despeito e de ira injusta. Retorne o catecismo nas escolas e, com ele, retornará Deus. Pois onde Deus não está, existem apenas trevas; lá onde Deus não está, existe a escuridão, mais densa, quanto aos princípios morais.  12

 

“Aperfeiçoar harmoniosamente as faculdades do homem.”

 

             A instrução, ainda que só do intelecto, e o alfabeto que é seu primeiro degrau, são um bem que deve ser difundido tanto e mais que os outros, como por exemplo, a salubridade dos lugares e a higiene do corpo humano. É um desenvolvimento da natureza humana, antes, um dos mais nobres desenvolvimentos, e quem o contraria é réu de lesa humanidade. Mas, como tudo tem uma medida, e tudo tem um fim, esta instrução se proporciona não só às várias classes dos homens, mas deve harmonizar-se com todas as perfeições de que cada um é capaz. Diz-se educar, ao aperfeiçoar-se harmoniosamente as faculdades do homem, e a educação compreende o corpo, e o espírito, o coração, os afetos, a fantasia, a vontade juntamente com a inteligência (...)

             Toda vez que não se procura educar religiosamente, na criança, a natureza e a dignidade humana, toda vez que se descuida de formar nele o homem como Deus o concebeu, o homem como Deus o criou, o homem como Deus quer que se forme e se complete; toda vez que não se cumprir estas coisas, se atraiçoa e viola-se o devido respeito à criança e à sua grandeza original. De fato, o homem, nascido essencialmente, imitador e liberto de si, se não conhecer as grandes verdades que encontram fácil aceitação em seu coração reto, que é, segundo a bela expressão de Tertuliano, naturalmente cristão, não formado, no exemplo das virtudes e no exercício religioso, crescerá disforme, qual plantinha selvagem e portadora de tristíssimos frutos e a tão graves males não poderá conseguir remédio oportuno. Harmonizar o ânimo tenro com as virtudes e o bem, é coisa fácil, mas extirpar os vícios crescidos com os anos, é coisa dificílima. 13


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“Despertem-se os pais.”

 

             Todas as diligências e criatividades, dos Párocos, de nosso venerável Clero e de todos os verdadeiros e fervorosos operários da doutrina Cristã, escassos frutos darão sempre, enquanto os pais despertarem para perceber e exercer seu sacrossanto dever, para os filhos; por isso, dirigindo-nos a eles, aos seus ouvidos, intimamos com todas as nossas forças, que se preocupem e se recordem da grave obrigação que têm de educar bem, as almas, a eles confiadas pela divina Providência, como sagrados depósitos. Ensina teu filho, como diz o Espírito Santo (Ecl 30,30) e S. Paulo: Educai filhos na lei do Senhor (Ef 6,4). Recordem sempre, que principalmente da tenra idade, depende o bom ou mau êxito do Deus no-lo assegurou e a experiência confirma a cada dia, que a criança, quando toma um caminho, não se afastará dele, nem mesmo na velhice. (Pr 17,6).

             Portanto, ó pais e mães, não sejais vós, suplicamo-vos pelas entranhas de Jesus Cristo, não sejais daqueles infelizes pais mais solícitos em educar os próprios filhos, para a comodidade e proveitos  temporais, e de fazê-los aprender coisas vãs e talvez perigosas, do           que se preocupar com seu verdadeiro bem espiritual e eterno; mais solícitos em formá-los no espírito, nas máximas, nos usos do mundo, do que nos sentimentos da religião, da piedade e da fé.

 

“Vós, pais, deveis ser os primeiros mestres do catecismo.”

 

             As novas necessidades dos povos exigem novos cuidados e solicitude sem fim, para transmitir às crianças, o espírito cristão, fortificar a vontade no bem, iluminar e indireitar a consciência. nobilitar os sentimentos, formar, segundo a admirável expressão do Apóstolo, Jesus Cristo em suas almas, sublimando-as até Deus. Os jovens são os homens do futuro; dentro de poucos anos, eles serão os pais, as mães, os operários, os ricos, os comerciantes, os magistrados das paróquias de toda a Diocese; conquistá-los para Deus, eis o caminho mais curto e mais seguro, para reformar tudo. Em tempo de paz e de fé podem bastar párocos bons, regulares de virtudes comuns, mas agora que o grito da impiedade não está tais distante, mas nos persegue e nos traz mortandade; agora, que o furioso tufão brame e explode e como transbordante enchente ameaça, no seu ímpeto, levar e arrastar consigo todas as coisas, é necessário que o apostolado da instrução religiosa da infância, estimulada em outros tempos por Deus, renasça em toda a sua


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em toda a sua amplitude e que o zelo seja ao menos, equivalente à maldade dos tempos.

