Vida das obras. Cooperação dos irmãos na
imprensa religiosa. Paciência nas dificuldades. Utilidade da provação para o
Instituto e para as obras. Funerais do irmão Philibert.
Vaugirard,
29 de março de 1867
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
Vou
responder às suas duas últimas cartas, mas é amanhã sábado, tenho muito a fazer
e a escrever; você terá, portanto, apenas uma palavra breve, senão seca, o que
não convém entre nós.
Para
seu sermão, não atingiu seu objetivo para sua obra, mas, se fez algum bem espiritual,
não se deve lamentar nada. Sabe que, salvo razão bem extraordinária, não
pregamos nas paróquias de cidades.
O
artigo da Semaine Religieuse é conveniente, a comunidade está apagada
nele, como cabia-nos fazer. Essa publicação local me parece ser bastante bem
feita e deve ter seu interesse.
Para
a cooperação à feuille d’Angers, é preciso esperar um pouco para
conhecer-lhe a cor: sua direção nominal foi oferecida ao Sr. d’Arbois que
recusou, não tendo a folga de cuidar disso. Acho que será conveniente, mas não
é fácil tornar um tal escrito interessante numa esfera tão restrita. Você lê l’Ouvrier
? O Sr. Maignen escreve ali regularmente, às vezes bastante bem.
Disse-lhe,
na sua última visita em Vaugirard, que podia aplicar às necessidades de sua
casa os 500f
oferecidos pela Sra. sua mãe, com a condição de usá-los economicamente.
As
rendas espanholas estão à venda no agente de câmbio. Acho que o Sr. Lantiez
(notário em Deuil, perto de Enghien, Seine et Oise) não se empenhava em
negociar uma tão triste operação. Disse (muito justamente, é verdade) a seu
irmão que cada um de nós podia fazer essa operação, o único cuidado a tomar
sendo ver o agente de câmbio. Teme que não se tire dela muito mais de 200f. O Sr. Georges [de
Lauriston] irá ver a Sra. Cottu de sua parte.
Acho,
como você, que uma viagem bem pequena fará bem ao Sr. Trousseau. Medirá a coisa
segundo a necessidade.
Fico
comovido pela bondosa lembrança da Sra. sua mãe. Não vejo muito que tenha as
ocasiões de me encontrar com ela. Mas me parecera ter guardado um pouco de pena
da recusa que tinha feito outrora, um pouco francamente demais sem dúvida, de
entrar nas suas vistas no que tocava à sua união conosco. Será para mim um
consolo vê-la voltar sobre essa impressão. Tenho uma tão elevada idéia de seu
caráter, de sua bondade, de sua piedade e de sua dedicação que sofreria por
estar fora de suas simpatias.
Entro
nas suas dolorosas solicitudes de mãe neste momento, como você mesmo pode
fazer, e continuo recomendando fielmente seu caro irmão às orações de nossa
comunidade.
O
pensionato produz poucas vantagens materiais, é verdade, mas faz um peso moral
para sua casa. Faz também um bem real para os alunos que têm aí um abrigo
cristão e um ensino honesto: é alguma coisa neste tempo. Paciência, Deus nos
conduzirá. Recebamos, sem nos preocupar com o dia de amanhã, nossas provações,
nossas insuficiências, nossas fraquezas. Tudo isso humilha e Deus se compraz
entre os fracos e os pequenos. Há também nisso, como diz muito bem, uma
excelente Quaresma, sem prejuízo para o estômago. Enfim, você pensa como nós
que se, em seus começos, nossas obras não fossem marcadas com o selo da cruz,
se não tivéssemos muitas provações e trabalhos, não teríamos os sinais
ordinários da bênção de Deus e as promessas de uma base firme e duradoura para
o futuro, no serviço de Deus.
Adeus,
meu caríssimo amigo. Encoraje, fortaleça seus irmãos. Somos todos fracos e
todos necessitamos do auxílio de Deus e de nossos irmãos.
Mil
afeições a você e a todos.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
P.S.
Conduzimos, na quarta-feira, nosso caro irmão Philibert à nossa sepultura de
Chaville. A cerimônia foi simples e comovedora, sem estranhos, exceto duas ou
três pessoas de Chaville e a mãe do caro defunto. Estávamos, quanto a nós,
reunidos em grande número, todos, acho. Missa em nossa capela de Vaugirard e
ofício dos mortos na igreja de Chaville; nosso irmão Olivier [Urvoy de S t
Bédan] não está mais sozinho.
|