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Congregações Scalabrinianas dos Missionários e Missionárias de São Carlos Scalabrini Uma voz atual IntraText CT - Texto |
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IV PARTE
(Comentários sobre alguns pontos)
Creio seja útil comentar sobre os três últimos pontos. Nem todos os sacerdotes, que se dedicam aos cuidados espirituais dos migrantes, têm as qualidades necessárias de zelo, de piedade e abnegação, como convém a um bom missionário. Antes, muitos prostituem o seu ministério, comercializando, sobre as coisas sagradas, tornando-se verdadeiros açambarcadores de ouro, antes que de almas. E talvez seja esta uma das razões pelas quais muitos bispos experimentam uma espécie de antipatia pelo clero estrangeiro, que procura introduzir-se em suas Dioceses, para assumir os cuidados dos próprios co-nacionais e da determinação que tomaram alguns bispos, de fazer os sacerdotes autóctones estudarem as línguas, para depois conferir-lhes colônias estrangeiras que estão em suas Dioceses. Determinação que praticamente não pode dar bons resultados; seja porque o conhecimento das línguas, em muitos casos, é insuficiente, quando não se conhece também os dialetos falados nas diversas províncias, seja porque com o conhecimento da língua, não se adquire as características do povo que as possuem. Daqui se deduz quanto é importante a escolha do clero, a quem se deve confiar o cuidado espiritual das colônias. A Congregação poderia facilmente prover a esta necessidade, se a ela recorressem todos os sacerdotes desejosos de ir para as missões junto às colônias, e os Bispos que tivessem necessidade de missionários, para os estrangeiros estabelecidos em suas Dioceses. Não seria difícil, para a Congregação, conseguir informações seguras a respeito dos que aspiram a Missão e formular um justo conceito de suas atitudes, enquanto os Bispos solicitantes deveriam considerar-se felizes em poder admitir em suas Dioceses, sacerdotes recomendados e aprovados pela Congregação (...) É um fato consolador constatar como de alguns anos para cá os Bispos têm se aplicado em providenciar sacerdotes para os migrantes. Mas é também doloroso pensar, como muitos Bispos por muito tempo transcuraram completamente os interesses religiosos de tantas centenas de milhares de pobres migrantes. Isto sabem os valorosos missionários que foram no princípio prestar seus serviços nas colônias. Quantas desconfianças tiveram que vencer, com quanta frieza foram acolhidos, quantas dificuldades tiveram que enfrentar, quantas vezes o seu trabalho foi rejeitado com desdenhosa recusa! E ainda hoje, não obstante este santo despertar, por parte dos Bispos, quando se pensa quanto ainda há por fazer, bem se vê que pouco se fez até agora. Caberia à Congregação acompanhar as grandes correntes migratórias, classificar as colônias, das maiores que contam com centenas de milhares de membros, às menores. Enumerar as Igrejas, os sacerdotes encarregados de seus cuidados, e exigir que se providencie, onde não se providenciou ainda. Ir ao encontro dos Bispos com conselhos, com exortações, enviando-lhes bons sacerdotes, solicitando às Congregações religiosas de levar seus valiosos contributos, com todos aqueles meios que a Congregação poderia encontrar, com um estudo amoroso. A Congregação poderá mandar seus membros nos locais, para certificarem-se do modo com que se está provendo as necessidades espirituais dos migrantes. Não se satisfaça com as relações enviadas pelos Bispos, que na maioria das vezes não revelam as condições reais das colônias, mas somente as boas intenções de quem redigiu. Quanto às dificuldades que surgem muito freqüentemente e toda por parte, deve-se considerar que elas derivam, quase sempre as diversidade das línguas, da diferença de caráter, dos diferentes usos e costumes e de inúmeras outras dificuldades. Dificuldades que, se não resolvidas em tempo, tornam-se causa de atritos, abusos, despeitos, discórdias; tudo em prejuízo do bem das colônias e das Igrejas, e em vantagem das seitas dissidentes, que usam disto, como uma arma para difamar a Igreja e o clero. Também nestes casos os membros da Congregação, dirigindo-se aos locais, poderiam, com facilidade e segurança, constatar a causa das desordens, referi-las à Congregação e tomar providências imediatas. É verdade que existem Congregações encarregadas de decidir as questões que possam surgir em semelhantes casos. Mas a lentidão habitual com que costuma proceder na solução destes casos, devida em grande parte às enormes distâncias, a solenidade que assumem estas questões, quando são colocadas diante das Congregações, a dificuldade em conseguir prontas e seguras informações, a falta de conhecimento do ambiente onde as questões se desenvolvem, são todos obstáculos que servem muitas vezes, para conservar por muito tempo um estado de coisas que prejudica os interes ses das partes adversárias. A Congregação deveria também estudar com grande cuidado os meios para contrapor um dique à propaganda ativa e insistente que os protestantes fazem, de modo especial entre os italianos, nos Estados Unidos, e não sem sucesso. Oh! quantas coisas dolorosas poder-se-iam colocar às claras, a este respeito! Outro fato doloroso que deveria chamar atenção da Congregação, é o multiplicar-se das Igrejas, chamadas independentes, nas colônias polonesas. Do que foi exposto aqui sumariamente, e do muito que ainda se poderia escrever, quando se quisesse estudar a coisa, em maior profundidade, é fácil compreender quão vasto e prático campo de ação está reservado à Congregação que se está projetando. E ninguém pode duvidar da felicíssima impressão que a constituição de semelhante Congregação produzirá no espírito de milhões de migrantes, em quem já penetrou a desencorajadora persuasão, embora falsa, de que o seu Pai, o Sumo Pontífice, não se interessa pela sorte deles.
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