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Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

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  • PRIMEIRA PARTE       HOMEM DE DEUS E PARA DEUS
    • 3. AS IMAGENS DE CRISTO
      • a)             MARIA
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a)             MARIA

 

“Glorificou a Deus e foi por Ele glorificada.”

 

Quem glorifica a Deus, diz o Senhor, será por Deus, glorificado. E quem mais que Maria, glorificou a Deus sobre a terra?

Ela glorificou Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo. Glorificou Deus Pai, com seu consentimento à Encarnação do Verbo. Fez com que Deus Pai visse o seu domínio dilatado, seu poder aumentado; viu entre os seus súditos, um súdito de perfeição infinita. Em verdade, sendo Cristo, pela humanidade, inferior ao Pai, o Pai, de certo modo, veio a ser Deus de Deus,


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e o veio por Maria. Glorificou Deus Filho, enquanto a infinita caridade, que nos eternos conselhos o induziu a oferecer-se a si mesmo, pelo homem e somente pode satisfazer-se, quando aparece Maria. Se pela geração temporal Ele foi glorificado, o foi exatamente na carne que recebeu de Maria. Glorificou Deus Espírito Santo, quando ela se declarou disponível aos desejos do Altíssimo e o Divino Paráclito desceu para unir n’Ela a alma santíssima do Redentor com seu sacratíssimo corpo, tendo assim hipostaticamente unido a adorável humanidade com a natureza e com a pessoa do Verbo Divino. Ele adquiriu “ad extra”, aquela fecundidade, que não lhe compete “ad intra”, como também, adquiriu uma certa prioridade sobre a humanidade sacrossanta de Cristo.

             Portanto, deveria ser glorificada no céu, pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo e deveria ser coroada não com uma, mas com tríplice coroa. 1

 

“Maria, figura da Igreja.”

 

           Toda a vida da Virgem Maria, os mistérios que se cumpriram nela, as graças que a adornavam, os bens que por meio dela se difundiram, foram vivamente, no dizer de Santo Ambrósio, um tipo, uma figura, uma imagem, quase uma profecia, da Igreja Católica. Maria em si gerava a Igreja. De fato, não se pode negar que a existência de Maria está diretamente associada a Cristo, e participa muito mais dos destinos d’Ele, que aos do gênero humano. Examinai a natureza da Igreja Católica, e vereis como, à semelhança de Maria, forma uma única coisa com Cristo, vive de seu Espírito Santo, busca a Sua glória e O ama com amor perfeito. A águia dos Doutores afirmou que a carne de Cristo é a mesma carne de Maria: carne de Cristo, carne de Maria. Não se podia, com maior verdade e com maior precisão, comentar a sentença evangélica: daqui nasceu Jesus. Quem conserva, defende, dispensa aos homens a carne virginal de Maria? Não é a Igreja Católica? E em todos os Sacramentos, dos quais a Igreja Católica é ministra, reproduz-se, estende-se a maternidade divina pela virtude de Cristo. Vereis em tudo a virtude do sangue de Cristo, conhecereis que este sangue vos foi dado por Maria e que nos vem aplicado pelo Ministério da Igreja Católica. Que mais evidente união entre a Mãe e a esposa de Cristo? Todos os escritos falam do Redentor, falam em conseqüência da Virgem, da qual nasceu e da Igreja, pela qual vive ainda sobre a terra, até a consumação dos séculos. É


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tão íntima esta união entre Cristo, a Virgem e a Igreja que não é possível separá-los. Se, das primeiras às últimas páginas dos livros sagrados, encontrais escrito que o Filho da Mulher salva o mundo, aí lereis também o triunfo da Virgem Maria e com ela o da Igreja. 2

 

“Mãe da Igreja.”

 

             Com que vivos desejos, expansão de afeto, perseverança de oração estará Maria, suplicando, no Cenáculo, ao divino Paráclito para que Ele, com toda a plenitude dos seus dons, se difunda sobre as primícias da fé, sobre todos os futuros fiéis e que seja Ele, por todos os séculos sua luz, seu conselheiro, seu guia, seu conforto? Ao mesmo tempo, quem pode duvidar que o divino Espírito terá acolhido com bondade, atendido com prazer as súplicas de Maria, sua esposa, adornada de todas as virtudes, rica de todos os dons, tão querida à sua presença, tão poderosa sobre o seu coração? E por isso quem não concluirá comigo, que Maria teve enorme parte nos admiráveis efeitos que o Espírito Santo em sua vinda, produziu entre os homens e que por conseqüência, seremos verdadeiramente, devedores também à Virgem?

