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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • QUINTA PARTE       HOMEM DOS MIGRANTES E PARA OS MIGRANTES
    • “Memorial sobre a Congregação ou Comissão ‘Para os Migrantes Católicos.”
      • III PARTE
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III PARTE

 

(Remédios propostos e tarefa da Congregação)

 

O primeiro remédio consiste em uma sábia organização do trabalho de apostolado, precisamente lá nas Américas, e esta organização deveria emanar da Santa Sé, autoridade não só indiscutível, junto a todo o clero católico, mas por própria natureza universal, e que por conseqüência, abraça todas as nacionalidades.

É necessário fazer de modo que cada colônia ou comunidade, onde é densa a nossa migração, tenha um sacerdote próprio, que vivendo no centro urbano da colônia, possa oportuna e periodicamente fazer uma passagem de conjunto, no território a ele designado, território que muitas vezes se estende quanto uma das nossas províncias mais vastas.

Este trabalho religioso deve ser completado, com o da escola, onde os filhos dos migrantes possam aprender junto com os rudimentos da leitura, da escrita e do cálculo, a língua do país, que deve ser a sua nova pátria e a língua de origem, pois um elemento muito apto, para a conservação da religião é exatamente O sentimento das origens, oportunamente cultivado, nas gerações americanizadas.


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A língua é um misterioso meio, para conservar a fé. Não é fácil explicá-lo, mas é um fato, que perdendo a língua, facilmente se perde também a fé que se possuía. A razão secreta é difícil determinar, mas a experiência nos diz que até que uma família, no exterior, conserva a própria língua, dificilmente muda a própria fé.

Para as Escolas podem ser destinadas as Irmãs e eu experimentei, com sucesso, neste trabalho, as Irmãs do Sagrado Coração, seja em algumas colônias do Brasil, que em centros urbanos.

E como naquelas jovens coletividades o bem não deve nunca ser desacompanhado do útil, será coisa boa, em muitos pontos, de supremo abandono estabelecer junto à igreja e à Escola, um dispensário farmacêutico, sob os cuidados das mesmas Irmãs, ou do sacerdote, o qual pelo preço de custo, fornece os preparados farmacêuticos, de uso comum, aos doentes.

Assim se concentraria ao redor do clero a multiforme ação da assistência religiosa, civil e material, e a Igreja de Deus seria abençoada por aquelas populações, e uma vez mais aconteceria que, à semelhança do seu Divino Fundador, ela passaria fazendo o bem e curando a todos.

Até aqui para a América do Sul.

Para a América do Norte, os perigos de perder a fé são ainda maiores, pois aos enumerados pela falta de assistência, junta-se o proselitismo das seitas protestantes, lá, mais que em qualquer outra parte, ativas e numerosas.

As perdas ocorridas nos Estados Unidos, por falta de assistência religiosa são imensas. Segundo cálculos estatísticos, dois terços da população atual daqueles Estados Unidos, isto é, cerca de quarenta e oito milhões, são provenientes da migração, das diversas nações da Europa. E, coisa dolorosa, embora boa parte de tais migrações provenham de países católicos, atualmente o catolicismo não é representado senão por cerca de dez milhões! Ora, não há dúvida que os católicos dos Estados Unidos poderiam ser mais do dobro dos que existem atualmente, se tivessem conservado católicos aqueles que ali migraram, estes se conservariam tais, se à sua chegada tivessem encontrado logo os necessários socorros espirituais, pois os migrantes conservam firmemente, tudo aquilo que lhes recorda a pátria de origem e a fé que tinham. Mas, infelizmente, o clero norte-americano, como o do sul, é insuficiente, em número, e acrescente-se a dificuldade da língua; dupla dificuldade: da parte dos migrantes sobretudo de origem latina, para aprender o inglês e dificuldade do clero anglo-saxão para aprender as línguas neolatinas.


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Os remédios, além daquele já acenado com o envio de padres nacionais numerosos e bem preparados, seriam:

1) Instituição de paróquias conforme a nacionalidade toda vez que a coletividade católica esteja em condições de sustentar as despesas inerentes a uma tal instituição, seja para o sustento do clero, como para o exercício do culto. A lei dos Estados Unidos é altamente liberal e concede direitos civis a qualquer associação paroquial, sem distinção de culto e de nacionalidade. Depois, a experiência feita em algumas cidades pela instituição de paróquias italianas, seria suficiente, para demonstrar quanto vale este meio simplicíssimo, para reavivar a fé e o desejo das práticas religiosas, também em indivíduos que pareciam mais alienados.