Mas todas as diligências e os cuidados do clero em grande parte cairiam por terra se vós não vos despertardes, ó pais, a compreender e exercer os vossos deveres, para com os filhos, que em tempos tão tristes tornam-se deveres exclusivamente pessoais. Como não vos é desconhecido, também lá onde se deveria admirar a gravidade e a sensatez no pensar, abundam levianos e superficiais, que desprezando toda a antiga sabedoria dos avós e esmagando a história e a experiência das gerações passadas, consideram o catecismo um nada, um velho utensílio de casa que se tornou inútil, um impedimento e um obstáculo à prosperidade e à glória das nações; deste modo muitos jovens, talvez instruídos em outras coisas, não o aprendem como deveriam, ou logo, com incrível insipiência, o esquecem e o desprezam. Vós, ó pais, deveis ser os primeiros mestres do catecismo para os vossos filhos, já que pelo vínculo conjugal assumistes gravíssima obrigação: não sois seus pais segundo a carne senão, para sê-lo segundo o espírito. 15

 

“Vós pais e mães, tendes a função e a obrigação de transmitir o ensino da Igreja, aos vossos filhos.”

 

             A vós, ó mães, recordaremos de modo particular, que deveis a primeira instrução religiosa aos vossos filhos, os quais sempre convosco, ouvindo vossa voz, acreditam em vós, vos obedecem mais que a qualquer outra pessoa, a vós que na qualidade exclusiva que adorna a maternidade, tendes recursos que vos tornam mais aptas que os outros para este nobre dever.

             Aquele cuidado que tendes para que não falte o alimento corporal aos vossos filhos, deveis usá-lo para o sustento de sua vida espiritual, mediante a primeira instrução catequética. As grandes verdades recebidas dos lábios maternos não se apagarão tão facilmente do coração dos vossos filhos, e vós, ó mães cristãs, realizando esta parte gloriosa do apostolado católico a vós confiada, sereis merecedoras da gratidão das almas e da Igreja. Esculpi bem na mente, o pais, pois as crianças vivem da imitação e que o vosso exemplo, mais que as palavras, sirvam para elas de estímulo e encorajamento.

          Não vos contenteis em mandar os vossos filhos à Doutrina Cristã, mas conduzi-os em tempo, freqüentai vós mesmos os cursos de preparação, para instrui-los. Ainda que, porventura, tivésseis conhecimento de toda a


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ciência da fé, pensai que, quanto mais se escuta e se medita nas verdades da religião, tanto mais se descobre nelas as luzes celestes, que esclarecem e deleitam as almas e por outra parte, deveis dar aos filhos exemplo de respeito, de obediência à Igreja, de religiosidade, de edificação cristã, para prepará-los a um futuro feliz. Seja-vos norma de conduta este belíssimo lembrete de Sto. Agostinho: Os sacerdotes têm a obrigação e o de ensinar doutrina a vós, ó pais e mães, na casa de Deus, à qual sois convidados a participar e vós tendes o dever e a obrigação de levar o ensinamento da Igreja aos vossos filhos e àqueles que estão confiados aos vossos cuidados. 16

 

 




9. Educação Cristã, Placência, 1889, pp. 15-17.



10. Id., pp. 28-29.



11. Id., pp. 37-38.



12.           Discurso na distribuição dos prêmios junto aos Irmãos das Escolas Cristãs (AGS 3018/15).



13. O Catecismo Católico, Placência, 1877, pp. 42-46.

14. Premissa na reimpressão do Catecismo Diocesano. Placência, 1881, pp. 10-11.

 



15.   Sobre o ensino do Catecismo, Placência, 1876, pp. 18-19.



16. Id., pp. 19-21.






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