Seu exemplo contribuiu muito para despertar também nos Apóstolos ótimas disposições, que deviam servir de convite à maior difusão do Espírito.

             Maria era coisa sagrada, venerada aos olhos dos Apóstolos. Viam encarnado nela o Espírito de seu divino Mestre e quase espelhado, personificado Ele mesmo. Seus olhares voltavam-se para ela, como exemplo de todas suas ações, modelo de suas vidas, e rendia de seus lábios todo querer deles.

             Maria, por outro lado, nos dias que permaneceu com os Apóstolos, no Cenáculo, com que freqüência, com que zelo, com que ardor ter-lhes-à falado do sublime valor do Espírito Santo que estavam esperando e da importância da sua missão, da excelência dos seus dons e da necessidade de dispor-se a recebê-lo dignamente. E suas palavras tão respeitáveis pela sua autoridade, tão eficazes pe1o seu exemplo, que viva impressão terão causado no ânimo deles; terão purificado seus corações, e reacendido neles desejos, afervorado suas súplicas, tornando-os enfim aptos à mais copiosa participação do divino Espírito! (...).

É exatamente no dia de Pentecostes que Maria começou a exercer, sobre a terra, a maternidade espiritual, que lhe foi destinada ao pé da Cruz.


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             Realmente, em Nazaré, o Espírito Santo consagrou-a Mãe de Deus; no Cenáculo consagrou-a Mãe da Igreja; Mãe da cabeça devia ser também dos membros. 3

 

“Maria é a humanidade regenerada.”

 

          Não terminaria nunca, ó diletíssimos, se quisesse enumerar-vos todos os incomensuráveis bens que o Dogma da Imaculada Conceição trouxe à terra. Olhai a serenidade e a tranquilidade da Igreja na luta presente! A guerra a circunda, mas não está dentro dela. A cizânia foi separada do trigo escolhido. Os falsos católicos, tirada a máscara, se manifestaram como realmente são; a Igreja goza, finalmente, daquela paz predita há muitos anos. De fato, a paz mais gloriosa para a Igreja não consiste na ausência das lutas às quais a enviava seu Divino Esposo e daí intitular-se militante, mas consiste principalmente em conservar-se depositária da verdade e da justiça contra os mil adversários que a circundam. Consiste, na comunhão de idéias e no conhecimento do verdadeiro fundamento no íntimo acordo, com a primeira de todas as autoridades. E esta paz, não obstante as humanas vicissitudes, não foi alcançada? Sim, a Igreja goza, agora a paz verdadeira, espiritual, eterna, que os Anjos anunciaram ao mundo, no nascimento de Cristo e que Cristo mesmo deixou em herança a seus discípulos. Finalmente, aquela paz que é o estabelecimento e a dilatação do Reino de Deus, em meio aos homens. (...)

             Desafio encontrar-se outra época, na qual a proteção de Maria apareça tão evidente e sensível, como em nossa época e a paz interna da Igreja fosse tão grande como aparece, definida a Sua Imaculada Conceição. Na gruta de Lourdes, não foi para Ela mesma, a grande Virgem, de sua própria boca e de modo mais incontestável, confirmada a mais excelsa herança do Ministério Pontifical, a Infalibilidade, com as palavras: Eu sou a Imaculada Conceição? Não é porventura, para Ela, que tantos pobres iludidos abrem agora os olhos à verdade e as flores mais perfumadas e coloridas, dos áridos campos do protestantismo, vão sendo pouco a pouco transplantadas para os místicos canteiros da única verdadeira Igreja de Jesus Cristo? (...)

             Como a Encarnação do Verbo foi a efusão do perdão e do amor de Deus para o mundo, que havia esquecido de tudo, assim Maria Imaculada, diante do Século XIX é a humanidade regenerada, que volta para os braços de Deus. Maria Imaculada, diante do Século XIX é a falange encantadora


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das mais escolhidas virtudes, que, com o aparecimento do Salvador, estende-se sobre a face da terra a tomar posse, exatamente na hora, em que todos os vícios a inundam. É a humildade que derruba o orgulho, é a caridade que suplanta o egoísmo, é a pureza que defende a inocência atacada.

             Maria Imaculada diante do Século XIX é a vitória completa do espírito sobre a carne, é a emancipação do pecado, da humilhação, da escravidão, a proclamação da dignidade, da nobreza, da grandeza da natureza humana.

             Maria Imaculada, diante do Século XIX é o mais doce conforto dos pobres e dos aflitos. De fato Ela era inocente, por isso não estava sujeita às penas devida à culpa, todavia experimentou a pobreza, as humilhações, as dores mais cruéis, até se tornar Rainha dos mártires.

