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Congregações Scalabrinianas dos Missionários e Missionárias de São Carlos Scalabrini Uma voz atual IntraText CT - Texto |
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a) AS RAZÕES PROFUNDAS DO CONCILIATORISMO
“A razão reconciliada com a fé, a natureza com a graça.”
Deus quer (...). Quer que a razão reconciliada com a fé, a natureza com a graça, a terra com o céu, a obra das criaturas com os direitos do Criador. Quer que o trabalho e capital, liberdade e autoridade, igualdade e ordem, fraternidade e paternidade, conservação e progresso, se unam e se ajudem também eles, como contrapostos harmoniosos. Quer que todos os elementos da civilização, ciência, letras, artes e indústrias, todo o legítimo interesse, toda legítima aspiração tenham na religião, na Igreja, no Papado, impulso normas, socorro, elevação, consagração divina. 1
“Religião e pátria.”
A pátria terrena e a pátria celeste. Oh, sim amemos a primeira Ela é um dom de Deus. Amá-la, procurar a sua prosperidade e grandeza entra no sublime preceito da caridade, ordenado pelo evangelho, mas para amá-la verdadeiramente, associemos ao seu amor, o amor pela religião que nos guia à pátria eterna. Religião e pátria! Estes dois supremos amores de nossos avós, estas duas aspirações de todo coração amável, devem, como filhas do mesmo Pai, dar-se o beijo da paz, devem amar-se e ajudar-se reciprocamente. O que Deus uniu, o homem não separe. 2
“A Itália sinceramente reconciliada com a Sé Apostólica.”
Religião e Pátria: estas duas supremas aspirações de toda alma gentil se entrelaçam e se completam, nesta obra de amor e de redenção, que é a proteção do fraco e se fundem num acordo admirável. As miseráveis barreiras levantadas pelo ódio e pela ira desaparecem, todos os braços se estreitam, por caloroso afeto, os lábios, se abrem em atitude de sorriso e de beijo, e, tolhida toda a distinção de classe ou de partido, aparece nela, embelezada pelo esplendor cristão, a sentença: homem, irmão dos homens (...). Possa a Itália, sinceramente reconciliada com a Sé Apostólica estimular suas antigas glórias e acrescentar-lhe outra imperecível, unindo seus luminosos caminhos da civilização e do progresso, também para seus filhos distantes. 3
“Santíssimos amores: o amor da religião e o amor da pátria.”
Depois da má administração, que fizeram de nossa mísera pátria, os que usurparam o privilégio de se chamarem amantes, seria mesmo necessário uma boa dose de desfaçatez, para chamar inimigos do país a nós, que nos opusemos a todos os vexames à prepotência, às iniqüidades, às explorações, aos crimes que a levaram ao estado da presente indigência. Estas são acusações ridículas. Nós merecemos muito mais, o nome dos bons italianos, quanto menos nos misturamos às proezas de quem traiu e arruinou a Itália. Santíssimos amores: o amor da religião e o amor da pátria. São dois grandes e nobres ideais. Ligados ao nosso primeiro choro, morrerão, como o nosso último suspiro, mas os impulsos generosos de um não devem sufocar as sublimes aspirações do outro. A justiça não pode ser suprimida pelo patriotismo. Os destinos de uma pátria, que se deve conservar, não podem prevalecer sobre os destinos imortais que nos esperam, nem estes podem ser conseguidos, sem os meios necessários que a sociedade deve oferecer-nos, pela observância das leis que Deus deu aos homens, para seu bem presente e futuro. 4
“A fé se extingue sempre mais.”
Nenhuma coerência de princípios, nenhum conhecimento dos tempos, nenhuma direção uniforme e segura. Uma confusão, um bizantismo que não se pode descrever (...). Enquanto isso, a fé se extingue sempre mais, a caridade sempre mais se esfria e sempre mais cresce o ódio do laicato contra o Clero. As conseqüências só podem ser fatais e quem sabe por quanto tempo devemos rê-las. 5
“Uma febre que causa tormentos.”
A mim permanece outra febre: é a que provêm da vista de tantos que, se vão distanciando da Igreja, por obra de quem deveria procurar aproximá-los. Vós sabeis quanto esta febre causa tormentos (...). Verdadeiramente é curioso! Os católicos devem ficar fora do Parlamento e depois se promovem e se recomendam petições a serem enviadas ao Parlamento! Será isto coerência? eu não compreendo. 6
“Tranqüilizar a consciência.”
