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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • TERCEIRA PARTE     HOMEM DA PALAVRA E PARA A PALAVRA
    • 2.  APÓSTOLO DO CATECISMO
      • d) A PEDAGOGIA CATEQUÉTICA
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d) A PEDAGOGIA CATEQUÉTICA

 

“O conhecimento e amor de Jesus Cristo Salvador,

 deve ocupar o primeiro lugar.”

 

O conhecimento e o amor de Jesus Salvador deve absolutamente ocupar o primeiro lugar no espírito do cristão; por isso, é necessário transmitir-lhe desde a primeira infância uma grande idéia, inspirando-lhe o mais terno amor, a maior confiança, a mais viva e eficaz devoção. 34

Quem ensina o catecismo não deve esquecer-se de que a instrução religiosa tem por finalidade conhecer o Deus de Jesus Cristo, cujo conhecimento, como está escrito no Evangelho, é a vida eterna. 35

Além da parte do catecismo estabelecida para cada classe, coloque-se continuamente sob os olhos das crianças Jesus Cristo, a Igreja e seu chefe supremo. Jesus Cristo, Autor e consumador da nossa fé, centro da religião, nossa única esperança, e o que Ele é como Deus e como homem. A Igreja, sua Esposa Imaculada, coluna e fundamento de toda a verdade, Mãe de todos os fiéis, fora da qual não há salvação; o Pastor Supremo, o Bispo dos Bispos, o mestre infalível da verdade, o Papa, devem ser objeto da fé, da ciência, do mais afetuoso e profundo respeito das crianças. A fé das gerações jovens é ameaçada de mil modos a respeito destes pontos; é necessário, portanto, fazê-la crescer sólida, forte, iluminada; uma fé sem um sério fundamento


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uma piedade de hábitos e de sentimentos mal poderia resistir à torrente de erros, que atualmente devasta a sociedade cristã. 36

 

“O catecismo seja compreendido no significado de cada palavra e no conjunto das verdades.”

 

Os mestres terão o catecismo nas mãos, lerão claramente a pergunta e a resposta, explicando de modo claro, lento, brevíssimo, o significado de cada palavra (...). De fato as crianças não entendem aquelas palavras e se forem preparadas a proferi-las materialmente, não obterão nenhum proveito. Portanto, é necessário explicar com a maior simplicidade e familiaridade, com noções e figuras sensíveis, todas e cada uma das palavras do catecismo, a fim de compreender as sagradas verdades dogmáticas e morais da fé. Acontece freqüentemente, ver-se jovenzinhos recitar francamente de cor, aquilo que não entendem; culpa dos mestres que supõem neles excessiva facilidade em entender as palavras e expressões catequéticas.

Portanto, explicando o valor de cada palavra, o mestre retorne desde o início, desenvolvendo o sentido e a força da resposta, propondo novamente sob vários aspectos a coisa, às vezes errando de propósito as respostas, para deixar às crianças o vivo prazer da correção, dispensando oportunamente elogios e reprovações, prestando atenção para que aquela parte do catecismo seja compreendida no significado de cada palavra e no conjunto da augusta verdade que significa (...).

O catequista não vá além, sem antes ter percebido, pelo tom da voz, pela alegria dos olhares das crianças, que foram atingidos pela verdade proposta (...). O mestre que não se atém a esta regra, trairia o próprio mandato, com grande prejuízo das crianças a ele confiadas. Portanto, o mestre se abstenha de enfadar-se e cansar-se de repetir, sem pressa de ir adiante, lembrando o grande dito de Sto. Agostinho: “A profundidade da Doutrina Cristã é tamanha, que, se desde a infância até a idade decrépita não tivesse  estudado como convém, outra coisa, com maior estudo, com melhor empenho, teria feito cada dia, nisto maior progresso. 37

A capacidade deles é muito limitada; a memória, a reflexão, a inteligência, não são exercitadas, a linguagem deles é paupérrima a e as respostas do Catecismo muitas vezes são complexas demais para eles, que


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necessitam, direi com o Apóstolo, de leite, não de alimento sólido, isto é, de instrução, expressa com palavras e frases simplicíssimas, que não superem seu alcance infantil.

Ordinariamente, nos jardins de infância usem-se algumas perguntas e respostas extraídas do pequeno catecismo, que não constituem exatamente um ensino gradual, nem tão inteiramente relacionado para desenvolver no espírito da criança o germe da fé e da vida cristã, introduzida pela graça batismal. 38

 

“Torná-lo quase inapagável.”

 

Cada aluno tenha o catecismo próprio da classe a que pertence e o mestre faça estudar o mais precisamente possível (...).

Cada uma de suas fórmulas encerra uma verdade importante, as palavras e as frases ponderadas de tal modo, que a troca por outras, às vezes pode alterar a substância das coisas (...). Disto resulta a importância de marcar uma lição breve, aula por aula, que deve ser apresentada e recitada à letra, não permitindo à criança de mudar nem mesmo uma palavra, nem sequer uma sílaba (...).