2) Nos centros onde existem várias nacionalidades, sem que nenhuma esteja em condições de formar uma paróquia, dever-se-ia usar um clero misto, com a estreita obrigação de dispensar a instrução aos adultos e o ensino catequético às crianças na língua própria de cada um.

3) Que o clero seja, possivelmente, da nacionalidade dos paroquianos, ou ao menos fale a língua deles.

4) Que exista, em cada paróquia, também uma escola, onde junto à língua inglesa e aos elementos da instrução, seja ensinada a língua nacional dos paroquianos. A instituição de escolas paroquiais, onde se ensine com o inglês, a língua nacional é de grande importância, não só para valer-se dos sentimentos patrióticos, vivíssimos nos expatriados, a bem do religioso; mas também para afastar os jovens da influência das escolas americanas que, por seu espírito de perfeita indiferença a respeito da religião, assume características de escolas atéias...

E assim eu já tracei grande parte daquilo que deveria formar o estudo e o trabalho da proposta Congregação (Comissão) Central para os Migrantes Católicos.

A necessidade de uma tal Congregação (Comissão) e os benefícios que poderá trazer são evidentes. Há fenômenos novos, organismos novos, adequados à necessidade. As instruções e disposições isoladas, por mais que sejam sábias, não são suficientes, pois e humano que umas e outras, sem organismo que as faça executar e as mantenha ativas, pouco realizam. De fato, instruções e disposicões neste sentido foram já emanadas pela Santa Sé, e particularmente pelo Sumo Pontífice Leão XIII, mas a sua eficácia, por certas causas, que é supérfluo enumerar aqui, infelizmente, não foi a que deveria ter sido.

O          fenômeno migratório é universal, e universal pela autoridade e central pela posição deve ser a Congregação (Comissão) em questão.


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A ação de cada Bispo, uns desconhecendo aquilo que outros fazem, pode acabar em um desperdício de forças.

Todos os governos europeus sentiram a necessidade de criar novos organismos administrativos, para disciplinar a migração na pátria, para acompanhá-la no exterior, nas suas várias direções e para protegê-la das emboscadas, sem número, que a luta pelos lucros, trama contra os míseros expatriados. Com mais forte razão, a Igreja deve pensar, em dirigir e em tutelar os seus filhos, que, migrando, em países protestantes ou em países novos, onde falta assistência religiosa adequada, perdem a fé.

Só uma tal Congregação emanada da Santa Sé, sem ciúmes dos governos e do Episcopado americano poderá instituir as paróquias, por nacionalidade, as únicas a meu juízo que podem contrastar eficazmente com a obra deletéria das seitas protestantes, soretudo nos países onde estas predominam, reconduzir com sábias providências, os poloneses cismáticos ao seio da Igreja e preservar as outras nacionalidades.

Como deveria ser constituída esta Congregação?

Deveria ser constituída pelos representantes das diversas nacionalidades que dão maior contingente à migração, isto é, por dois italianos, por um polonês, por um alemão, por um canadense etc....

A escolha destes representantes deveria recair sobre pessoas competentes, cientes das condições e das necessidades dos respectivos compatriotas, e que conheçam a língua italiana, para facilitar a comunicação de cada membro com quem fosse chamado a presidir a mesma Congregação e as relações com as outras congregações afins. Isto se poderia facilmente obter, dirigindo-se de preferência às congregações religiosas que se dedicam a serviço de seus compatriotas migrantes.

Qual deveria ser a finalidade e a tarefa da referida congregação?

Prover à assistência espiritual dos migrantes, especialmente nas Américas, e manter viva em seus corações a fé católica e o sentimento cristão.

Sua tarefa:

1) Estudar o complexo e gravíssimo problema da migração, preparando antes de tudo um questionário sobre o mesmo e mantendo-se bem informado sobre o movimento católico migrante.

2) Embora respeitando as louváveis iniciativas particulares que surgiram neste campo, favorecer a instituição de Comitês católicos nas paróquias mais importantes.

3)   Incentivar, por meio dos Bispos, em favor dos mesmos, o zelo dos párocos e sugerir-lhes os meios práticos para ajudá-los, especialmente no momento da partida e da chegada.


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4) Responder às questões que lhe forem feitas a respeito das providências tomadas ou a serem tomadas e remover as dificulda. des que possam surgir da migração, tanto na pátria, quanto flos países distantes.

5) Ocupar-se em vigiar sobretudo, para que os migrantes tenham sacerdotes que os acompanhem durante a viagem de ida e volta, e também para que bons e zelosos missionários sejam providenciados para as várias colônias.

 




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