          Maria Imaculada, diante do Século XIX é salutar lembrança para os ricos a não colocarem o afeto nos bens da terra, mas nos do, céu e a exercerem, para com os pobrezinhos de Jesus Cristo, as obras da caridade cristã. Ela, embora Mãe de um Deus e amada por Ele mais do que todas as criaturas juntas, não foi revestida de outras riquezas, senão as do céu!

          Maria Imaculada, diante do Século XIX estimula os justos a darem grande importância à graça e os pecadores a deixarem o pecado.

             Maria Imaculada, diante do Século XIX é finalmente o íris da paz, chamada entre as discórdias das famílias, entre os tumultos dos funestos acontecimentos, entre o medo e as ameaças dos mais terríveis perigos. 4

 

“A piedosa Medianeira, entre Deus e o Século XIX”.,

 

             Deificando a razão humana, o nosso século proclama que o homem nunca teve necessidade de Redenção, porque nunca caiu e recusa confessar a desordem que interiormente o degrada e rejeita os sacrossantos dogmas da nossa santíssima Religião e os seus divinos mistérios. Portanto, Jesus Cristo não é, para o nosso século, o piedoso Salvador que, com seu sangue, redime o céu e a terra, mas antes, é o grande filósofo, a quem foram atribuídos caracteres da Divindade. A terra, para nosso século não é o caminho para a felicidade, mas é o paraíso da felicidade; a matéria não é escada para melhor


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subir no conhecimento de Deus, mas é o fim de suas esperanças. Sua única ocupação é a de subjugar a matéria, de transformá-la, de não ver nada, não esperar nada, de nada admitir além da matéria. Enquanto, com o telégrafo e com o vapor as distâncias do mundo da natureza sempre mais se aproximam, as do mundo da graça, sempre mais se distanciam. Enquanto a luz elétrica ilumina vagamente a escuridão da noite, a suavíssima luz da fé descamba sobre a sociedade civil.

          Portanto, ó diletíssimos, quem sanará esta chaga horrenda do nosso infeliz século? Quem reconduzirá este filho pródigo à casa de seu Pai? A piedosa Medianeira de paz e de perdão entre a natureza e a graça, entre Deus e o século XIX; será Aquela que é o milagre mais belo da natureza, a obra mais perfeita da graça, Aquela em cuja pessoa a natureza e a graça, o natural e o sobrenatural, a ciência e a fé se unem e se entrelaçam em sumo grau, de modo estupendo. Aquela enfim, única, que se pode dizer Imaculada (...).

          A definição dogmática da Imaculada é a condenação mais decisiva da incredulidade moderna; é a afirmação mais solene da ordem sobrenatural e de todos os valores que se lhes referem. Não se pode acreditar, Maria concebida imune do pecado original, sem professar o dogma da Criação, da Redenção, da Santificação, sendo o mesmo que confessar ter o divino Pai criado a alma de Maria em estado perfeito; tê-la o Verbo divino resgatado de modo totalmente distinto de todos os filhos de Adão; tê-la o Espírito Santo adornada, com seus dons mais excelsos. Não se pode acreditar que Maria tenha sido concebida imune de toda culpa original, sem engrandecer a Bondade divina, que a separou da massa corrupta de todo o gênero humano; a sabedoria divina que a elegeu segunda Eva, para reparar os danos causados pela primeira, a toda a natureza humana; o Poder divino, que venceu, de modo glorioso, a Lúcifer.

          Não se pode acreditar Maria preservada imune do pecado original, sem professar a plena liberdade de Deus sobre tudo o que existe fora d’Ele e seu absoluto domínio sobre a natureza, sem tributar submissão à sua infinita Santidade, como a inimiga irreconciliável de todo pecado. Finalmente, não se pode acreditar Maria preservada, imune da primeira falta, sem professar submissão plena da inteligência e do coração, à Igreja Católica, que tal nos propõe a crer.5


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“O século da Imaculada.”

 

           Nosso século teve vários nomes. Uns o chamaram o século das luzes e do progresso, outros o século do telégrafo e do vapor. Estes, o chamaram o século das ciências químicas e matemáticas; aqueles, o século das discussões e da liberdade. Nós o chamaremos o século da Imaculada! Sim, os outros nomes poderão ser um dia contestados, poderão cair no esquecimento, este nunca. E certo, ó diletíssimos, em que século, mais que no nosso, foi ou poderá ser tão universal, tão vivo, tão apaixonado, o afeto para com a Imaculada Mãe de Deus? 6

 

“Mãe da Consolação.”