Tal estudo imprime tão fortemente na memória, o texto do catecismo, que torna quase inapagável, com imenso proveito para as almas, que, também nos seus desvios, encontram sempre no seu espírito quase indelével as fórmulas, as repreensões e a condenação. Via-se homens que tinham perdido a fé, tinham passado por todas as fases de incredulidade, que voltando para Deus, depois de quarenta ou cinqüenta anos de vida irreligiosa, se recordavam de todas as respostas do catecismo com grande consolação e benefício para eles.  39

 

“A imaginação venha em auxilio do intelecto.”

 

É necessário aplicar-se para que a imaginação venha em auxílio do intelecto, colocando-se-lhe diante, imagens que expliquem as verdades do catecismo. São Francisco de Sales dizia que o livro da natureza é apto, pelas semelhanças, pelas comparações, pelos confrontos, e por outras mil coisas. Os antigos Padres estão repletos, e as Sagradas Escrituras as trazem continuamente. O santo não se limitava a dar preceitos, mas quando ensinava o catecismo, usava muitas e surpreendentes imagens e afloravam


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em seus lábios, as comparações mais adaptadas. O mestre siga este nobilíssimo modelo e sua obra será fecunda de frutos consideráveis. 40

A mestra tenha, porém, bem presente a advertência de não insinuar no espírito das crianças, idéias muito materiais a respeito paraíso e do inferno, inexatas ou falsas, com o fim de causar-lhes impressão. No ensino religioso é necessário ater-se sempre que a fé ensina e não se deixar levar pela fantasia, nem .mesmo por razões de bem. De fato, uma idéia material pode causar impressão nas crianças, mas crescidas, percebem a falsidade muito facilmente, como idéia falsa desprezam e rejeitam, também as verdades mais sagradas. 41

Por quanto lhe seja possível, os mestres usem histórias; parece que elas tornam mais longa a instrução, mas ao contrário, abreviam muito, e eliminam a aridez (...). Deus, que conhece plenamente o espírito do homem que Ele criou, dispôs a religião, em populares, os quais não sobrecarregam, mas ajudam os simples, a conhecê-las e a reter os mistérios. 42

 

“Sentidos e espírito, tudo, a criança ocupe naquilo que estuda.”

 

A mestra tenha sempre presente esta observação: também na instrução religiosa da primeira infância, não se deve separar da mente o coração e a vontade, mas todo o espírito, isto é, mente, coração e vontade devem ser informados, pela verdade e pelo bem, que a fé cristã nos apresenta. Enfim valha-se de toda a ocasião, também das recreações, das flores, de tudo, para fazer as crianças admirarem a grandeza, a bondade, a perfeição de Deus e para cultivar o sentido de Deus que lhe foi comunicado no santo Batismo, tomo germe da graça batismal, inserido no espírito, para trazer o seu fruto. 43

Desperte-se nas crianças o entusiasmo do sentimento, toque-se suavemente todas as cordas do coração, explore-se todas as suas boas qualidades, para que concebam idéias amáveis, alegres, e piedosamente belas de sua religião, que as tornem felizes e alegres, na simplicidade de sua fé. O canto é muito importante para alegrar o espírito das crianças e tornar querida a religião. 44


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Valham-se dos quadros de que são equipados os jardins de infância, que representam o céu e a terra, para tornar, de algum modo, compreensível a grandeza e as leis do universo, e preencham o espírito das crianças de maravilha e admiração. 45

A paixão e morte de Jesus Cristo devem ser freqüentemente narradas às crianças (...). Para imprimir sempre mais vivamente estes mistérios nos corações, a mestra utilize imagens do crucifixo e outras relativas à paixão, porque uma constante experiência ensina ser muito proveitosa na instrução religiosa da infância. 46

 

“Prudência e paciência”

 

A prudência, esta preciosa virtude, deve ensinar aos mestres o modo de compreender os vários caracteres e as diversas índoles das crianças. Use prudência, ao repreender, em tempo e com modos devidos, as crianças dissipadas, orgulhosas, imodestas, para f azer-lhes sentir a necessidade de serem sábias e atentas. Use prudência, em apoiar com afeto, os primeiros esforços que a criança faz, contra si mesma para emendar-se (...). Use grande prudência, em não se permitir nenhuma ação que não seja boa e não apresente de modo algum, sombra de mal. 47

Portanto, tende muita paciência, ó mestres; acumulai boas idéias na mente das crianças, pois, chegará o tempo, em que elas se recordarão por si mesmas. Tende muita paciência em suportar as naturalmente vivazes, irriquietas, impetuosas. 48

Quando não se usa a máxima parcimônia e cautela nos castigos, é muito fácil criar no espírito das crianças, aborrecimentos, desgosto, aversão ao catecismo e à nossa religião. A história registra nomes que soam incredulidade e cinismo, os quais confessaram ter iniciado na infância, sua funestíssima disposição à impiedade, quando na escola de catequese foram punidos muito severa-mente. Desde aquele dia, perderam todo o prazer, todo o afeto por tal instrução, e quando se tornaram senhores de si mesmos, não quiseram mais ouvir falar (...).

