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Congregações Scalabrinianas dos Missionários e Missionárias de São Carlos Scalabrini Uma voz atual IntraText CT - Texto |
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f) A IGREJA É SOBERANA
“Devemos obedecer à Igreja porque é soberana.”
Devemos ouvir a Igreja porque é Mestra, e devemos outrossim obedecer-lhe, porque é Soberana. Esta soberania não lhe é conferida pelos homens, mas por Deus, Rei dos séculos, invisível e imortal, Criador e Senhor do céu e da terra. Como o Pai me enviou, disse Jesus Cristo, aos seus Apóstolos, assim eu vos envio, quer dizer: vos mando com a mesma finalidade, com o mesmo mandato, com a mesma autoridade real, sem limites e sem fronteiras, autoridade universal. Esta autoridade é tamanha que não só abraça o universo criado, mas chega até o trono de Deus. De fato, Jesus Cristo acrescenta: tudo o que desligares sobre a terra será desligado no céu, e tudo o que ligares sobre a terra será ligado no céu, o que equivale dizer: qualquer coisa que a Igreja julgue prescrever, seja em relação ao dogma, seja em relação à moral, qualquer lei considerada necessária na ordem da salvação eterna, tudo será aprovado e confirmado no céu, onde são escritas as mesmas leis de Deus. Segue-se que todo julgamento emanado da autoridade da Igreja deve ser considerado pelos católicos como um juízo, uma ordem de Deus. Quem se opõe aos juízos, às ordens da Igreja, quem de qualquer modo, os contradisser, quem os rejeita, opõe-se, contradiz e rejeita a Deus mesmo: quem vos rejeita, a mim rejeita. 37
“Obediência pronta e cordial.”
O Apóstolo São Paulo escrevia aos fiéis de Corinto: “Eu vos peço, ó irmãos e conjuro, em nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, que não existam entre vás divisões, mas que todos penseis, sintais, digais a mesma coisa.” Esta é também a oração que faço por vós, meus caros. Mas como seria possível esta perfeita uniformidade, esta concórdia, sem obediência à Igreja? A obediência, e obediência pronta e cordial, é o melhor sacrifício que se pode prestar a Deus, porque é o holocausto da melhor coisa que possuímos, que é nossa vontade. A obediência é segura; às vezes pode-se errar ao dar uma ordem, mas quem obedece, nunca erra. A obediência é sempre meritória, porque o obediente multiplica as vitórias e os prêmios. A obediência é princípio da ordem, fonte da tranqüilidade e da paz, a razão do poder e da beleza da Igreja. Quem obedece reveste-se de glória, porque torna-se companheiro dos Santos, companheiro da Virgem bendita, imitador de Cristo, que se fez obediente até a morte e morte de cruz. 38
“E absolutamente necessário obedecer aos Pastores legítimos.”
Para ser cristão e salvar-se, não basta ser batizado, não basta professar a fé de Jesus Cristo, não basta também participar dos Sacramentos, mas é necessário, absolutamente necessário, obedecer aos legítimos Pastares; isto é, obedecer ao Papa, ao Bispo, àqueles que são colocados pelo Papa ou pelos Bispos, no governo de nossas almas. Portanto, aquele que não obedecer ao Papa, ao Bispo, ao Sacerdote Católico, poderá ser o que quiser, mas não cristão, menos católico, com certeza. Ele é um orgulhoso, um hipócrita e nada mais; ele está fora da Igreja. Se alguém não está com o Bispo, não está com a Igreja. Assim diz o freqüentemente citado Cipriano. 39
“Prontos a sacrificar tudo, também a nossa vida, antes que faltar ao nosso dever.”
