Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Congregações Scalabrinianas dos Missionários
e Missionárias de São Carlos
Scalabrini Uma voz atual

IntraText CT - Texto

  • SEGUNDA PARTE       HOMEM DA IGREJA E PARA A IGREJA
    • 1.  A IGREJA
      • a)  CONTINUAÇÃO DA ENCARNAÇÃO
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para ver os links de concordâncias

- 97 -


a)  CONTINUAÇÃO DA ENCARNAÇÃO

 

“A Igreja é a extensão da Encarnação no decorrer dos séculos.”

 

Igreja é a extensão moral da Encarnação, no decorrer dos Séculos. Assim como em Cristo, a humanidade e a divindade, embora distintas, são intimamente unidas e inseparáveis, assim a Igreja, que O representa, continua a sua obra, produz os mesmos efeitos sobre-humanos; é ao mesmo tempo divina e humana. Mais claramente: a Igreja considerada quanto ao seu fim é uma sociedade espiritual, destinada à santificação e salvação eterna das almas; tem todavia uma parte material, visível e externa, principalmente em razão dos membros que a compõem, isto é, dos homens que não são puros


- 98 -


espíritos, mas seres compostos de alma e de corpo. Como a missão reparadora do Homem-Deus, entendida como resgate e salvação das almas, foi sob as formas corpóreas e sensíveis da encarnação, pregação, paixão, morte, ressurreição, assim em formas materiais e sensíveis, Ele quis ligar os atos de sua religião e os meios ordinários de santificação: culto, magistério, Sacramentos. Por isso nesta sociedade religiosa discerne-se uma parte espiritual, definida como alma da Igreja. É a que vivifica, informa e encaminha todos os membros místicos e coloca-os em comunicação com seu Divino Chefe e entre si, e opera aquela feliz reciprocidade de méritos e de riquezas, chamada comunhão dos Santos, que abraça todos os justos e amigos de Deus, não só peregrinos no mundo, mas também os que, superada a carreira mortal, já chegaram à pátria, ou temporaneamente estão detidos no Purgatório, purificando-se de suas culpas.

          Desta comunhão dos Santos faz parte tudo o que a Igreja possui de interno e espiritual: a fé, a caridade, a esperança, os dons da graça, os carismas, os frutos do Divino Espírito e todos os tesouros celestes, que pelos méritos de Cristo Redentor e de seus servos, lhe são derivados.

          A outra parte forma o corpo da Igreja, que consiste no que ela tem de visível e externo, ou seja, as associações dos congregados, culto, ministério do ensino, em sua ordem e diretrizes externas.

          A maneira como estas duas partes essenciais, que constituem a Igreja, são inseparavelmente unidas entre si, como o é a alma ao corpo, assim entre membro e membro, pela caridade deve reinar tal harmonia e reciprocidade de serviços que visibilizem a imagem da unidade, da qual consta o indivíduo físico, como o descreve o Apóstolo dizendo que “de Cristo cabeça, todo o corpo coordenado e unido por conexões que estão ao seu dispor, trabalhando cada um conforme a atividade que lhe é própria, — efetua esse crescimento, visando sua plena edificação na caridade.” 1

 

“A Igreja é a verdadeira imagem do seu fundador.”

 

             A vida da Igreja emana. diretamente de um princípio divino, que informa e governa o seu organismo humano, a totalidade dos fiéis, no qual se posiciona, sublimando-a. Assim, a sociedade de natureza inteiramente


- 99 -


diversa das outras, porque sociedade terrena-celeste, portanto verdadeira imagem do seu Fundador, Homem e Deus ao mesmo Tempo.

Ela é quase viva encarnação de Cristo na terra, uma continuação de sua vida mortal; Jesus Cristo difundido e comunicado, em toda a sua plenitude. De fato a vida da Igreja é radicalmente o espírito de Deus, segundo o apóstolo: Embora muitos, somos um só corpo em Cristo: este tudo opera num mesmo Espírito. 2

 

“A Igreja é a continuação perpétua da obra do Redentor.”

 

             A Igreja é a depositária e a dispensadora dos Sacramentos, continuação perpétua da obra do Redentor e do Santificador dos homens, sobre a terra. A Igreja tem as chaves deste canal; por meio dos Sacramentos, Ela haure do seio de Deus a graça santificante e derrama-a na alma do cristão (Is 44,3). Que dom inestimável, fez-nos Jesus Cristo, ao fundar aqui na terra a sua Igreja e em ter-nos feito crescer no seu seio? É no seu seio que Ele distribui seus carismas. Objeto de suas complacências, pupila de seus olhos, palpitar do seu Coração, a Igreja é sua única pomba, a única sua perfeita esposa e irmã ao mesmo tempo (cant. passim). Saiu do seu lado aberto, purpureada com seu divino sangue; é santa e imaculada (Ef 6,25).

             Oh! Igreja, oh! Igreja, quanto sois querida de Jesus! Felizes somos nós por sermos teus filhos! Na Igreja temos tudo o que pode nos guiar à salvação eterna; fora dela, obscuridade, desolação e morte. 3

 

“Jesus Cristo se retratou na sua Igreja.”

 

Na criação do universo Deus estampou rastros de sua glória, sobretudo na criação do homem que é seu chefe. Ele o fez à imagem viva de seu Ser. Jesus Cristo retratou-se na sua Igreja. Fez o mundo das almas à sua imagem, deu-lhe a unidade, Porque é uno; a santidade porque Ele é santo, a autoridade, porque Ele é o Senhor, a universalidade porque Ele é o Deus imenso, a perpetuidade, porque é o Deus eterno. Como criando os mundos ele Colocou em atividade a força de atração, em torno da qual gravita tudo num centro comum, assim, na criação da Igreja Ele difundiu Sua graça, esta lei de atração espiritual, que também faz gravitar a alma para Aquele, que é o centro comum das inteligências: Deus.