As punições são necessárias, mas é preciso observar como um sábio educador, que a alegria e a confiança devem ser as disposições ordinárias das crianças; caso contrário se amesquinha o seu espírito, abate-se sua coragem, tornam-se peraltas, irritam-se; se são calmas, tornam-se quase néscias.


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O castigo rigoroso é o remédio violento das doenças extremas, que purifica, mas altera o organisino e o frustra. 49

 

“Uma forma que atrai e conquista.”

 

Ensinar religião em toda sua natural beleza e sobretudo ensiná-la à juventude estudiosa (...) apresentar-lhe o ensino religioso de maneira mais apta às necessidades da hora presente, de forma que atraia e conquiste e, como se expressa muito bem um ilustre orador, em um ambiente, se se quiser, que não seja o templo, mas continue a obra do templo. Para prover a necessidade extraordinária, é inútil perder-se em vãs discussões; são necessários meios fora dos habituais. 50

Requer-se esculpir no espírito dos jovens os princípios da fé, induzi-los contra os mestres da impiedade, que não faltam em nenhum lugar; ao mesmo tempo, mostrar-lhes toda indignidade, a loucura, a miséria dos homens incrédulos, não com polêmicas, mas com exposições claras, nobres, dignas, com instrução catequética sólida, bem preparada, que convença, desenvolva, ilumine, fortifique a fé, que fundada como diz o evangelho, não sobre a areia, mas sobre a rocha, possa resistir vitoriosa, contra todo assalto dos mimigos. 51

 

“Instuí com afeto.”

 

Trata-se de alimentar a vida, não a material, mas a espiritual das crianças, com o pão da instrução religiosa. Irmãos caríssimos, deveis persuadir-vos bem! Talvez hoje não exista obra mais santa mais agradável ao Senhor, mais necessária e útil à sociedade, mais consoladora e mais meritória, para vós mesmos. Com toda solicitude iluminais as mentes, combateis a ignorância, destruís os prejuízos fazeis conhecer e amar a religião, começando exatamente tenra infância.

As crianças, vos diremos com palavras tão cheias de sabedoria e tão práticas, de um eminente Bispo italiano, as crianças, acolhei-as, com amor e com doçura paternas, quando vierem a vós e, se não vierem, à semelhança do divino pastor, perguntai por elas, procurai-as, pelas ruas e pelas praças. Aguilhoai a inércia e o descuido dos pais, insisti, pedi-lhes que mandem seus filhos à catequese. Longe os castigos e as reprovações. Longe os modos


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duros e ásperos, que os distanciam de vós também. Tomai-vos crianças, se for necessário para ganhá-las para Jesus Cristo. Não leveis tanto em conta sua leviandade e sua indocilidade. Compadecei-vos de sua rudeza e lentidão, em aprender aquilo que ensinais. Jamais vos mostreis cansados ou aborrecidos com eles; mas com uma caridade sem limites, contínua, habilidosa, paciente, benigna, que tudo so fre, tudo espera, necessária para suprir a falta dos meios e aquele pouco de autoridade, que o tempo e os homens nos tiraram (...). Nas instruções, sede breves, claros e simples. Os vossos modos sejam amáveis e convenientes. Temperai a aridez do ensino, entremeando narrações amenas e morais, unindo o útil ao agradável, estimulando-os a serem assíduos às vossas instruções. Onde os párocos não tenham coadjutores, ou estes não sejam aptos, dirijam-se a alguns leigos bons, a algumas piedosas senhoras, para que o ajudem, reunam e conduzam os meninos e as meninas à Igreja e mantenham o necessário silêncio.

Instruí, instruí os filhos que a Igreja confiou a vós e seja a vossa, uma instrução educativa; aqui colocai sentido: um som de lábio vaidoso e estéril não levaria a nada de bem, se não converterdes a palavra em sentimento. Instruí com afeto e caridade e instruí sempre. 52

 

 




34.           Pequeno Catecismo proposto aos Jardins da Infância, Como, 1875, p. 34.



35.   Id., p. 14.



36.           O Catecismo Católico, Placência, 1877, p. 111.



37.           Id. pp. 105-109.



38.           Pequeno Catecismo proposto aos Jardins da Infância, Como, 1875, p. 8.



39.           O Catecismo Católico, Placência, 1877, pp. 104-105.



40.           Id., pp. 110-111.



41.   Pequeno Catecismo proposto aos Jardins da Infância, Como, 1875, p. 22.



42.  O Catecismo Católico, Placência, 1877, p. 109.



43.   Pequeno Catecismo proposto aos Jardins da Infância, Como, 1875, p. 14.



44.   O Catecismo Católico, Placência, 1877, pp. 112-113.



45.           Pequeno Catecismo proposto aos Jardins da Infância, Como, 1875, p. 37.



46.           Id., p. 37.



47.           O Catecismo Católico, Placência, 1877, p. 91.



48.           Id., p. 88.



49.           Id., p. 124.



50.           Escola de Catequese para a Juventude Estudiosa, Placência, 1890, 6-7.



51.           O Catecismo Católico, Placência, pp. 141-142.



52.   Educação Cristã, Placência, 1889, pp. 26-27.






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