 

           Amor com amor se paga. E que amor é mais delicado e mais eficaz do que aquele que Maria nos dedica? Maria é nossa Mãe. Esta palavra, que no curso de quase vinte séculos foi suficiente para suscitar tantas aspirações, enxugar tantas lágrimas, mitigar tantas dores, ah! que seria se fosse, plenamente, compreendida? Mãe de Jesus, porque O concebeu no seu seio, Maria é a nossa Mãe, porque nos concebeu no seu coração. Mãe de Jesus por natureza, é nossa Mãe, por adoção. Mãe da cabeça, e é de todos membros. Mãe do Redentor, é Mãe também dos redimidos, concebeu o Redentor para a vida, no tempo, para gerar os homens para a vida, na eternidade. Maria é nossa Mãe, e de tal modo, nossa Mãe, que por isso, é justamente, Mãe de Deus; por nós homens... encarnou-se por obra do Espírito Santo, em Maria Virgem. Maria é nossa Mãe e para que ninguém jamais chegasse a duvidar absolutamente, eis Jesus mesmo a assegurar-nos por seus próprios lábios, no alto da Cruz, no último suspiro, isto é, no momento mais solene de sua vida mortal: Eis tua Mãe.

             Chamamo-la Mãe de Misericórdia; é o mesmo que dizer: Mãe de Consolação. É o seu título de rainha. Salve Rainha. Mãe de Misericórdia, porque ela derrama sobre nossas misérias, todas as riquezas do seu coração de Mãe. A miséria é a ignorância e o erro fonte de nossos desvios. A miséria é a tentação, misteriosa agonia e nossas forças espirituais. A miséria é o pecado, morte da graça, aviltamento da nossa natureza e escravidão da liberdade. A miséria é angústia do espírito, é aflição do coração. A miséria é a privação das coisas necessárias à vida, a doença e a enfermidade do corpo.


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A miséria é a perseguição dos maus, a injusta opressão aos fracos e desventurados. Pois bem, para todas estas misérias existe o remédio no Coração de Maria. Luz, força, perdão, encorajamento, conforto, assistência, proteção, saúde, tudo podemos pedir e tudo esperar de nossa Mãe do Céu: Mãe de Consolação, causa da nossa alegria. 7

 

“Vivamos como viveu Maria.”

 

Maria chegou a sentar-se no trono da divindade, mas embora Mãe de Deus, ela mesmo não teria chegado lá, sem méritos. Foram os seus méritos e virtudes, que a exaltaram a tamanha glória e nada, senão méritos, poderá conduzir-nos também ao céu. Vivamos, como viveu Maria. Imitemos Maria conforme a medida da graça que Deus nos dá; a seu exemplo peçamos a Deus por intercessão de tão augusta Senhora, sermos fervorosos, na oração, humildes nas palavras, nos afetos, resignados ao querer divino, nas tribulações, cheios de amor por Deus e de caridade sincera, para todos os nossos irmãos, restituindo sempre a todos o bem, pelo mal, zelosos pela glória de Deus, pelo triunfo da Igreja, e de seu chefe infalível, operosos e prontos segundo os ditames da fé, a selar mesmo com o nosso sangue, as grandes verdades, que Deus na sua misericórdia nos ensinou. 8

 

“A devoção à SS. Virgem deve ser sólida.”

 

          Considerai que a devoção à SS. Virgem deve ser sólida, isto é, não deve ser uma devoção superficial e leviana, que acaba na exterioridade de poucas práticas; mas deve conduzir-vos a purificar a alma dos defeitos e enriquecê-la de virtudes. Um terreno, ainda inculto, pode se transformar em delicioso jardim, mas é necessário antes arrancar os abrolhos e as ervas daninhas e plantar flores escolhidas; a isto deve conduzir-nos a devoção, para ser sólida. Talvez, vos custará algum sacrifício, não há dúvida, mas no final conseguireis, porque a Virgem bendita, vos vendo lutar e cansar, para agradá-la, vos será generosa com sua ajuda, em todos os ataques que as paixões e o demônio vos fizerem. Nestes encontros, voltai-vos a ela, no íntimo do coração, protestai-lhe que quereis da antes morrer, que ofender o seu Filho bendito, e não temais, a vitória será vossa. (...)


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             O mesmo cuidado de agradar à Virgem, deve animar-vos a exercer a vossa alma de suas virtudes. Se a amais, não vos será porque o amor impele à imitação e produz semelhança. Fixai os olhos nas virtudes de Maria, observai como ela se regula, e esforçai-vos por retratá-la, em vós mesmos. (...)