Compreendo muito bem, Santo Padre, toda a dificuldade da coisa, todavia peço a Deus que conceda à Vossa Santidade as luzes e forças necessárias, para aproveitar o momento e não permitir que deixeis escapar a ocasião que agora se vos oferece, naturalíssima, de fazer aquilo que, cedo ou tarde, deverá ser feito, e de tranqüilizar a consciência de tantos pobres operários, camponeses, empregados; a consciência de todos aqueles, que motivados pelas condições em que se encontrarão obrigados a transgredir a proibição da S. Sé, proibição que eu não sei como pode ser de novo publicada, no atual estado de coisas, sem tirar aquela boa fé que os toma mais desculpáveis, diante de Deus e sem encontrar aborrecimentos de todo tipo, da parte do poder civil. Calo-me, porque humanamente falando, esta é a única via que permanece para reivindicar, com alguma esperança de conseguir, os sacrossantos direitos da Igreja e da S. Sé Apostólica. 7
“Desejamos que cesse o funesto desentendimento, sobretudo para o bem das almas.”
Padre Beatíssimo, não somente falastes de paz, mas ainda indicastes à Itália os meios seguros para consegui-la. De fato, vós declarastes que a Igreja Católica, sociedade perfeita e jurídica, que possui em si mesma a virtude de tornar felizes os povos e as nações, de todos os tempos, não deve sujeitar-se a nenhum poder terreno, mas gozar da mais absoluta liberdade, com a razão conclusiva que igual independência e liberdade deve gozar seu supremo guia, o vigário de Jesus Cristo, o legítimo sucessor do Príncipe dos Apóstolos! Tolhida esta independência e esta liberdade, vós nos ensinais que a ação da Igreja é bloqueada de modo a não poder exercer no mundo, sua sublime missão; missão de santidade, de ciência, de caridade, e com timbre que nos arranca lágrimas, proclamais, que nestes tempos estais mais que em vosso poder, em poder dos outros. Beatíssimo Padre, vós sofreis e sofrem também muitos de vossos filhos! Mas não sofre menos a Itália, esta primogênita das nações, que vós amais com razão, com um amor todo particular. De fato, vós digno representante d’Aquele que quer ser chamado de Príncipe da paz, fazeis esforços, procurando com afeto mais que paterno, reconciliá-lo com o Romano Pontífice, fonte invejável de toda grandeza e glória. Isto nos parece transparecer no vosso projeto na memorável Alocução Consistorial de 23 de maio e mais luminosamente ainda, em sua carta de 15 de junho dirigida ao vosso Exmo. Secretário de Estado. A estes dois importantes e esplêndidos documentos, nós Bispos da Província Eclesiástica de Modena, junto às Dioceses de Palma, Placência e de Borgo S. Donino, fazemos, neste momento um ato de plena adesão, porque desejamos de coração a liberdade da Igreja e do seu Augusto Chefe e porque desejamos ardentemente, Padre Beatíssimo, ver terminado o funesto desentendimento, sobretudo para o bem das almas. 8
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1. Discurso pelo VIII Centenário da i Cruzada, 21-4-1895 (AGS 3018/26). 2. Id. 3. I Conferência sobre Imigração, 8-2-189 1 (AGS 5/3). 4. União, ação, oração, Placência, 1890, p. 8. 5. Carta a G. Bonomelil, 1-11-1886. (Correspondência S. B., pp. 188-189). 6. Id., 16-8-1887, (Id., p. 220). 7. Carta a Leão XIII, agosto de 1882 (Id., p. 66). Para Scalabrini, a única maneira de solucionar a “questão Romana” e sanar os danos que ela provoca à Igreja Católica, era a conciliação entre a S. Sé e o Estado italiano a ser preparada com a participação dos católicos na vida políticas participação vetada pelo “non expedit”. 8. Carta dos Bispos da Província de Modena, a Leão XIII, 1887 (AGS 3019/2), redigida por D. Scalabrini. O documento foi escrito em seguida à locução de Leão XIII sobre o “funesto desentendimento” e à Circular do Cardeal Rampolla, (cf. Biografia, pp. 685-688). |
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