- 100 -


             Colocou na Igreja a sua graça, força profunda que lhe imprime o movimento e a vida.4

 

“Os destinos de Cristo e da Igreja são inseparáveis.”

 

             Os destinos de Cristo e de sua esposa são inseparáveis. O que acontece ao corpo físico e material de Jesus Cristo é prenúncio do que acontece e sempre acontecerá, ao seu corpo espiritual e místico, que é a Igreja. O corpo de Cristo foi entregue às injúrias, aos flagelos, às pancadas; e às injúrias, às pancadas, aos flagelos é entregue a Igreja freqüentemente. O corpo de Jesus Cristo foi suspenso na cruz, agonizou, morreu, foi sepultado; e crucificada, agonizante e quase moribunda aparece, às vezes, a Igreja. Vede: Jesus Cristo sai do sepulcro glorioso, impassível, imortal, exatamente do sepulcro em que seus inimigos acreditam tê-lo sepultado para sempre; e neste momento em que os hodiernos inimigos acreditam apagar para sempre a Igreja católica, ei-la erguendo-se mais gloriosa, mais forte, mais bela do que nunca. 5

 

“A Igreja é um Pentecostes prolongado.”

 

             A Igreja católica teve sua origem no Pentecostes, e por isso ela é um Pentecostes permanente, através dos séculos. Assistida continuamente pelo Espírito Santo, faz ouvir a todos sua respeitável voz; prega as mesmas verdades, ordena os mesmos preceitos. Alguns inclinam profundamente a fronte, adoram e obedecem. Outros, ao contrário, ridicularizam-na e se orgulham de não crer. Por que tal diferença? Por que muitos em nossos dias, mancham sua língua e sua pena, com erros e blasfêmias inacreditáveis e perdem a fé? É porque, seus corações estão manchados. Tal é a sentença infalível de Jesus Cristo (...) a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas que a luz, por isso suas obras são más. É da corrupção que nasce a incredulidade. 6

 

“Somos em Jesus Cristo, um só Corpo.”

 

             Somos em Jesus Cristo um só corpo, e como no corpo humano, nem todos os membros têm a mesma atividade, assim cada membro da Igreja não exerce a mesma função. No corpo humano, a cabeça é colocada no alto,


- 101 -


domina todos os membros, anima-os, dirige-os e os governa. Na Igreja, como corpo místico de Jesus Cristo (...) o Romano Pontífice, cabeça visível deste grande Corpo, tem o governo supremo e universal sobre todos os membros, que se unem a ele. Existem os Bispos, subordinados ao Romano Pontífice, mas governantes supremos da parte do rebanho católico que dele, pastor Universal, receberam para cuidar e dir-se-ia os olhos deste mesmo corpo. Seguem-se os sacerdotes e os outros ministros inferiores que são, por assim dizer, os braços. Por último todos os fiéis que são a plenitude e o complemento.

           Surge assim uma corrente que, partindo do papa, chega ordenada e hierarquicamente até o último camponês, que enquanto conduz penosamente o arado, no seu campo e tem o espírito de Jesus Cristo, sente-se unido, do mesmo modo que nos sentimos unidos nós mesmos, na fé, na caridade, na obediência ao Papa e à Igreja. Oh! quanto desejaríamos que vos deliciásseis freqüentemente, com estes pensamentos, tão belos e comoventes! E não é maravilhoso e comovente o fato desta imensa família de fiéis espalhados por todo o mundo, que recitam o mesmo credo, que se alegram com as mesmas esperanças, que freqüentam os mesmos Sacramentos, que reconhecem o mesmo sacerdócio, que oferecem o mesmo sacrifício, que obedecem à mesma lei, que ouvem a mesma voz do Pai comum? (...)

             E não é doce para vós, ó pobrezinhos, nossos filhos amadíssimos quando vos recolheis, nos dias festivos, no templo, para assistir aos divinos mistérios, não é doce saber que estais em comunhão com todo o mundo, todos filhos da mesma mãe, que todos igualmente, sem distinção de nascimento, de grau e de educação, todos chamados a ganharem, com o exercício das boas obras, a mesma bem-aventurada imortalidade? Não é bom para vós, saber-vos em comunhão de afetos não só com a Igreja, que combate aqui na terra, as gloriosas batalhas do Senhor, mas com aquela que exulta triunfante no céu? Saber que aquilo que acreditais é o mesmo que acreditaram todas as gerações, em todos os séculos? (...)

             Oh! Salve, una, santa, católica, apostólica Igreja! Tu Mestra, tu rainha, tu mãe, tu Corpo místico de Jesus Cristo, vivo nos séculos. De ti vem nossa salvação, nossa glória, nossa paz, nossa alegria, nossa felicidade, nossa vida. Ouviremos a ti nossa mestra, obedecer-te-emos nossa soberana, amar-te-emos nossa mãe, ajudar-te-emos e te defenderemos, como o corpo, do qual somos os membros. 7




1.     União com a Igreja, obediência aos legítimos Pastores, Placência, 1896, pp. 8-10.



2. Homilia de Páscoa, 1879 (AGS 3016/4)



3. Carta pastoral (...) pela Santa Quaresma de 1978, Placência pp. 17-18.



4.             Homilia de Páscoa, 1880 (AGS 3016/4).



5.             Id., 1893.



6.   Homilia de Pentecostes, 1879 (AGS 3016/6).



7. A Igreja Católica, Placência, 1888, pp. 38-40.






Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2007. Content in this page is licensed under a Creative Commons License