Já se passaram dois anos, de quando o Espírito do Senhor nos enviava a vós, para ser o Bispo de vossas almas. Desde aquele dia, vós tomastes tudo para nós e vos amamos como Pai. Procuramos prover, na medida de nossas forças, às necessidades mais urgentes, também à custa de sacrifícios e foi nossa satisfação, onde houvesse uma lágrima a enxugar, ou qualquer dor a suavizar, ir ao encontro. Mas o vosso crescimento espiritual impulsionava-nos bem mais e não poupamos suores, orações, fadigas para vos incentivar ao bem, para conservar inviolável o sagrado depósito da fé, em vossos corações. Deveríamos ser nesta Diocese o defensor e o guardião do princípio católico. Para obter tal intento, que meios colocamos em prática? Com a voz e com os escritos vos inculcamos, sobretudo a inteira submissão ao Vigário de Jesus Cristo, dando-vos, nós mesmos, o exemplo da mais ilimitada e filial obediência às suas ordens, suas palavras, seus ensinamentos e também a seus desejos, porque o Vigário de Jesus Cristo é que tem a palavra da verdade, e quem o ouve, ouve a Jesus Cristo mesmo. É este o programa que vos propusemos, desde a primeira vez que tivemos a consolação de vos dirigir a palavra, da cátedra da Nossa Catedral e a ele devemos nos ater (...). Até aqui nós nos conduzimos pela norma de tal princípio, que forma e formará sempre, a unidade e a força da Igreja, no governo de vossas almas. Assim, com o auxílio de Deus, nos conduziremos, em cada acontecimento, para o futuro, prontos a sacrificar tudo, até a vida, antes que faltar ao nosso dever. Continuaremos, como sentinelas avançadas da fé, com a assistência divina, a defender entre vós os grandes princípios do catolicismo, contra todos os assaltos; não calaremos a verdade, também quando o não calar a verdade devesse atrair-nos antipatia por parte de outros, porque não é aos homens que devemos agradar, mas a Deus, justo retribuidor das ações humanas. Que é a nossa vida? Sacrificamo-la por vós, e de boa vontade consumi-la-emos entre vós. Sabemos que o Episcopado é um martírio e disto nos lembra a cruz que trazemos ao peito. 40
“Combater até o fim por causa da obediência.”
Se nós não nos sentíssemos fortes assim, para combater até o fim por causa da obediência, não hesitaríamos um instante em pedir Àquele que nos elevou a esta nobilíssima sede, nos permitisse deixá-la, e retirar-nos a um claustro, para chorar nossa fraqueza e nossos pecados. Portanto, apelamos aos sentimentos católicos da imensa maioria de nossos filhos, e também à lealdade de toda pessoa sensata, qualquer que sejam suas opiniões, e lhe perguntamos se é justo, se conveniente, se conforme à razão, o desprezo de quem não quer trair a própria missão e quer se conservar íntegro no próprio lugar, diante de Deus e da Igreja. Deus nos torne dignos de tão grande tarefa. De nossa parte cumpri-la-emos, como no passado, chamando nossos auxiliares ao amor, paciência, mansidão, longanimidade; moderando a força com a doçura, o quanto possível, esta àquela,, porque queremos, como escreve o Apóstolo, ser tudo para todos, para salvar a todos. Sim, ó diletíssimos, a salvação de todos, eis o objetivo de nossos contínuos esforços: por isso as nossas orações, nestes dias, foram e serão especialmente por aqueles que, não por maldade certamente, mas por ímpeto inconsiderado, chegaram a nos atingir, com afrontas e com insultos. De resto, podemos vos assegurar que nós, com calma e tranqüilidade de quem sabe ter cumprido conscienciosamente o próprio dever, no momento de maior insegurança para os bons, perdoando-lhes as injúrias, recomendando-os a Deus e abençoando-os de todo coração, magoado unicamente pelas ofensas a Jesus Cristo em nossa pobre pessoa. Veneráveis párocos, nossos caríssimos irmãos de ministério, tomai conhecidos, vos suplicamos, estes nossos sentimentos aos fiéis confiados a vossos cuidados e dizei-lhes que rezem pelo seu Bispo, que tem tanta necessidade do auxilio divino e assegurai-lhes que ele não deseja senão vê-los perseverar, no bem em doce troca do grande sacrifício que fez, em tornar-se fiador, diante de Deus, da sua salvação. 41
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37. A Igreja Católica, Placência, 1888, pp. 14-15. 38. União com a Igreja, obediência aos legítimos Pastores. Placência, 1896, pp. 3 1-32. 39. Id., pp. 18-19. A Carta Pastoral foi escrita por ocasião do “cisma do Niraglia” (cf. Biografia, pp. 872-905). 40. Carta Pastoral de 23-1-1878, pp. 1-5. A carta foi escrita depois do assalto dos anticlericais que o Bispo sofreu por ter obedecido às ordens de S. Sé, por ocasião dos funerais de Vitório Emanuel II (cf. Biografia, pp. 624-628). 41. Id., pp. 5-7. |
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