             Se vos encontrais na Igreja, pensai em Maria no Templo; em casa, pensai em Maria em Nazaré, se à mesa, Maria nas núpcias de Caná: em todas as ações particulares, podeis, pensando nela, copiar suas virtudes. 9

 

“Sede devotos do rosário.”

 

             Mediante o Rosário, conseguiu-se em todos os tempos, os mais assinalados favores, e as mais grandiosas vitórias! Personagens ilustres por nascimento, por doutrina, por renome, por santidade: Pontífices, bispos, reis, príncipes, capitães, guerreiros, magistrados, juízes, doutores, mestres nas ciências, nas letras, nas artes, fizeram do Rosário sua mais cara delícia! A devoção ao Rosário tornou-se a devoção de todos os tempos, de todos os lugares, de todas as condições, de todas as idades, de todas as línguas; a rainha das devoções, da devoção universal! Que maravilha, se os Sumos Pontífices, a enriqueceram de muitas indulgências, privilégios e favores! (...)

             Recitemo-lo com fé, com humildade, com devoção, com perseverança. Recitemo-lo, cada dia. Muito unidos, para usar uma frase de Tertuliano, a multidão compacta, em torno do trono de Deus e fazendo-lhe doce violência, não veremos nós também o prodígio admirado por Santo Agostinho: subir as orações do homem, descer  a misericórdia de Deus?

             Sejamos devotos do Rosário, ó diletíssimos. Estimai-o, como estimaram-no nossos pais. Vós, especialmente, ó pais, abri com ele cada noite, em vossas famílias, uma escola de sabedoria cristã. Fazei com que os vossos filhos, meditando os mistérios, repetindo aquelas orações vocais, pensem no amor de Deus, de Jesus Cristo, de Maria. Aprendam que Deus é amor, que se doa para a nossa salvação. Jesus Cristo é amor, que se imola. Maria é amor, que ajuda. Ah! que em meio a tantas vozes, que se esforçam para encurvá-los para a terra, exista uma voz potente que eleve ao alto os corações e os faça enamorarem-se pelo céu. 10


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“Recolhei-vos cada noite para recitar o santo rosário.”

 

             Diante da cara e venerada imagem da Sagrada Família, recolhei-vos cada tarde, juntos, pais e filhos, para recitar o Santo Rosário, como era pio costume de vossos antepassados. Oh! a oração, na qual se confunde o trêmulo acento do velho, com o ingênuo balbuciar da criança! A oração feita pela família diante daquela imagem, subirá como perfume agradável, até o trono do Altíssimo e se converterá em chuva de toda espécie de graças. De fato, se Jesus mesmo nos ensina, que, onde estão dois ou três reunidos, no mesmo espírito de oração, para pedir em seu nome, qualquer dom ao Pai celeste, Ele se encontra no meio deles; como não se encontrará em meio à família cristã, quando está toda recolhida a rezar? O céu e a terra passarão, mas não passará a promessa do Salvador. De tal ato de culto, emanará a cada membro da família, luz para a inteligência, movimento para o coração, força para a vontade e em breve tempo, destruído todo afeto pernicioso do esquecimento de Deus e de sua lei, a sociedade doméstica florescerá na abundância da paz e influirá, poderosamente, sobre o bem-estar da sociedade. 11

 

“Que me ensine o amor a Deus.”

 

             Acabou-se por este ano? Não descereis mais? Uma visita à nossa caríssima Mãe, por penitência e toda por mim, que tenho tanta necessidade! Dizei-lhe que me ensine o Amor a Deus, o Amor à Cruz, o Santo abandono à Vontade divina, a morte ao mundo, a morte ao meu coração, a tudo. Se me obtiveres esta graça, então serei feliz mesmo. 12

 

 




1. Homília da Assunção, 1881 (AGS 3017/1).



2. Id., 1882.



3. Homilia de Pentecostes, 1900 (AGS 3016/6).



4. Recordando o primeiro faustíssimo Jubileu da definição dogmática da Imaculada Conceição de Maria Santíssima. Placência, 1879, pp. 25-28.



5. Id., pp. 7-11.



6. Id., 20.



7.  Discurso pela coroaçao de Nossa Senhora da Consolação de Bedônia, 7-7-1889 (AGS 3017/2).



8.  Homilia da Assunção, 1887 (AGS 3017/17).1C



9. Encerramento do mês de maio de 1870 (AGS 3017/2).



10.   “O Santo Rosário”, 7-10-1894 (AGS 3017/2).



11.           A família cristã, Placência, 1894, p. 22.



12.           Carta ao Reitor do Seminário e do Santuário de Bedonia, (Arquivo do Seminário de Bedonia.) 13-9-1892.






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